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Numero da Ação: 12890
Titulo da Ação: Semana de História 2015
E as modalidades que participou: participante geral, autor de trabalho, participante de modalidade, ministrante, comissão organizadora.

Atenciosamente,
Comissão Organizadora.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 13

Programação de Comunicações Orais

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OH)

Grupo de Trabalho 13: História & Linguagens Artísticas: Discursos, Perspectivas e Métodos em Diálogo.

Coordenadoras: Cássia Abadia da Silva & Elidiane Silva Ferreira

Dia 10/06/15 – Quarta-feira (14h-18h)

Bloco 1: Entre páginas de jornais, versos e experiências teatrais: em cena a cultura brasileira

 

1 – LOHANNE GRACIELLE SILVA

“A Imitação da Rosa”: Beleza, Corpo e Moda em Clarice Lispector

 

Clarice Lispector esteve ao longo de sua jornada artística ligada ao jornalismo, em um período que não encontra espaço para publicação literária, teve ampla participação na imprensa. No ano de 1952, atua como “colunista feminina” no Jornal Comício: um semanário independente. Assina a coluna, publicada semanalmente com o título “Entre mulheres”, utilizando o pseudônimo Tereza Quadros. Apesar do nome da coluna sugerir uma publicação restrita as mulheres, Clarice escreveu sobre diversos temas – receitas culinárias, moda, comportamento  –  dentre estes, utilizou o espaço para publicação de contos ou de fragmentos de outros textos retomados em sua literatura. Pretendo neste trabalho, analisar os textos e imagens utilizados pela autora na coluna, em especial dedico-me a observar as colocações que fez a respeito da moda em sua época, onde o “new look” estava em evidência. Destaco também a representação acerca do corpo feminino nesse espaço, corpo que deve estar disciplinado de acordo com os modelos vigentes. O trabalho faz parte de um percurso inicial para entender a ambivalência da produção de Lispector, e principalmente compreender, qual o movimento em que os textos da artista, antes rejeitados para publicação, percorrem para que sejam incluídos na Instituição Literária.

2 – LÍGIA GOMES PERINI

Ói Nóis Aqui Traveiz nas Páginas dos Jornais: História e Recepção do Teatro Contemporâneo

 

Este trabalho tem o propósito de contribuir para os estudos que buscam convergências entre história e teatro a partir da leitura e reflexão sobre a maneira pela qual os espetáculos do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, especialmente aqueles apresentados entre 1978 e 2011, foram lidos pelos jornais, nos fornecendo pistas de como as peças foram recebidas no momento em que foram encenadas. Pretendemos perceber as representações fabricadas sobre os espetáculos e o grupo por um tipo específico de público que deixou para a posteridade indícios da história da trupe gaúcha. Ao mesmo tempo, perguntamos qual o lugar do teatro político contemporâneo nas páginas dos jornais e na História do teatro brasileiro.

 

3 – HELOISA MAFALDA BENANTE CACIQUE

O Caso dos Irmãos Naves: O Maior Erro Judicial Brasileiro à Luz do Espetáculo Teatral do Grupo Emcena

Em 1937 na cidade de Araguari – MG, os irmãos Joaquim e Sebastião Naves foram acusados de terem cometido o crime de latrocínio: roubo seguido de morte, contra o próprio primo Benedito Caetano. O Estado Novo presidido por Getúlio Vargas e recém-inaugurado naquele ano não permitia “crimes” não esclarecidos, desta forma foi designado para solucionar o caso, o Tenente Francisco Vieira, um militar truculento e experiente em retirar a “verdade” dos réus. Tanto os irmãos Naves, quanto sua mãe e esposas foram torturados por meses a fio, até que os réus confessassem finalmente o crime. Somente em 1952, após terem cumprido pena, é que foi concluído que os irmãos Naves eram inocentes e que sequer havia ocorrido um crime, pois Benedito Caetano: o “morto-vivo”, como ficou conhecido estava vivendo e trabalhando na cidade de Nova Ponte – MG. A história dos irmãos Naves ficou registrada como o maior erro do judiciário brasileiro, o advogado de defesa da família João Alamy Filho escreveu em 1960 a obra: O caso dos irmãos Naves: o erro judiciário de Araguari, relatando parte dos autos processuais, o abuso cometido pelo Tenente Vieira e a tragédia sofrida pela família Naves. A obra de Alamy foi uma das bases para a montagem do espetáculo teatral do Grupo EmCena, cujo integrantes também são da cidade de Araguari – MG. O espetáculo iniciou sua trajetória no ano de 2006, sob a direção de Tiago Scalia e Fernando Mikael. Sucesso de público em toda a região do Triângulo Mineiro, a encenação remonta os principais fatos ocorridos com a família Naves a partir do ano de 1937, o qual o “suposto crime” teria acontecido. Os diretores preocuparam em recriar peculiaridades da personalidade dos personagens, buscando preencher importantes lacunas para a compreensão de alguns fatos. A iluminação se destaca por uma gelatina amarela, que procura reproduzir a “sensação” de época, um dos mais importantes momentos do espetáculo são as cenas chocantes de diversas torturas que os irmãos sofreram. A trilha sonora é composta de sucessos musicais do período da ditadura militar brasileira, buscando uma associação entre a ditadura varguista e a militar. De fato, o espetáculo do Grupo EmCena é engajado, denunciativo e cumpre um importante papel social ao (re) significar essa tragédia.

4 – GABRIELA DE ARAUJO OLIVEIRA

Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come: Arte e Política no Brasil Pós-1964

A escrita da história passou por uma transformação significativa a partir do século XX, principalmente com a fundação da Escola dos Annales. Desse modo, o campo de pesquisa do historiador se modificou, abrangendo novos documentos, fontes, ou seja, o modo de pesquisar a história. As Peças Teatrais, por exemplo, se tornam fonte para o historiador. Desse modo, minha pesquisa desenvolvida na Iniciação Científica visa compreender e pesquisar sobre a vida de Ferreira Gullar e a peça Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come de Ferreira Gullar e Oduvaldo Viana, sendo Ferreira Gullar um intelectual engajado. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come se insere no contexto político e artístico brasileiro na década de 1960 e 1970, sendo assim necessário levar em conta a posição política do autor e até mesmo cultural que ele buscou mostrar junto a seu parceiro. Analiso em um primeiro momento a peça teatral, e a historiografia sobre teatro. O que mais chama atenção, é que a peça inteira é escrita em versos para que o público entenda, onde os personagens contam a sua história. Para Bissett, Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come possui características do teatro de Brecht, porque há um distanciamento do público em relação ao emocional dos personagens e da peça, onde a partir do cordel o humor e a sátira são elementos fundamentais. Busco levantar documentos sobre  Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come de Ferreira Gullar, para entrar em detalhes sobre a sua trajetória – social, política e cultural – no período da ditadura militar e pós a mesma. Os documentos artísticos dessa forma, são fonte para o historiador, pois nelas estão contidas sentimentos, opiniões, críticas, posicionamentos sobre uma época ou um fato em que os autores estão retratando.. O que posso ver na obra de Ferreira Gullar, é que sua principal preocupação é de cunho social, político e cultural, principalmente na forma em que ele aborda seus personagens, como por exemplo o patronato.

5- ELIDIANE SILVA FERREIRA

O Exílio Gullariano e seus Percursos: Entre os Versos e os Avessos

 

O exílio é um corte com o mundo social, afetivo, cultural e político. O exilado se priva do convívio com os amigos e familiares, tem que lidar com uma gama de sentimentos e controvérsias internas, que muitas vezes os levam ao extremo, além de ter de se adaptar quando for o caso, a outras culturas e línguas. É uma experiência tanto social como coletiva, nos falam de sentimento que foram decorrentes das situações vivenciadas por aqueles que se encontram ou se encontraram nele envolvido. Por conseguinte, analiso os poemas escritos por Gullar no contexto do exílio que oferecem um testemunho expressivo acerca de seu sentimento de solidão, inserido em um mundo ao qual não lhe é permitido a liberdade de expressão. Salientando como o enfrentamento do isolamento permitiu ao poeta encontrar a sua singularidade, o seu rigor e estilo.

6 – ROCHELLE GUTIERREZ BAZAGA

O Uso das Charges como Fonte: Múltiplas Possibilidades e Caminhos Historiográficos

O presente trabalho tem por objetivo participar do debate historiográfico sobre o uso do jornal e das charges como fonte para a história ;  posicionando a charge como mais um código para a produção político cultural, afirmando o caráter universal da charge, e o alcance da sua representação e ainda sobre as possibilidades e caminhos do trabalho com as charges.

Bloco 2: Da imagem parada a imagem em movimento: fotografia e cinema

7 – MIRIAM MENDONÇA MARTINS

História e Fotografia: Um Debate entre Roland Barthes, Jacques Rancière e Walter Benjamin Sobre a Natureza Artística da Imagem Fotográfica

Roland Barthes e Walter Benjamin consideram que a fotografia não é uma produção artística. Partindo do princípio de que a imagem fotográfica é um testemunho do real no estado passado, tais autores alegam que a foto, assim como a História, serve para salvaguardar a lembrança dos fatos que aconteceram e dos personagens que um dia existiram. Neste sentido, Barthes e Benjamin atrelam a imagem fotográfica a uma visão positivista da História, ao considerarem que tanto o discurso historiográfico quanto a imagem fotográfica devem fornecer pistas verdadeiras sobre a realidade dos tempos passados. Dessa forma, ambos os autores acreditam que a aura da fotografia está    atrelada à possibilidade de retratar os rostos ou corpos humanos. Quando a fotografia deixa de ser um mero retrato (testemunho) dos antepassados, ela se torna, para os autores, um dispositivo de reprodução comercial de imagens. Para Barthes e Benjamin as sociedades modernas perderam a capacidade de conceber sua duração, na medida em que foram constantemente inundadas por todo e qualquer tipo de imagens. Jacques Rancière, filósofo francês, discorda terminantemente das ideias de Barthes e Benjamin sobre a relação da História com a Fotografia. Para Rancière não são as imagens que estão em excesso, mas sim o número de pessoas que querem explicar o que elas significam. Diante disso, o filósofo francês desqualifica todo e qualquer discurso que se julga competente para explicar o que a arte, as imagens, a História e as fotografias, representam. Abolindo toda hierarquia do entendimento sobre a sensibilidade, Rancière analisa a História e a Fotografia a partir do que ele chama de regime estético das artes. Tendo isso em vista, tal autor considera que a fotografia é uma produção artística que não está necessariamente atrelada ao passado e não representa a verdadeira realidade dos fatos acontecidos. Assim, Rancière entende que o que liga a História e a Fotografia é o fato de que ambas nasceram no interior de uma revolução estética.

8 – CÁSSIA ABADIA DA SILVA

A representação do “outro” à luz da obra cinematográfica Orações para Bobby

Tendo em vista as possibilidades da obra arte para construção da pesquisa e do conhecimento histórico é que proponho esse trabalho, pautado pela a instigante relação História e Cinema. Nossa finalidade é analisar como construímos representações acerca do “outro”, esse “outro” aqui se trata do homossexual, sujeito social que luta para ser reconhecido e respeitado os seus direitos frente ao preconceito e a intolerância.

Assim escolhemos a obra cinematográfica Orações para Bobby, apesar da sua recepção pelos meios “convencionais” ter sido restrita, ele teve uma ótima circulação na internet, tendo milhares de pessoas o assistido de diversas parte do mundo, aqui no Brasil assim como em outros lugares ele não chegou ao cinema, sendo possível assisti-lo pela internet ou por meio de atividades e locais alternativos.

Muito embora a obra não tenha uma alta qualidade em relação à fotografia e outras coisas mais, a forma como a narrativa se empreende é muito interessante e sútil, além disso, apresenta uma linguagem clara e de fácil compreensão, o que nos permite trabalha-lo com qualquer público, principalmente com adolescente, enfim consideramos e esperamos que essa proposta possa suscitar um ótimo debate.

Dia 11/06/15 – Quinta-feira (14h – 18h)

Bloco 3: Encontros entre Clio e Calíope: múltiplos olhares e abordagens

 

9 – MARIANE MUNDIM BORGES

Exílio em A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera

 

Edward Said, em seu ensaio Reflexões sobre o Exílio, nos lança uma informação inquietante ao afirmar que a vasta maioria da literatura, bem como outras manifestações artísticas e culturais produzidas no século XX, são produções humanas marcadas por contextos de exílio. Basta lembrarmos os terríveis totalitarismos, imperialismos, ditaduras e as duas grandes guerras que balizam esse século para nos dar conta, não sem certa angústia, da legitimidade desta informação. Contudo, o que a priori gera desconforto, com a leitura integral do ensaio de Said, tem-se a possibilidade de enxergar a condição de exilado sob um novo prisma. Ao invés de somente uma condição de isolamento, angústia e solidão, o exílio parece ser o “desconforto” oportuno que submete, beneficamente, artistas e intelectuais a uma pluralidade de contextos; pluralidade esta, que é bem-vinda, quando se trata de criações e manifestações artísticas.

É indo ao encontro da percepção de Said que elenco a obra A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, como objeto de estudo. Levando- se em conta a trajetória pessoal de seu autor, um sujeito que é contemporâneo de boa parte das situações extremas citadas por Said, é lícito situá-lo na categoria de escritor exilado que, portador de nacionalidade tcheca, encontrava-se em situação desconfortável em decorrência da invasão russa, no ano de 1968, em sua pátria natalícia. Por consequências da citada tirania, Kundera se exila na França no ano de 1975, e lá ainda permanece.

Publicado em 1982, na França, A Insustentável Leveza do Ser tem sua trama gravitando em torno de quatro personagens, num enredo que mescla o erotismo, tão característico de Kundera, com a situação política e social de uma Tchecoslováquia (hoje, República Tcheca) reprimida e barrada em seu processo de instalação de um socialismo democrático. Os personagens da obra são representações de muitos sujeitos reais, contemporâneos à invasão russa, e, em muitos casos, compelidos a situações de exílio.  A narrativa Kunderiana exemplifica ainda, aquilo que Said nomeou como consequência benéfica do exílio: obrigando os sujeitos a viverem em um novo contexto, impedidos de retorno, o exílio aumentaria suas capacidades criativas, bem como, privando-os de segurança os incitaria à criação de um lugar de refúgio que não substitui, mas ameniza a dor e vazio agudo por não se encontrar mais “em casa”, na pátria de nascimento. Semelhante lugar seria a escrita, e isto explica tantos exilados que tornam-se escritores.  Ou ainda, é significativo pensar que muitos escritores tornam-se exilados exatamente por serem o que são, e, no caso de Kundera e muitos outros, a situação de exilado fomenta ainda mais a produção literária.

O trabalho se guiará pela exemplificação na obra de personagens e situações a eles relacionadas, que são, ao mesmo tempo que importantes peças da narrativa em si, representações das supracitadas situações de exílio banalizadas no século XX. Um importante questionamento é também pensar até que ponto, criando personagens em situações similares a sua, Milan Kundera faz de sua escrita a sua “nova pátria”, uma vez que, banido de seu local de nascimento e exilado na França, encontra-se, de modo irônico e contraditório até, em um “não-lugar” e, quando da escrita de “A Insustentável Leveza do Ser”, tinha sua identidade tcheca fragilizada, porém, de modo algum ele se via em novas roupagens de francês.

 

10 – RAFAEL AUGUSTO FACHINI

THOREAU – O Transcendentalismo na América no Século XIX

 

O que leva uma pessoa a ir morar na beira de um lago e escrever livros criticando o sistema vigente na época? Qual era a conjuntura social que levou Thoreau a aderir ao movimento denominado “transcendentalismo”? São estas perguntas que pretendo responder com o trabalho, de forma a buscar uma analise através da literatura (neste caso através do ensaio “A desobediência Civil” e o livro “O Walden”, ambos de Thoreau) da época em que o autor se encontrava.

Para entendermos Thoreau e suas motivações, primeiro precisamos entender o movimento que ele fez parte, o transcendentalismo. Em 1820 chega na “nova Inglaterra” o movimento romântico, o romantismo era norteado pela admiração pelo belo, à idealização da natureza e a exaltação do individualismo, a autoexpressão e o autocontrole tornam-se conotações benéficas para os românticos.

“O desenvolvimento do ‘eu’ tornou-se tema central; a autoconsciência, o método mais importante. Se, segundo a teoria romântica, o eu e a natureza eram uma coisa só, a autoconsciência não era um caminho egoísta, sem saída, mas uma forma de conhecimento e ampliava o universo. Se o próprio eu vibrava em harmonia com toda a humanidade, então, o indivíduo tinha a obrigação moral de reverter as desigualdades sociais e aliviar o sofrimento humano.” (VANSPANCKEREN, Kathryn.)

Com os românticos a palavra “eu” perde a conotação de egoísmo, e passa a ser vista como uma construção interior, um melhoramento do indivíduo que refletiria na própria sociedade em que viviam, desta forma, segundo Vanspanckeren, palavras como “autorrealização”, “autoexpressão” e “autossuficiência” são proferidas entre os românticos com esse ideal de alguém que ao se conhecer, e conhecer o local onde vive (admirando a natureza e tudo que o cerca) consegue melhorar a sua relação com as outras pessoas. Ainda segundo a autora, o romantismo parecia apropriado para a democracia americana: ele enfatizava o individualismo, afirmava o valor da pessoa comum e buscava na imaginação inspirar seus valores éticos e estéticos.

A partir disso surgem os movimentos transcendentalistas, intimamente ligados ao romantismo, os escritores transcendentalistas americanos levaram ao extremo o individualismo como forma de autoconhecimento que alguns, como Thoreau, chegaram a viver isolados da sociedade durante algum tempo.

 

11 – EDVÂNIA MARIA SOARES DE ARAÚJO

O Romance de Folhetim Philomena Borges e as Relações de Gênero no Rio de Janeiro do Final do Século XIX

 

Em meados do século XIX chega ao Brasil, importado dos periódicos franceses, o folhetim. Fonte fecunda de amores, vinganças, traições, ódios e paixões ele contava com uma linguagem simples e suspense necessários para manter ativo o interesse de seus leitores. Assim como outros autores conhecidos, Aluísio Azevedo publicou várias de suas obras primeiramente em folhetim. Não foi diferente com o romance Philomena Borges, onde o autor narra a história de um jovem casal e suas aventuras e desventuras após o matrimônio. Misturando ficção e realidade o folhetim é uma interessante fonte de investigação, pois, é também a partir dele que literatos faziam do jornal um veículo de divulgação de práticas, projetos e costumes que se desejava para a sociedade. Tendo em vista a potencialidade dos folhetins e especialmente do romance escrito por Azevedo, este trabalho tem como objetivo compreender o papel dos folhetins e da literatura nos jornais das últimas décadas do século XIX, enfatizando as relações entre realidade e ficção, literatura e jornalismo na imprensa. Pretendo também examinar o comportamento feminino presente na obra, o esperado, o praticado, o criticado, o condenável a partir das expectativas do autor, observando também o que se diz respeito às relações entre homens e mulheres no casamento em finais do século XIX na sociedade fluminense.

 

12 – VANESSA SILVA MOREIRA UEHARA

A Escrava Isaura, Literatura Abolicionista de Bernardo Guimarães: A Importância do Direito na Sociedade Escravista Brasileira

O romancista Bernardo Joaquim da Silva Guimarães[1] pode ser pensado como um dos militantes abolicionistas do século XIX brasileiro, pois por meio de sua literatura, abordou o drama da escravidão e deu vozes a questão servil, colocando em voga os problemas do cativeiro no Brasil oitocentista. Para chamar a atenção dos leitores, o romancista demonstrou o sofrimento de uma escrava de cor branca, que vivia sobre o julgo do cativeiro. Classificou o sistema servil como um mecanismo abominável e criminoso que submetia seres humanos a graves problemas sociais. Por isso, a importância de estudar a fonte literária A Escrava Isaura, pois a leitura deste romance nos permite observar como o literato compreendia a realidade da qual fazia parte.

Sendo assim, a abordagem que se empreende neste trabalho, busca compreender o discurso emancipacionista do literato em A Escrava Isaura. Como sabemos em meados da década de 1870, a questão servil era assunto bastante recorrente nos debates políticos parlamentares. E muito se discutia sobre a aprovação da proposta de lei emancipacionista, que ficou conhecida como Lei do Ventre Livre. Percebendo tais problemáticas, Bernardo Guimarães coloca em voga questões legais que regulavam o sistema escravista, demonstrando assim que, os escravos não estavam sozinhos em suas empreitadas e que o Direito aparece como elemento primordial na luta pela liberdade desses cativos no percurso do século XIX.  Na trama, o autor narra à condição de Isaura que desde o seu nascimento fora feita escrava. Provavelmente no período em que Bernardo Guimarães escreve o referido romance, a Lei do Ventre Livre ainda estava em discussão e havia vários posicionamentos a respeito da aprovação dessa lei.

Portanto, para o desenvolvimento deste trabalho, nos apoiamos na leitura de A Escrava Isaura tendo como proposta buscar indícios a respeito das relações senhoriais vividas no século XIX brasileiro, e do ideal de dominação e de subordinação entre senhores e escravos e ainda pensar sobre a importância das leis na sociedade escravista.

Desse modo, nos apoiaremos na vasta bibliografia produzida nas universidades brasileiras desde a década de 1980, que tinha como prerrogativa refletir sobre a escravidão no Brasil, tendo como perspectiva a atuação não somente de senhores, mas, sobretudo dos libertos e escravos. Ter em nossas mãos essa bibliografia tão importante nos permite romper com a ideia de que os escravos eram sempre submissos, sujeitos sem ação e sem voz. Permite-nos ainda, compreender que as leis estavam à disposição não somente dos escravistas, mas que, por meio delas os escravos conseguiam melhorar sua condição de vida, ou até mesmo conquistavam a sua liberdade. Todas essas questões vieram à tona, graças à nova perspectiva da historiografia que enxergou os escravos como sujeitos históricos capazes de se movimentar diante da condição de subjugados que ocupavam no sistema servil. Tendo como aliados a lei e a justiça imperial que foi sendo criada ao longo do século XIX como um aparato regulador da escravidão.

13 – TAÍSA DE MOURA OLIVEIRA

Trabalhar Para Enriquecer, Trabalhar Para Sobreviver: Aspectos sobre o Trabalho no Rio de Janeiro Oitocentista Através de O Cortiço

Pensando na representação que Aluísio fazia das identidades sociais por meio de seus personagens, abordo o tema trabalho através de três personagens principais, a saber: João Romão, Bertoleza e Jerônimo, e o grupo das lavadeiras. O primeiro personagem estudado, João Romão, encarna o comerciante português que enriquece, no Brasil, por meio do comércio e dos lucros que obtém com o cortiço que constrói no bairro do Botafogo. Já a personagem Bertoleza evidencia as peculiaridades dos últimos anos da escravidão na corte, dado que ‘vivia sobre si’ e trabalhava como quitandeira no Bairro do Botafogo. Negra e resignada, a escrava se junta a João Romão e será fator elementar na construção da sua riqueza. O terceiro personagem tratado, Jerônimo, representa a outra face dos portugueses que viviam na Corte: a dos portugueses pobres que trabalhavam em serviços braçais. Caracterizado por Aluísio como homem forte e honesto, é quem contribuirá no enriquecimento do comerciante João Romão quando for trabalhar em sua pedreira. E, por último, o grupo das lavadeiras, que expõem o trabalho das mulheres livres e moradoras dos cortiços. Essas mulheres precisavam trabalhar bastante, pois, muitas vezes, eram as únicas provedoras do lar. Percebemos, também, que as lavadeiras têm certa consciência de sua condição enquanto trabalhadoras e mulheres e, por isso, se apresentam mais unidas.

Um vasto leque de temas pode ser explorado através de O Cortiço. Dentre eles, um muito importante, pois dá sentido e composição a todo o romance, é o trabalho. Habitado por uma gama de personagens trabalhadores de diversas profissões (lavadeiras, quitandeiras, prostitutas, cavouqueiros, ferreiros, policiais, operários, comerciantes e negociantes), o cortiço São Romão traz para seu centro as transformações que ocorriam no país no século XIX, como o crescimento urbano do Rio de Janeiro desde a vinda da família real para o Brasil (1808), o fim do tráfico negreiro (1850), e o fim da escravidão (1888).

Posto que o romance trata de uma coletividade desfavorecida e da burguesia no Rio de Janeiro oitocentista em constante transformação, o trabalho é tema fundamental, pois é o elemento que une essas duas dimensões da sociedade. De um lado, a classe proletária livre depende do trabalho oferecido pela burguesia ascendente e, de outro, a burguesia necessita do trabalho e da suposta ignorância dessa classe para o seu enriquecimento.

14 – JOHNY ASSUNÇÃO TOMÉ

Dos Barulhos do Duro a construção do romance O Tronco, de Bernardo Élis

A relação entre história e literatura inquieta uma nova geração de historiadores, em especial posteriormente a (re)descoberta da cultura pelos historiadores, na década de 1980. Nessa perspectiva, busco analisar os Barulhos do Duro, uma disputa política ocorridos em São José do Duro, hoje Dianópolis (TO), a partir da análise do romance O Tronco (1956) de Bernardo Élis.  O romance de caráter político, ambientado entre 1918 e 1919, narra a violência, coerção e o mandonismo dos coronéis Melos no interior de Goiás, e a omissão do Estado de Goiás, comandado pela oligarquia Caiado, frente à violência do coronelismo. A instituição literária não possui compromissos em retratar um registro fiel do passado histórico, no entanto em meio a ficção, a  literatura  expressa representações sociais do presente/ passado dos literatos cifrados por metáforas no texto discursivo. Partindo dessa premissa, procuro averiguar as metáforas cifradas na narrativa, respeitando a sensibilidade do discurso ficcional. Assim, o texto além da crítica ao coronelismo goiano, pode ser lido como um desdobramento do movimento de 1930 em âmbito regional, que contestava a velha oligarquia goiana, juntamente com a antiga capital (Goiás) simboliza o “atraso”, o coronelismo, as velhas forças do império, da primeira república enaltecia o Estado Novo, o moderno, cujo maior símbolo da passagem e da tentativa de esquecimento da antiga república, foi à transferência da capital para Goiânia (1943), cujo Élis foi prefeito substituto. É uma tarefa difícil, senão infrutífera destacar se a literatura é uma construção do real ou o seu disfarce. Sem dúvida, é sua representação, uma construção social a partir de determinações históricas Eis os tênues limites entre Clio e Calíope!

Bloco 4: “Pagode de viola” à MPB: diálogos sobre música

 

15 – DIOGO SILVA MANOEL

“Uma Coisa Puxa A Outra”: Identidade, Humor e os Três Eixos da Vida Caipira em um Pagode de Viola

A presente comunicação deriva das investigações e dos questionamentos de nossa pesquisa de mestrado acerca da história da música brasileira. A ideia central é apresentar a análise da poesia de uma canção “caipira”; especificamente, um pagode de viola de autoria de Tião Carreiro, um dos mais notórios violeiros de todos os tempos. A canção intitulada “Uma coisa puxa outra”, lançada no álbum Pagodes vol. 2 de 1979, é mais um exemplo de como elementos que compõem a identidade cultural das populações interioranas estão inseridos e transparecem no cancioneiro caipira.

Inspirados pelos Estudos Culturais do século XX, temos o conceito de identidade cultural como objeto de estudo que possibilita uma investigação histórica pautada na compreensão das representações de grupos sociais. Os estudos de identidade muito em voga no século passado (BAUMAN, 2005), são a decorrência de processos como a globalização e preocupações no âmbito acadêmico com o multiculturalismo inerente às transformações da vida em um ambiente pós-moderno. A cultura brasileira se enquadra neste quadro por se tratar uma sociedade diaspórica, forjada por diversas culturas que aqui se fixaram. Ocorre que, em um cenário nesses moldes, a iminência dos grupos em tomar novas posições de identificação, dão condições para surgimento de novas identidades que seriam concebidas em “circunstâncias econômicas e sociais cambiantes” (WOODWARD, 2014:20).

Aproveitando os elementos que nossa fonte evidencia, queremos expor como nela estão embutidos fundamentos da identidade caipira, focando nos três eixos essenciais da cultura rústica: o trabalho, a religião e o lazer. Como sugere Antonio Candido (2010), pensar através desses três eixos é uma forma de melhor compreender a vida dos habitantes do interior. Partindo dessas premissas, pretende-se exemplificar que os tais eixos são símbolos da vida rural. Além disso, discorrer-se-á sobre uma característica identitária muito evidente nos pagodes de viola: a comicidade.

16 – JAVAN MOISES GIRARDI

Cânones: A Retórica da Historiografia da MPB

 

O presente trabalho tem como escopo discutir a criação e reprodução do conceito de MPB – para além de um estilo musical, uma postura política – a partir dos trabalhos de alguns estudiosos da Música Popular Brasileira, tais quais José Ramos Tinhorão, José Miguel Wisnik, Arnaldo Daraya Contier e Marcos Napolitano. A discussão busca criticar a forma representacional de arte – postulada por autores clássicos como Aristóteles – e tem como antítese teórica a ideia de liberdade artística, a partir do conceito de educação estética, pautada em autores como Immanuel Kant, Friedrich Schiller e Jacques Rancière. Ou seja, o que se busca com este artigo é iniciar uma discussão acerca do modelo de eleição política dos artistas que compunham a gama da MPB, sobretudo no cenário da década de 1960, para entender o desdobramento em que a música popular brasileira rumou, analisada a partir de um artista aparentemente autônomo e que passeia por vários campos harmônicos, estéticos e políticos da canção. Nesse sentido, o que perseguimos é a concepção de arte e a construção da posição político-artística de Zeca Baleiro frente às correntes musicais brasileiras contemporâneas e perante ao que se refere à autonomia estética do gosto.

NOTAS:

[1] O autor nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 10 de março de 1825. Estudou em sua cidade natal, e depois na Faculdade de Direito de São Paulo, onde se formou em 1852. Nesse mesmo ano o romancista publicou Cantos da solidão. É interessante pontuar ainda que o literato também exerceu o jornalismo no Rio de Janeiro, mas é da sua experiência em Goiás, como juiz, que lhes saem outros romances, como O ermitão de Muquém e O índio Afonso. Os últimos anos de sua vida foram dedicados à escrita de romances literários, que se situam na fase do Romantismo brasileiro de feição popular, tendo sido muito lido na época em que foram publicados. A Escrava Isaura e O seminarista devido ao grande sucesso com o público foram adaptados para a televisão. O primeiro inclusive tornou-se reconhecido mundialmente por causa da novela exibida pela Rede Globo de Televisão entre 1976 e 1977 e que tinha como protagonista a atriz Lucélia Santos.

Resumos e ordem de apresentação do Grupo de Trabalho 12

GT 12 – Imagens e Cultura Visual: Construções, Representações e Performances. 

Coordenação:

Profa Dra ivete Batista da Silva Almeida – Faculdade FASES

Profa Dra Dulcina Tereza Bonatti – NEGUEM/UFU

1 – Igor Ferreira Resende Macedo

Bi-Shounen: a estética andrógena dos animês na cultura visual brasileira

Animê é um termo que se popularizou no ocidente, referindo-se a um gênero de desenho animado vindo do Japão. A expressão deriva do inglês animation, surgida na década de 1950 para nomear os desenhos animados. A palavra foi assumida pelos japoneses, também naquela década, em substituição a expressão nipônica douga, a qual se referia a imagens em movimento, como filmes e animações. De animation os japoneses reduziram para animê, indicando, até à atualidade, qualquer tipo de animação, não importando se ocidental ou oriental[1].

A origem do anime se dá em 1910 com a chegada do cinema no Japão, e com ele chegaram também os desenhos animados do ocidente, pouco tempo depois, em 1913, os desenhistas japoneses começaram a se aventurar na área da animação. Podemos citar Seitaro Kitayama, desenhista que produziu um curta metragem baseado na fabula infantil Saru Kani Kassen (“Luta entre o macaco e o caranguejo”), a partir de desenhos em papel e nanquim. Em 1927, foi a vez de Noburo Ofuji produzir o primeiro desenho animado sonoro, Osekisho (“O inspetor de estação”) e, dez anos depois, Katsura Hime (“Princesa Katsura”), a primeira animação japonesa, em cores.

Na atualidade os animês são veiculados no Brasil principalmente pela Internet, por meio de “fansites”, ou seja, sítios eletrônicos criados por fãs e contam com as mais diferentes historias e gêneros, os roteiros vão de romances colegiais a grandiosas batalhas que decidirão o destino do universo. Entretanto, no que diz respeito às suas características, os animês são divididos de acordo com o gênero e a idade do seu público alvo. Nesse sentido, podemos reduzi-los a quatro grandes grupos: Shoune, Seinen, Shoujo e Josei[2].

Porem mesmo o animê abarcando as mais diferentes histórias, existe uma figura que é recorrente em muitas delas, este é o Bi-shounen, um arquétipo de beleza andrógena que se choca diretamente com o padrão de beleza masculino vigente no país. O presente texto é um recorte de pesquisa de Iniciação Científica e pretende discorrer sobre algumas das características do Bi-shounen e dar apontamentos da forma que este personagem vem se inserido na cultura midiática brasileira.

Palavras-Chave: Mangá; Animê; Bi-Shounen; Gênero; Cultura visual

2 – Ivete Batista da Silva Almeida

Representações da África e dos africanos nas páginas da revista O Cruzeiro – 1930-1950.

O objetivo desta apresentação é discutir as relações que permeiam a escolha das imagens e dos enquadramentos utilizados para representação da África, e suas gentes, nas fotorreportagens da Revista O Cruzeiro entre as décadas de 1930 e 1950. Observando grandes fotorreportagens como ‘Safari’, de 1954, nota-se que a África, era representada como o wilderness, em enquadramentos que se relacionavam à propedêutica do olhar do turista, (como em Sant’anna e Osborne), o olhar sobre o exótico – que remete o “outro” a uma posição de diferenciação, e mesmo de negação, em relação ao “eu”, criando uma representação necessária para que a sociedade moderna identificasse a si mesma, encontrando um “outro”, o tribal, que a ajudasse, por diferenciação, a se reconhecer. Tomando as representações como sintomas de uma época, como nos sugere Sandra Jathay Pesavento, pretendemos reinterpretar tais imagens, para assim compreendermos em quais dimensões tais representações imagéticas nos revelam o estatuto concedido pela sociedade aos africanos; suas relações com os sistemas de ideias, valores e imaginários, trazendo à tona, os princípios que submetem tais escolhas – como o princípio da intolerância, da dominação, do mito civilizatório e do sexismo. Para tanto, iremos nos apoiar em trabalhos como o de Jacy de Freitas e Edward Said, que contribuem com a análise sobre o “outro” visto como o “não-eu”, como exótico, apontando a necessidade de a ordem estabelecida negar o “outro” para positivar a si mesma.

3 – Juliana Soares Bom-Tempo.

Imagens em performances: a construção política e estética na performance arte e o problema da representação.

 

Nos terrenos da performance arte, como se configuram as expressões criadas por corpos em performance nas relações com signos culturais cotidianos? A partir desta questão, propõe-se pensar a construção de imagens em performance, que se dão em agenciamentos junto aos signos ordinários. Um tipo de recorte extraordinário que abre o cotidiano a criar outras imagens no pensamento, intervindo nos regimes icônicos dominantes próprios a vida comum. Há a criação de estranhamentos nas paisagens, nas gestualidades, nas espacialidades e nas temporalidades, gestando rupturas às palavras de ordem e às estabilizações dos signos, dos significados e dos regimes de relações erigidos por certa cultura. Tais imagens em performances não se tratam de um campo de produção com suportes unicamente materializados em desenhos, fotografias e vídeos. Aquelas se dão por reconstruções do e no pensamento, por agenciamentos que produzem regimes de forças e intervém nas relações já estabelecidas diante dos modos de vida, das segmentações e das estabilizações que formatam os mundos. Tais agenciamentos imagético-performáticos operam a criação de novas “imagens do pensamento” em processos de individuação, gerando imagens individuadas junto a campos problemáticos e a curtos-circuitos produzidos na relação com o que se encontra já edificado por e para certa conformação corriqueira. Essa individuação cria a imagem e recria, junto com ela, o meio em que está se individua. Há, na filosofia de Deleuze e no seu encontro com Guattari, uma reviravolta com relação às concepções que tangenciam as imagens, principalmente ao colocá-las ligadas ao problema da individuação e da representação. Deleuze apresenta uma crítica ao senso comum, aos pressupostos e axiomas filosóficos que repercutem na ideia de que existem coisas que “todo mundo sabe…”, em um Cogitatio natura universalis. Os autores retiram a imagem do domínio da representação mental e a recolocam nos planos da problemática da individuação, criando novas articulações nas concepções destas. Uma interferência da criação de imagens extraordinárias que recria o real, os meios, os mundos. Imagens em performance se produzem precariamente, sem suportes de significantes que as fixariam em um significado e em um sentido estável. Um engendramento a-significante que atravessa transversalmente as relações fixadas no mundo e na vida cotidiana. Há a produção de um novo meio, de uma ecologia das imagens, em que a individuação implica na transformação dos meios e a transformação dos meios opera a criação de novas imagens em performance.

Palavras-chave: Imagens; performance; representação; individuação; ecologia das imagens.

4 – Sibeli Oliveira de Almeida

Mãe e filha: as representações do feminino em Homeland

Ao iniciarmos uma pesquisa historiográfica, não é difícil encontrarmos em compêndios jurídicos e antigos manuais de comportamento, entre outros, a frase “os adultos, as mulheres e crianças”. Sentenças como esta, como ensina Tania Swain, dão indícios de que durante muitos anos as mulheres foram representadas como menores de idade, já que não eram consideradas “adultos”. Para a autora, esta frase “exprime uma realidade construída, mas instituída e instituidora de práticas sociais que resultam na inferiorização das mulheres na sociedade” (SWAIN, 2002, p.24); além disso, produzem verdades e estabelecem práticas históricas que normatizam o comportamento dos indivíduos, atribuindo às mulheres uma posição menos valorizada.

Segundo Denise Jodelet, temos o costume de criar representações para ter conhecimento de como nos ajustarmos no mundo em que vivemos, uma vez que precisamos dividi-lo com outras pessoas (JODELET, 2001, p.17). Para a autora, as representações estão em constante movimento, através de várias significações, e revelam os indivíduos, ou lugares de sujeitos, os sistemas culturais que as concebem e definem o objeto que está sendo representado, forjando um território de consenso em meio às adversidades (JODELET, 2001, p.21).

Para isto, a comunicação é peça fundamental nas trocas de pensamentos e discursos que possibilitam a criação desse universo consensual (JODELET, 2001, p.29-30), e desta forma, podemos dizer que as representações de gênero e da religião,  entre outros, estão, portanto, produzidas e reproduzidas nas peças do cinema e da televisão, da linguagem visual e da comunicação, na indústria que conforma e sustenta econômica, simbólica e politicamente um imaginário que valoriza uma nação ao construir suas identidades e vice-versa, e a comunicação e/ou discurso são seus orquestradores e sua força matriz.

Neste trabalho, pretendo discutir como a imagem da mãe e da filha estão representadas e reiteradas na série Homeland. Estrelada por Claire Danes e Damian Lewis, Homeland (2011) é um programa de televisão que mostra o drama de uma oficial da Central de Inteligência Americana (CIA) que acredita que um soldado americano, ex- prisioneiro da organização terrorista Al Qaeda, passou para o lado inimigo e agora representa uma ameaça para a segurança nacional.

Ao analisarmos a série, percebemos como a força da família naquela sociedade parece ser indispensável sobretudo para sucesso dos heróis que se arriscam em terra distantes. Além dos soldados-heróis, esposas e filhos também se sacrificam, ao ficarem distantes de seus entes queridos, delineando o soldado ideal, o homem ideal, a mulher ideal, a família ideal, amálgamas na nação ideal.

Palavras-chave: História, Cinema, Gênero, Representação Social

5 – Vitor Augusto Gama Souza

A Mulher Contemporânea na Televisão: A Novela Sete Vidas e a Representação da Mulher Moderna.

 

Partindo do princípio de que a telenovela é um produto cultural contemporâneo, e que influencia e é influenciada pela sociedade, moldando comportamentos, veiculando valores e papéis de gênero, a ideia deste trabalho é estabelecer um diálogo entre as personagens Irene (Malu Gali) e Lígia (Déborah Bloch), refletindo sobre a atuação da mulher contemporânea na sociedade, buscando na representação a figura do valor de gênero, a característica da mulher moderna, esta mulher que trabalha, e que quer independência e pensa em ter filhos mais tarde na vida, figuras estas estampadas na representação das duas personagens feitas pela autora Lícia Manzo. Relativamente é uma análise deste produto cultural, conversando com a historiografia de gênero e ficção observando por onde cada eixo se encaixa na realidade do ponto de vista do autor, que elaborou a história a partir do espelho do real vivido pelo telespectador cotidianamente, fazendo o mesmo em si identificar com a história vivida pelas personagens.

 

Palavras Chave: Gênero; Sete Vidas; Rede Globo.

NOTAS:

[1] Ver SATO, Cristiane. A Cultura Popular Japonesa: Animê. In: LUYTEN, Sonia M. Bibe. Cultura Pop Japonesa – Mangá e Animê. São Paulo: Hedra, 2005. p. 27 – 42.

[2]Shounen, Seinen, Shoujo e Josei, significam, respectivamente: Rapaz, Homem, Menina e Mulher.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 11

GT 11: “O Lugar da Obra de Arte na Historiografia: estética, política e ficção na construção de discursos competentes sobre o passado”

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NA SALA 1H55, DO BLOCO H)

 

Renan Fernandes

Grace Campos Costa

Lays Capelozi 

 

Resumos dos Trabalhos Aprovados

Datas de Apresentação – 09/06 e 10/06

Luciana Angelice Biffi;

A cultura judaica em Woody Allen : uma análise de Melinda e Melinda

Neste trabalho, preocupo-me em compreender como a cultura judaica influencia, maneira direta ou indireta, as obras do cineasta Woody Allen.

O artista foi criado no amago de uma família judaica, americana, nos Estados Unidos no Brooklyn, apresenta em suas obras questões que são questões que permeiam o pensamento o judaico e que aparecem em suas obras de maneira refinada e subjetiva. Questões relacionadas a identidade, a fé, o destino, o acaso, entre várias outras que aparecem em seus filmes, também são algumas questões que marcam o judaísmo.

A formação de base é judia e isso de manifesta mesmo ele sendo um judeu não praticamente ou como ele se denomina, um judeu ateu. Ele não nega que é judeu, entretanto, tem uma postura crítica e por vezes irônicas perante os rituais praticados. Desta forma, procurei a princípio compreender o judaísmo de maneira geral, para depois analisar como que ele se revela nas obras de Allen. Tendo em vista que muitas de suas obras são autobiográficas e apresentam uma serie de idiossincrasias que nos permitem entrar um pouco no mundo de Allen e tentar entender como ele percebe o mundo ao seu redor.

Desta forma, me concentro no filme Melinda e Melinda, 2004, no qual ele é o diretor e roteirista, para fazer uma análise mais aprofundada. Neste filme ele faz um balanço do trágico e do cômico na atualidade e nos traz questões de cunho existencialista e estético. O filme se inicia com dois dramaturgos perguntando ‘A essência da vida é trágica ou cômica?’. Para responder essa pergunta lhes é apresentado uma série de fatos sobre Melinda (Radha Mitchell) que o espectador não possui conhecimento e assim, Sy (Interpretado por Wallace Sawn) e Max (Neil Pepe) desenvolve paralelamente a sequência ficcional de modo cômico e outro de modo trágico. Melinda surge desavisadamente em um jantar de negócios de uma amiga e acaba por alterar a vida dos outros personagens e a sua, em cada uma das versões apresentada. Woody não carrega apenas as marcas da cultura judaica, entre vários outros repertórios, no qual ele dialoga.

Para tal dialogo historiográfico, utilizei principalmente os livros ‘O Judaismo’ de Maurice Ruben Hayoun, 2007, para compreender o judaísmo de modo amplo. O livro ‘Conversas com Woody Allen: seus filmes, o cinema e a filmagem’, 2008, que é um livro de entrevista e depoimentos do próprio artista e por fim ‘A tragédia Moderna’ de Raymond Willians, 2002, para compreender as mudanças dos conceitos de trágico e cômico.
Grace Campos Costa

Entre alfinetes e babados em Prêt-à-Porter (1994), de Robert Altman: uma crítica à sociedade de consumo.

 

Compreender a relação entre moda e cinema, como essas duas linguagens se interagem e o cinema se torna um meio de difusão daquilo que é tendência, através dos seus personagens e filmes. A moda se torna o centro da narrativa fílmica, como podemos verificar no filme Prêt-à-Porter, escrito, produzido e dirigido pelo cineasta Robert Altman.

Analisar o filme, seja por suas cenas e o seu roteiro, nos oferece uma perspectiva ampla sobre o objeto estudado. Veremos a trajetória cinematográfica de Robert Altman, que durante sua carreira sempre esteve distantes de realizar filmes que garantisse sucesso de bilheteria, indo na contramão da indústria hollywoodiana.

Por fim, selecionamos a crítica dos filmes para trabalhar com a recepção da sua obra, cuja opinião de jornalistas e críticos de moda geram controvérsias à respeito da obra do cineasta.

Bruna Thalita Aquino Silva

Um olhar sobre o “amor” em Sex and the City

O ingresso da mulher no mercado de trabalho pode ser tratado como um dos fatores que influenciou na mudança da estrutura familiar? Qual a relação que podemos estabelecer entre a nova posição da mulher no século XXI e a “crise” encarada nos relacionamentos (como fluidez, liquidez, frouxidão) atuais que estão sendo estudadas por diversas áreas do conhecimento? O amor romântico é uma possibilidade? E ainda, há de fato muitas mudanças nas formas de se relacionar ou há apenas uma maior exposição do intimo na esfera social? Essas são algumas das perguntas que guiam esta pesquisa.

A partir da leitura do livro “Histórias Íntimas – sexualidade e erotismo na hisótia do Brasil” de Mary Del Priore, de “Amor Líquido” de Zygmunt Bauman e de “Família – amo vocês” de Luc Ferry é possível pensarmos um pouco sobre as mudanças vividas na transformação da esfera íntima para a pública e vice-versa, e como estas afetam diretamente a relação entre homens e mulheres frente ao amor e à família.

Com todas as mudanças trazidas pelo século XX, uma delas é a presença da televisão e o avanço do cinema no cotidiano social. Temos considerado, não apenas a televisão ou o cinema, mas as mídias em um sentido geral, como o “quarto poder”. Até mesmo o judiciário já tem o quarto poder como uma de suas preocupações. Esse quarto poder se institucionaliza porque se tornou uma das maiores, senão a maior, ferramenta de formação de mentalidades e construção de ideologias, por isso,o estudo desta temática (o amor), se torna importante não apenas na história, mas também no cinema.

Assim, o amor se coloca como uma questão importante a ser considerada, uma transformação social em que um fenômeno é posto. Vemos, que a questão do amor romântico está problematizada no seriado Sex and The City, onde buscaremos nos debruçar e trazer o mesmo para o debate histórico.

Um seriado produzido e exibido na viração do séculos (XX-XXI), quatro mulheres independentes, bem sucedidas em suas profissões, bonitas e que lidam com o amor das mais diversas formas nos proporcionam um ambiente favorável para esta reflexão.

Rodrigo Francisco Dias

Pensando a “escritura fílmica da história”

 

O presente trabalho procura elaborar um estudo sobre a “escritura fílmica da história”. O ponto de partida de nosso estudo é o debate entre dois historiadores norte-americanos, Natalie Zemon Davis e Robert A. Rosenstone, que manifestaram opiniões diferentes sobre a relação entre Cinema e História. A partir disso, trazemos algumas contribuições de autores do campo da Teoria da História para aprofundar nossas reflexões sobre o tema. Nosso objetivo é estabelecer um diálogo tanto com Davis quanto com Rosenstone, apontando para a necessidade de se pensar as semelhanças e as diferenças entre as narrativas produzidas pelos historiadores e as narrativas produzidas pelos cineastas.

Laís Gaspar Leite

A Revolução Industrial às margens de Modern Times e o caráter do vagabundo.

 

O caráter que tentarei descrever nesse trabalho, sobre a Revolução Industrial não ultrapassa a produção do filme Modern Times (1936), pois, a discussão historiográfica levantada sobre o período fabril será entorno da genialidade de Chaplin expressada na obra, em que dialogaremos com uma historiografia grandiosa, como Marx; Thompson; Engels e Weil, diante das brilhantes cenas do filme.

O vagabundo, personagem principal de Modern Times, durante o longa anuncia várias atitudes questionáveis, que nos levaram a um embasamento teórico, pois se trata de um operário que busca qualquer forma de trabalho, porém é incapaz de se adaptar a um, pois o operário que se adequa às forma de produção na sociedade fabril está sujeito a maior forma de coerção gerada pela máquina nas mãos do capital: A alienação.

No sentindo de Marx, alienação é a ação pela qual, um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma sociedade se tornam (ou permanecem) alheios, estranhos (alienados). Deste modo, na definição do conceito de alienação exprime a ideia de que o homem aliena de si mesmo os produtos de sua atividade e faz deles um mundo de objetos separados, independente e poderoso, com a qual, se relaciona como escravo, dependente e impotente. (BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro. ZAHAR. 1988­).

O vagabundo nas primeiras cenas da película em ações involuntárias de sabotagem se revolta contra a máquina destruindo-a burlescamente, demostrando, assim gestos mecanizados gerados pela repetição excessiva exigido pelo capital. Porém, ao decorrer da obra não enxergamos quaisquer resquícios do personagem ser dependente ou escravo da maquinaria, pois, o vagabundo ironicamente não se adaptará ao trabalho ou a qualquer tipo de classe.

Portanto, o vagabundo é um homem isolado que se afasta do mundo do trabalho, não consegue mais agir em concerto com os outros, porém não perde a criatividade humana, não deixa de pensar, contudo o vagabundo não carrega a consciência de classe ou pertence a uma.

Assim, a ideia central deste trabalho é discutir as possíveis características do vagabundo -o grande deboche de Chaplin- um personagem em uma sociedade industrial capitalista inadaptável ao trabalho à produção.

Caroliny Pereira

O Atlas Mnemosyne de Aby Warburg e alguns aspectos da sua ressonância na contemporaneidade

Esta proposta de comunicação tem como proposição axial o estudo do projeto Atlas Mnemosyne proposto pelo historiador de arte Aby Warburg (1866-1929), iniciado em 1924 e interrompido com a morte de Warburg em 1929. Para além de uma proposta de análise de imagens, o Atlas Mnemosyne se desdobra em um conjunto de estudos profícuos para se abordar questões concernentes tanto à própria história da arte quanto a algumas produções poéticas desenvolvidas a partir dele.

Caminhando na contramão da corrente de análise de imagem predominante de sua época, a  teoria da formatividade, desenvolvida por Henrich Wölflin, Warburg articulou uma abordagem historiográfica que perpassava pela psicanálise, sociologia, antropologia,  filosofia e pela própria história, desenvolvendo assim um complexo estudo das imagens. O estudo que Warburg desenvolveu no Atlas é proficiente para discutir-se questões importantes ainda hoje a partir dos conceitos de montagem, fragmentação e movimento; assim como também pode auxiliar no entendimento de uma revisão da história da arte, que é suscitada na atualidade. Nesse viés, estudos desenvolvidos por teóricos como Phillipe Allain-Miachud, Georges Didi-Huberman e Georgio Agamben, tem corroborado para essas discussões, e para o reverberamento do pensamento do Warburg na Atualidade.

Efetuado esse estudo sobre o Atlas, em um último momento busca-se observar como o Altas warburguiniano ressoa na arte contempoânea, para além dos inúmeros estudos teóricos desenvolvidos a partir dele, procura-se considerar projetos artísticos e curatoriais que o utilizam como referência. Dentre estes estão, alguns atlas de artistas como: Gerhard Richter, e o projeto curatorial de Georges Didi-Huberman, cuja exposição percorreu vários museus do mundo, incluindo o Museu de Arte do Rio de Janeiro.

Thayane da Rocha Cruz Dias Freitas.

Jean Baptiste Debret e o Uso de Imagens no Ensino de História

 

O ponto de partida dessa pesquisa surgiu de um interesse particular pela unidade de Brasil Colonial durante o terceiro período da graduação, nesse momento já fazia parte do grupo de estudos em História e Linguagens Artísticas e também do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência, o PIBID. Durante uma das aulas de Brasil Colonial o professor chamou a atenção da turma para a imagem na capa do livro Ser escravo no Brasil de Kátia Mattoso, em uma busca na internet, já que ainda não possuía o livro, descobri que a imagem era a tela de Jean-Baptiste Debret, Escravo no Pelourinho. A partir daí apresentei minha intenção ao meu orientador e começamos a desenvolver o projeto de pesquisa. Posteriormente, registramos o projeto de iniciação científica sem bolsa junto à Universidade. Então, o tema surgiu de três pontos, o período de Brasil colonial, as linguagens artísticas e o ensino de história. Nesse trabalho, temos o objetivo de fazer novas reflexões e retomar algumas já feitas, de modo a contribuir para área de uso de imagens ensino de história no Brasil a partir das obras de Debret inseridas nos livros didáticos do Ensino Fundamental distribuídos nas escolas públicas brasileiras. Analisar como é a abordagem das imagens pelo livro didático e de que maneira as obras do pintor de história francês contribuem para a formação do ensino de história hoje.

Melina Xavier de Sá Morais

Representação cultural: Debret e o Brasil colônia

A proposta de trabalho tem o intuito de discorrer, brevemente, através da historiografia sobre o artista francês, Jean-Baptiste Debret (1768-1848), mais especificamente em relação ao seu livro, Voyage pittoresque et historique au Brésil (Viagem histórica e pitoresca ao Brasil), questões de autoria, recepção e da história da arte. A investigação se dará diante de suas criações e/ou descrições em relação aos costumes do Brasil oitocentista, já que para tanto consideramos o artista francês como um grande ‘contemplador’, aquele que é capaz de captar o mundo ao seu redor de forma atenta e meticulosa, sem deixar passar aos seus olhos nenhum acontecimento, principalmente os de caráter transformador da fugacidade vertiginosa das sociedades. Para tanto realizou-se uma pesquisa bibliográfica, de maneira exploratória sobre as diferentes orientações teóricas no que diz respeito ao artista francês e as questões que nos dispomos retratar, sobre autoria, recepção e história da arte, respectivamente pelos devidos autores e/ou obras: Carelli (1994), Schwarcz (2008), Taunay (1983), Schmidt (2013), Jauss (1994), Iser (2007),  Zilberman (1989), Gombricht (2012), Francastel (2011) e Coleção Folio (2008). Dessa forma, com o estudo tentamos demonstrar a importância de Voyage pittoresque et historique au Brésil, em relação, sobretudo, a linguagem pictórica e histórica que Debret se vale para pôr em cena a brasilidade dos anos iniciais do século XIX. O tema dessa apresentação – “Representação cultural: Debret e o Brasil colônia” – nos pareceu especialmente apropriado ao momento pelo qual experiencia o campo das pesquisas sobre a arte brasileira do século XIX. Nos últimos anos vem crescendo o número de trabalhos que estudam o período: artistas e obras, críticos, movimentos e a própria “Academia Imperial de Belas Artes” têm sido tema de diversos estudos. Todo este saber faz com que as artes passem por uma vasta renovação. Diante deste contexto, parece fundamental refletirmos sobre a historiografia oitocentista, bem como sobre os artistas vinculados a essa historiografia, em especial o artista francês: Jean-Baptiste Debret. Em suma, ao estudar o artista francês, fazemos um recorte bem específico da história, ou melhor, um recorte que trata, além do mais, da redescoberta de um artista que dedicou ao Brasil elucidações estéticas e artísticas, ao fazer de sua linguagem um vasto material histórico à posteridade.

Thuane Graziela Xavier Pedrosa

As percepções do tempo histórico do pintor José Maria dos Reis Júnior: uma análise das obras artísticas e livros publicados.

 

Refletir sobre qual era a percepção de História que Reis Júnior possuía. Buscar entender como esse homem, fruto do século XX, que vivenciou duas guerras mundiais, nascido em Uberaba e com formação ampla dos diversos lugares que passou no Brasil e no mundo, recupera a história para produzir seus quadros e escrever seus livros. Para isso, temos alguns fatores que nos ajudam a pensar sobre essa apreensão do autor, que são as telas de temas históricos, o dicionário de arte produzido por ele e as duas biografias de conceituados artistas.

 

Camilla Bosco Silva

A modernização arquitetônica de Uberaba nos anos de 1930 a 1940

A pesquisa tem como foco a residência onde atualmente se encontra o Hotel Tamareiras, esta casa foi projetada por Carlos Simonek em um estilo arquitetônico que surge da junção do mouro de origem árabe com o florentino proveniente da Itália para o pecuarista mineiro Guiomar Rodrigues da Cunha em 1941. O domicílio hoje, pertence ao empresário uberabense Silvio Rodrigues da Cunha, que o adquiriu no ano de 1985 e terminou o projeto do hotel no final de 1989. A proposta principal é analisar os elementos simbólicos que envolvem o processo de construção arquitetônico na cidade de Uberaba, identificando assim a representatividade de Guiomar no início do século XX, período da construção, além de observar a influência dos criadores de gado na cidade tendo em vista que o proprietário se tratava de um pecuarista. Sendo assim, o objetivo do trabalho é analisar a partir da construção da residência, as relações sociais que se estabeleceram no processo de consolidação dessa elite uberabense.

Renan Fernandes

Décio de Almeida Prado: Transições entre o Discurso Crítico e o Historiográfico (1940-1987)

A proposta deste trabalho é o estudo da produção intelectual do crítico e historiador do teatro brasileiro Décio de Almeida Prado, especificamente entre os anos de 1940 e 1987. Assim, à luz das discussões ligadas à estética da recepção (Hans Robert Jauss) e acerca do conceito de matriz disciplinar (Jorn Rüsen), nos propomos estabelecer os debates referentes à formação da crítica teatral brasileira enquanto gênero literário. Por conseguinte, pretendemos articular essa formação enquanto influência teórica para a construção de uma matriz interpretativa da historiografia do teatro brasileiro.

Partindo desse questionamento, nossa pesquisa tem como intenção articular o trabalho crítico e historiográfico de Décio de Almeida Prado, atentando para as aproximações entre esses dois campos de atuação autor. Com efeito, pretendemos  estabelecer o diálogo que contemple o estudo das críticas teatrais articuladas ao o processo de delimitação da historiografia do teatro no Brasil. Ressaltaremos, assim, a possibilidade  dessas duas áreas do conhecimento tornaram-se retroalimentadoras, ou seja, influenciadoras do discurso uma da outra.

Dito de outra maneira: pretendemos abordar – a partir do estudo das críticas teatrais e do trabalho historiográfico de Décio de Almeida Prado– a ideia de que tanto as críticas teatrais quanto a historiografia do teatro brasileiro surgem de um mesmo âmbito teórico-metodológico, ordenando um discurso que se constituiu como base interpretativa do fazer teatral nacional, seja pela historiografia ou seja pelas críticas, sendo legitimada através dos tempos. Acreditamos, portanto, que o do trabalho de Décio corresponde à fase de formação de uma nova matriz interpretativa para a crítica e a historiografia do teatro brasileiro, processo desenvolvido durante a existência da revista Clima e consolidada com a experiência do Suplemento Literário até o ano de 1968.

 

 Marcella Gonçalves da Costa.

“O Teatro dos Críticos: reflexões sobre o lugar de Jefferson Del’ Rios na Historiografia do Teatro Brasileiro”

 

 

A proposta deste trabalho é decorrente de pesquisas já iniciadas com o projeto de pesquisa de iniciação científica, O Teatro dos Críticos: Politização – Estetização – Pós- Modernização [1950 – 2010], sobre a orientação da Profª. Drª. Rosangela Patriota e incentivo do CNPq, que possibilita um novo olhar para a historiografia do teatro brasileiro através da ótica da crítica teatral.

Este estudo se debruça, especificamente, sobre o crítico teatral paulista Jefferson Del’ Rios e seus registros. Principalmente seus livros publicados pela “Coleção Aplauso Teatro Brasil” com a reunião de suas críticas desde 1969 (quando o autor ocupa a crítica teatral do jornal A Folha de São Paulo) até 2009 (estando em atividade, atualmente, no jornal O Estado de São Paulo). Temos, assim, um compilamento de 40 anos de ofício cujas críticas foram selecionadas por ele mesmo, um suposto balanço de memória.

Nestas páginas, Jefferson é um autor destacado pelo seu ofício. Portanto, conhecemos assim uma parte de sua vida através dos seus registros como profissional da área teatral, crítica e jornalística. Injunções de uma via de mão única que optamos por partir do seu nome e dialogar com as áreas da arte e da cultura, da história e do teatro. Buscando em outras fontes, como o seu livro “Bananas ao Vento”, registros de sua autoria para além das críticas e das questões do seu tempo que possam complementar a pesquisa. Abarcando não só o modo como o autor realiza a crítica teatral, mas também o seu papel como crítico e o seu possível lugar na historiografia do teatro brasileiro.

Diante disto, o recorte elegido, para ser enfocada neste trabalho, concerne ao início de sua trajetória profissional, ou seja, a década de 70. Delimitação temporal em que é possível de ser perceber apontamentos do autor quanto à emergência de debates relacionados ao trabalho de “Teatro de Grupo” e de “Teatro Comercial” e, também, a relação do crítico com uma determinada historiografia do teatro brasileiro da época.

Em suma, pretendo trazer as percepções iniciais quanto a como Jefferson Del’ Rios compõe o “seu teatro”, ou seja, o seu caráter histórico, suas propostas e suas singularidades. Partindo do pressuposto da crítica teatral ser mais que um registro, ela é, também, capaz de organizar a experiência histórica, dar forma a uma memória. Logo, ao pensar em Jefferson Del’ Rios, entrevemos as possibilidades para ver a escrita da História não só como privilégio do historiador.

Letícia Fonseca Falcão

CRÍTICA TEATRAL E HISTORIOGRAFIA: OS DISCURSOS DA ESCRITA DA HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO.

 

A crítica teatral, que assume um papel crucial em diversos momentos da História do Teatro Brasileiro, muitas vezes acaba sendo tomada apenas enquanto uma representação da prática teatral, assumindo a tarefa de teorizar a recepção das obras e muitas vezes de ser um lugar de registro dessas impressões e da construção de novos momentos na cena nacional.

Entretanto, muitas vezes nos esquecemos que essas páginas tem se configurado como importantes referências para a história do teatro brasileiro. Assim, este trabalho visa refletir acerca da crítica teatral enquanto prática. Trata-se de tomar como objeto de pesquisa as facetas adquiridas por essas narrativas que tantas vezes  preenchem as lacunas da historiografia acerca do teatro brasileiro num do esforço de organizar a experiência histórica e estética que envolve o tema.

Trata-se um esforço empreendido no sentido de compreender a constituição de um discurso fortemente dotado de autoridade intelectual. Percebemos na crítica teatral um espaço onde muitas lutas são delineadas, onde tendências estéticas são postas a julgamento e especialmente onde muitas vezes se forjam construções de uma pretensa memória capaz de estabelecer-se por muitas vezes enquanto a dita “História do Teatro Brasileiro”. Assim é possível notar a presença de uma perspectiva e um compromisso que em momentos específicos aparenta vir do anseio de construir através destes textos uma interpretação lógica  e  histórica daquilo que se contempla no universo teatral.

Frequentemente nos deparamos com críticos teatrais empenhados na tarefa de interpretar determinado momento de nossa dramaturgia pelos mais variados vieses: a modernização, o engajamento político, a internacionalização  do palco brasileiro, etc. Mais do que um diálogo ou produção interdisciplinar, somos então postos diante de sujeitos que tomam para si muitas vezes a tarefa de historiadores do teatro brasileiro e somos enfim instigados a compreender a historicidade dessa produção e dessa narrativa tão híbrida e que tantas vezes tomamos como referência.

Pensar o lugar da obra de arte na historiografia torna inevitável o movimento que nos leva a refletir  sobre os  diversos lugares e discursos onde a história está sendo feita e os questionamentos que delineiam a busca por uma compreensão atrelada as inquietações históricas, políticas, estéticas e sociais desses sujeitos. Isso posto, este trabalho propõe enfim discutir o ofício do historiador e o lugar de sua narrativa no debate com diversas áreas do conhecimento na busca pela construção do conhecimento histórico, tendo como centro a discussão entre historiografia e crítica teatral.

Luciana Tavares Borges

De um Joaquim a outro. As cartas de Machado e Nabuco sobre o “lugar” da literatura brasileira.

As correspondências entre Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo (1849-1910) e Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) encerram um rico material de análise sobre a literatura e a política do Brasil oitocentista e do início do século XX. Compreendidas por um período de 1865 a 1908, estas missivas expõem a luta de ambos por um projeto de uma literatura nacional. Amparados por uma concepção de uma identidade literária, Nabuco e Machado procuravam-se destoar do projeto dos românticos sobre a literatura brasileira. Desse modo, estes dois intelectuais imbuíam em suas cartas a intencionalidade de transformar a literatura não num projeto nacionalista e ufanista, mas que a mesma refletisse em si a cor local. Nesse sentido, a fundação da Academia Brasileira de Letras procurava instaurar uma instituição literária, que correspondesse a esse anseio. Daí que essa comunicação pretende problematizar o sentido de um projeto de uma identidade literária somada ao projeto do país emancipado politicamente, que buscava a sua solidez no cenário mundial. Dessa forma, faz se necessário argumentar em que sentido denominar um “lugar” na literatura brasileira a tornaria uma instituição autônoma e reflexiva dos assuntos locais.

Ciro Macedo de Souza

Narrativas Revolucionárias no Teatro Russo: O Mistério-Bufo de Vladimir Maiakovski

 

A Revolução Russa tradicionalmente foi tratada pela historiografia por um viés político-institucional: escrevia-se, em linhas gerais, uma história do partido bolchevique. Sem desmerecer a importância desses estudos, acreditamos na relevância de se abordar também outros aspectos desse complexo momento histórico, tais como a cultura, as artes, a economia, o imaginário, etc.

Nesse sentido, optamos por um enfoque nas artes e cultura desse período que contou com artistas tão inovadores e até hoje influentes em diversas áreas: Kandinski (artes visuais), Rodtchenko (fotografia), Eisenstein (cinema), Vertov (cinema-documentário), Meierhold (teatro), Maiakovski (poesia, teatro), dentre outros.

Maiakovski, conhecido como o poeta da revolução, foi uma das figuras que mais incorporou a arte e a política como esferas unidas. Sua arte engajada esteve presente nos mais diversos fronts: poesia, teatro, cinema e até mesmo em cartazes publicitários (propaganda socialista).

Ao tomarmos contato com sua obra dramatúrgica, uma grande mudança da relação do autor com a URSS nos chama a atenção: o otimismo da primeira peça (Mistério-Bufo, 1918) com a revolução daria lugar à comédia política fortemente crítica aos burocratas (Os Banhos, 1930) e também à sátira-sombria de ficção científica (O Percevejo, 1929) que, como os melhores exemplares do gênero, apontaria para um futuro tenebroso tendo por base as mazelas do presente.

Com base nisso, iremos analisar nesse trabalho sua peça Mistério-Bufo. Para tal, o diálogo com historiadores que tratam do uso do teatro como fonte para a pesquisa histórica é essencial. Deve-se buscar entender o código estético próprio da atividade teatral, em seus vários elementos: dramaturgia, interpretação, cenografia, iluminação, trilha sonora, figurinos, etc.

Uma dificuldade a ser enfrentada se deve ao caráter de acontecimento do teatro. É um evento que ocorre em determinado momento e depois de dissipa, deixando rastros: no texto da peça, na memória dos atores e dos espectadores, em eventuais imagens, pinturas, fotos ou filmes, nas críticas teatrais. Cabe ao historiador recompor esses elementos para tentar se aproximar do acontecimento.

Nesse ponto a pesquisa histórica tem muito a oferecer ao campo teatral, estabelecendo mediações entre o documento e o processo histórico em que ele foi criado. Assim, partimos de Mistério-Bufo para tratar de diversas questões referentes à história cultural da Revolução Russa.

Lays da Cruz Capelozi

“O Casamento” de Nelson Rodrigues: Perspectivas do Brasil dos anos 60”

A proposta deste trabalho tem como pressuposto a compreensão da historicidade do único romance lançado por Nelson Rodrigues, O Casamento,publicado em 1966, o romance aborda uma família carioca bem sucedida que irá casar sua filha mais nova, o pai entra em colapso ao se dar conta dos seus sentimentos pela filha, mas ao mesmo tempo, sabe a importância do casamento perante a sociedade. Partindo disso, a pesquisa tenta compreender, primeiramente, qual o concepção de casamento e família para Nelson Rodrigues, para isso iremos utilizar algumas de suas peças e sua trajetória no jornal.

Leilane A. Oliveira

Discussões acerca do poder e da alteridade: o objeto artístico em questão – Oleanna (David Mamet)

 

Antes de qualquer discussão temática é necessário analisar o tempo e o espaço em que se insere a obra Oleanna, valorizando sua singularidade, as tensões e incertezas que carrega, enfim, resgatando sua historicidade, sua temporalidade, uma vez que é construída por um sujeito histórico que faz suas escolhas estéticas, políticas e sociais.

Localizar temporalmente uma obra significa olhá-la em seu contexto social, político e cultural. Assim, que tipo de sociedade possibilita que determinadas obras e temáticas sejam produzidas/reproduzidas?

Oleanna faz parte de um conjunto de obras escritas por David Mamet, sobretudo na década de 1990, uma vez que o texto teatral foi escrito em 1992. Retrata o ambiente de uma universidade, onde se desenvolve um longo diálogo, entre um professor e sua aluna, que desvendará a complexidade das relações que se expressam na sociedade, marcada pela disputa de poder, pela busca da liberdade e da felicidade individuais, além de trazer questões como o politicamente correto e suas consequências desastrosas. A década de 1990 é o palco para essas discussões, sobretudo para aqueles que, como Mamet, vivenciaram os arautos de 1968, os movimentos liberais, de contestação da ordem social, dos direitos civis etc. e os movimentos radicais que se empenharam na luta contra a opressão e pela inserção de grupos sociais no espaço público, como os negros, as mulheres (Ver: MARCUSE,1973). Esses movimentos tiveram força, sobretudo, nas Universidades norte-americanas, tendo sido apoiados pela esquerda.

Mamet começou a escrever nos anos 1970, uma década que, segundo Bigsby, tinha o ar de um dia após festa, obviamente pela grande repercussão do ano de 1968. Vistas nesse panorama, surgem as tentativas de Mamet para dar vida a valores americanos, expondo-os na medida em que são traídos e subvertidos. Que ideais são esses? Estamos em um tempo moralmente falido e cabe a nós sermos sinceros quanto aos nossos ideais, pensa Mamet, dizendo que o teatro é um meio para isso e que “Se formos sinceros quanto aos nossos ideais nós podemos ajudar a formar uma sociedade ideal, não com meros discursos, mas criando essa sociedade todas as noites para uma plateia, mostrando como funciona. Através da ação”. (MAMET, 2001, p. 60.)

David Mamet, através da arte, traz isso à tona de uma perspectiva carregada de pessimismo. Para ele, não é a sociedade que é injusta e opressora, mas é a natureza humana que sucumbe em fraude e corrupção.

 

Olivia Macedo Miranda Cormineiro

REVERBERAÇÕES DA LITERATURA CLÁSSICA NAS NARRATIVAS DE IGNÁCIO B. DE MOURA: O CASO DE VIRGÍLIO.

 

Quando se pensa na região amazônica durante o final do século XIX a imagem que comumente surge é o de lugar distante, desconhecido e, ao mesmo tempo, marcado pelo inenarrável. O viajante, sobretudo em sua primeira viagem à região, parece não encontrar referências para descrever o que lhe chega à retina: são rios, florestas e “selvagens” para os quais não encontravam uma tradução adequada. Nesse jogo entre o alcance sensível e a dificuldade de narrar surgiu o diálogo com a tradição literária clássica. Ignácio Baptista de Moura, engenheiro que viajou à região do Vale do rio Tocantins pela primeira vez em 1896, é um desses viajantes impactado e vacilante, cuja narrativa, o relato De Belém a São João do Araguaia: Vale do rio Tocantins, publicado em 1910,  reverbera os clássicos de Virgílio. Assim, nosso objetivo nessa apresentação é problematizar de um lado, as correspondências entre as imagens virgilianas e a paisagem amazônica construída pelo engenheiro; e de outro lado, buscar compreender como os signos apropriados daquela literatura da antiguidade clássica compõem uma das narrativas instituidoras da região dos vales dos rios Araguaia e Tocantins, um sertão particular.

Samuel Nogueira Mazza

ESTUDO DO ESPETÁCULO NO SINGULAR (2012), DA QUASAR CIA. DE DANÇA

Nesse Trabalho, pretendemos analisar o registro fílmico do espetáculo No Singular (2012), encenado pela Quasar Cia. de Dança. Para tanto, temos que ter em mente que estamos em contato com duas narrativas diferentes: a dança e o registro fílmico, que têm linguagens diversas e possuem códigos e procedimentos de análises análogos.

Sabemos que a dança encenada no palco é, em sua essência, um espetáculo efêmero, que possui uma duração e que não pode nunca mais ser repetida de forma idêntica como o foi. Em contrapartida, o desenvolvimento técnico possibilitou o surgimento de diferentes formas de registro, além do escrito, e que hoje são fontes para os historiadores pensarem as diversas manifestações humanas. Um desses materiais que tem concentrado análises é a filmagem não só os com enredos dramáticos ou documentários, mas também qualquer tipo de material construído na mídia fílmica.

Por se tratar então de uma linguagem, análoga à dança, com seus próprios códigos, o registro fílmico acaba por influenciar a recepção da dança que foi encenada, pois a edição de imagem e de som, posicionamento e movimentação das câmeras, cortes, efeitos, enfim todos os procedimentos característicos das películas acabam por nos dar uma representação do que foi espetáculo.

Nesse momento, é de extrema necessidade dialogar com teóricos da história que discutem o uso do cinema, do filme, enfim, da gravação videográfica como fonte para o historiador. Pretendemos buscar esses fundamentos em Robert A. Rosenstone, em seu livro A história nos filmes/Os filmes na história (2010) e História e Imagem: Os Exemplos da Fotografia e do Cinema (1997) de Ciro Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauad. Esses três autores vão nos fornecer procedimentos para trabalhar a escrita histórica através das representações construídas pelo cinema.

Acreditamos que, realizando essa mediação entre o registro fílmico, o espetáculo encenado e o contexto histórico cultural no qual a companhia está inserida, seja possível, mais do que entender a obra No Singular, construir uma história a partir dessa obra obervando como os artistas representam um contexto histórico e como o público se sente representado, se reconhece nessa manifestação. Buscamos assim descortinar questões que permeiam a contemporaneidade e que estão presentes no cotidiano dos indivíduos.

Julia Lima Ribeiro

O espaço da Dança-Teatro Bauschiana na historiografia

 

O conceito Dança-Teatro não possui origem puramente alemã. Segundo Karen Bradley (2009), o dançarino e coreógrafo Rudolf Laban, considerado como o “pai da Dança-Teatro” – utiliza tal termo em seu artigo denominado “Das Tanztheater” (ou A Dança-Teatro), em 1924. Contudo, não cabe a nós discorrer acerca da constituição contextual do termo, uma vez que o foco deste trabalho é a melhor compreensão do conceito da Dança-Teatro, à vista da coreógrafa alemã Pina Bausch, e o lugal dessa obra de arte na historiografia.

A Dança-Teatro Bauschiana pode ser considerada como a mais autêntica representante da corrente alemã. Vale ressaltar que o Tanztheater não se resume a soma da dança ao teatro, mas se apresenta como uma espécie híbrida, a qual se dá com base na sensitividade de Pina, de seus dançarinos e a construída em conjunto por ambas as partes.

Lícia Maria Morais Sánchez, autora de A Dramaturgia da memória do Teatro-Dança, iniciou, em 1987, sua participação direta nos processos de criação de Pina. Ao tomar sua obra, Sánchez afirma que as respostas no processo bauschiano não constituem uma improvisação, o intuito é fazer com que o intérprete se desnude, mas não permite que o mesmo perca a cabeça, colocando em jogo os seus problemas pessoais.

Ela busca algo dado como “real” e não como mera representação do real. Segundo a coreógrafa, “não devemos imitar a realidade, pois ela é mais forte que qualquer imitação.” (SÁNCHEZ, 2010. p. 58). Assim, Pina não se baseia no sentido mimético de representação, mas no de “ser você mesmo”, com seu próprio ritmo, seus próprios gestos e sua “marca”, sem máscaras de atuação.

Mediante tal linha de pensamento, é que propomos a análise da Dança-Teatro como uma obra de arte, a qual possui o seu espaço na historiografia, embora o fazer historiográfico no âmbito da Dança seja escasso comparado com outras linguagens artísticas, como o Teatro, o Cinema e a Literatura. Consideramos então, a competência em se construir um discurso sobre o passado acerca de uma linguagem pouco trabalhada, em vista de outras.

Para mais, segundo Walther (1993) – citado por Juliana Carvalho em Contextualização da Dança-Teatro de Pina Bausch -, a Dança-Teatro bauschiana torna-se um modelo por mostrar a relação da conduta corporal com o contexto social. Portanto, além do já apresentado, cabe a nós garantir historicidade ao tema proposto, uma vez que a dança se relaciona ao corpo e este ao contexto social.

Gabriel Passold

ARTE E POLÍTICA: UMA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA ANÁLISE DO RAP

 

Alguns setores da tradição crítica nas Universidades têm denunciado a falsidade das aparências da época democrática. Os intermináveis lugares onde se inscrevem o poder de quaisquer indivíduos, como por exemplo, nas artes, esconderiam uma relação de dominação, com o elemento kratos (poder) fora do demos (povo), o que evidenciaria a onipotência do poder do capital deste período. Não seria o caso, em contrapartida, de analisar a política dessas imagens que nos visitam? Pois tais inscrições não são meras aparências que escondem a realidade de um mundo ainda segregado e os direitos humanos não são meramente os direitos do indivíduo egoísta burguês, trata-se de um modo efetivo do aparecer de um mínimo de igualdade que se inscreve no campo da experiência comum. Quando isso ocorre, a ordem natural de dominação é interrompida por esses que fazem política. Pensamos a revolução como a emancipação ao alcance para qualquer indivíduo, como um processo de subjetivação, onde a revolução não depende da compreensão de um processo global de sujeição, mas é a aplicação da capacidade de qualquer um na construção do mundo. Surgem então, nesse tempo democrático novas possibilidades de vida. A revelia da tradição crítica que assegura a onipotência de uma indústria cultural, já faz algum tempo que o demos se inscreve na História por um elemento do kratos. Especificamente nas artes, situamos nossa proposta teórico-metodológica, a princípio, na análise estética de algumas obras de Rap, arte atual de fabricação musical supostamente desenvolvida no final do século XX. Este evidencia imagens do poder do “povo” na música e por isso proporciona cenas políticas. É necessária uma investigação dessas cenas de dissenso nestas obras, onde os corpos falam de outros lugares que não os seus da organização platônica da democracia, quando esses indivíduos a princípio destinados à obediência constroem narrativas de vida novas em um processo de subjetivação política. Entendemos que seja mais frutífera tal direção de investigação do que na eterna demonstração da onipotência do poder do capital. Dessa maneira, propomos pesquisar a relação imbricada entre história, arte e política, onde se considera a capacidade de corpos quaisquer se apoderarem de seu destino, como nos mostra, mais das vezes, a arte.

 

 

Javan Moises Girardi

Cânones: a retórica da historiografia da MPB.
O presente trabalho tem como escopo discutir a criação e reprodução do conceito de MPB – para além de um estilo musical, uma postura política – a partir dos trabalhos de alguns estudiosos da Música Popular Brasileira, tais quais José Ramos Tinhorão, José Miguel Wisnik, Arnaldo Daraya Contier e Marcos Napolitano. A discussão busca criticar a forma representacional de arte – postulada por autores clássicos como Aristóteles – e tem como antítese teórica a ideia de liberdade artística, a partir do conceito de educação estética, pautada em autores como Immanuel Kant, Friedrich Schiller e Jacques Rancière. Ou seja, o que se busca com este artigo é iniciar uma discussão acerca do modelo de eleição política dos artistas que compunham a gama da MPB, sobretudo no cenário da década de 1960, para entender o desdobramento em que a música popular brasileira rumou, analisada a partir de um artista aparentemente autônomo e que passeia por vários campos harmônicos, estéticos e políticos da canção. Nesse sentido, o que perseguimos é a concepção de arte e a construção da posição político-artística de Zeca Baleiro frente às correntes musicais brasileiras contemporâneas e perante ao que se refere à autonomia estética do gosto.

 

 

Fernando Cesar dos Santos

Progresso em Victor Hugo: Falsos firmes passos

Parece-me pertinente entender o século XIX como sendo, por excelência, a época dos antagonismos devido ao embate de concepções que aí se formularam e criaram ressonâncias pelos séculos posteriores. Algumas correntes de pensamentos se constroem de maneira pessimista e outras otimistas; algumas progressistas e outras fatalistas. Além desse dualismo, visto em boa parte de seus ilustres pensadores, o XIX nos traz uma exacerbação do sentimentalismo através de forte oposição ao homem racionalista que surgiu com a Modernidade.

O Romantismo surge, então, como contestação a um momento que se pretendia perfeito e simétrico, adotando uma postura de desconforto em relação ao que encontramos como quase sacralizado no meio das artes, da política e da sociedade em geral.

O romance “Os Miseráveis” (1862), de Victor Hugo, é herdeiro desse caráter contestador, mas gosto de ressaltar que o autor apresenta através de sua pena a própria contradição de seu século: os elementos do cristianismo e do iluminismo parece fundirem-se em um caleidoscópio racional. O aparente caos de concepções que se constroem historicamente como antagonistas, aparece como uma concepção muito bem arquitetada, mas não deixando de dar vazão aos excessos da idealização romântica.

Assim, buscarei apresentar como o progresso toma corpo na obra de Hugo e como esse conceito encerra em si boa parte dessa potencialidade e controvérsia de um dos grandes escritores do XIX, o chamado “l’homme siècle”.

Ordem de apresentação do Grupo de Trabalho 10

GRUPO DE TRABALHO 10

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OF)

Narrativas imperfeitas, olhares cinematográficos: o cinema como fonte no fazer historiográfico

Lucas Henrique dos Reis (UFU)

Suelen Caldas de Sousa Simião (UNICAMP)

 

Dia 09 de junho de 2015

1 – SUELEN CALDAS DE SOUSA SIMIÃO

O flanêur contemporâneo na Buenos Aires de Medianeras (2011): sensibilidades e espaço urbano

O processo de urbanização tem sido apreendido de diversas maneiras tanto pelos gestores da cidade, quanto para quem nela habita. Nesse sentido, o trabalho com objetos culturais, como narrativas cinematográficas, por exemplo, constitui-se como um importante objeto para pensarmos as formas de sociabilidades contemporâneas na cidade. O cinema aparece como um produto cultural e uma arte de inserção do homem no mundo, “objeto de significação” e “objeto de comunicação cultural entre os sujeitos”, como escreve Barros. Nesta medida, optamos por trabalhar com Medianeras, filme argentino de Gustavo Taretto (2011), que trata da relação entre duas pessoas avessas ao contato social, Martín e Mariana, que vivem em Buenos Aires, têm características bem semelhantes, são vizinhos, mas não se conhecem. Ambos veem na cidade de Buenos Aires a perfeita metáfora do caos, que graças à arquitetura aparece de maneira latente, discurso que é reafirmado pelos personagens durante todo o filme. O objetivo desse texto é trabalhar com a flânerie contemporânea do personagem Martin, mais do que um simples observador da cidade, uma personagem que se articula também a partir do olhar virtual e da flânerie eletrônica.

 

2 – OLÁVIO BENTO COSTA NETO

O cinema contra a homofobia: “Fresa y Chocolate” e as representações da perseguição contra os homossexuais em Cuba durante o governo de Fidel Castro.

Nos dias atuais, a luta pela igualdade vem sendo cada vez mais problematizada. Questões como, por exemplo, gênero e raça conquistaram grande espaço nos debates sociais em todo o mundo e, cada vez mais, vem trazendo novas discussões de grande relevância para a sociedade em que vivemos. O histórico de perseguição às minorias pode ser observado em todos os tipos de governo, sejam eles ditatoriais ou não. Tais situações permanecem na história da humanidade, novos capítulos são acrescentados a todo momento e, mesmo assim, ainda há muito do que se falar.  Um dos debates que ganhou grande espaço nos últimos anos é os direitos da causa LGBT, neste momento em que vários países estão se conscientizando para com a igualdade sexual, ainda podemos ver aqueles que tentam combater tal movimento. Vemos todos os dias casos de violências contra homossexuais, barbaridades justificadas por pensamentos preconceituosos disseminados com o tempo, discursos de ódio findados em razões, em sua maioria, religiosas que se contrapõem diretamente com os direitos da humanidade. Em um mundo onde os governos totalitários ainda ganham espaço, apoiados por aqueles que se sentem ameaçados com o diferente, é necessário analisar como tal opressão acontece em todos os lugares.

Tendo em vista a pouca importância que muitos dão às minorias, o presente artigo pretende, por meio da análise cinematográfica, entender, nas décadas que se seguiram à vitória da Revolução contra o governo de Fugêncio Batista, como se deu a perseguição e opressão aos homossexuais na Cuba liderada por Fidel Castro. O estudo tem como fonte o filme de 1994, dirigido por Tomáz Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío, “Morango & Chocolate”, obra de grande importância para o cinema cubano em âmbito mundial, que trata, de maneira muito bem construída, da opressão à certas minorias dentro da revolução.

 

3 – BRUNA THALITA AQUINO SILVA

Uma Visão Sobre O Cinema Documentário em Eduardo Coutinho

O século XX foi marcado por trazer inovações técnicas, estéticas e narrativas para o cinema, em especial, para o cinema documentário, que sofre mudanças nessa época ao perceberem que há mais sobre a linguagem documentária do que aquela presente na sua forma mais clássica, com presença da voz over, cuja função era, principalmente, educar.

Ao perceber que a estética e a forma de fazer cinema estão em constante mudança, o objetivo desta pesquisa é compreender a relação entre televisão e cinema, especialmente no Brasil durante o século XX, visto que com o surgimento do Cinema Novo no Brasil, foram reforçados vários preconceitos entre ambos. Para tal, busco essa relação observando principalmente os documentários de um grande cineasta brasileiro, Eduardo Coutinho. Percebendo, essencialmente, a importância do cinema documentário para a construção histórica e para a compreensão das mentalidades, através das asserções construídas entre o documentário e o mundo, entre os personagens e o passado, bem como com o presente.

Vemos em Coutinho que este não nos apresenta uma forma pronta, mas a cada novo documentário se transforma e busca elementos novos que dialogam com o seu modo de pensar o documentário e de construir asserções com o mundo.

A trajetória de Coutinho se torna interessante por vários motivos. Começou sua carreira como cineasta de ficção, depois foi convidado para trabalhar em um programa de televisão da Rede Globo, o Globo Repórter. Foi após seu período trabalhando ali que se tornou documentarista. Neste caminho, é possível observar como o trabalho na TV foi importante, podendo considerá-la como uma escola para a linguagem e a narrativa presentes nas produções dele.

Percebemos que há uma importante relação entre a história, a teoria da história e o cinema, no qual Eduardo Coutinho é um excelente exemplo para tal reflexão, visto que o cineasta além de renovar a produção cinematográfica dos documentários, busca sempre estabelecer asserções com o mundo, não apenas do presente, mas também do passado, perceber a sociedade e mostrar as representações desta sociedade.

 

4 – VINÍCIUS ALEXANDRE ROCHA PIASSI

Ditadura, pretérito imperfeito: um passado que não passou sob o foco das câmeras de Lúcia Murat

Este trabalho se propõe a analisar, entre a filmografia de Lúcia Murat, suas produções voltadas para a abordagem de temas relacionados à ditadura civil militar brasileira. Lúcia Maria Murat Vasconcelos, cineasta, 65 anos, era uma jovem de classe média, estudante de economia envolvida na militância armada contra o regime na época em que vivenciou as experiências de tortura e repressão que discute em seus filmes. Ela inicia sua carreira no cinema no final dos anos 80, e, tendo em vista a radicalidade das experiências pelas quais passou, estas são tematizadas recorrentemente em seus filmes, cujas narrativas são construídas, principalmente, a partir de suas próprias memórias. Para a análise transversal de sua filmografia foram selecionados os longas-metragens Que bom te ver viva (1989), Quase dois irmãos (2004), Uma longa viagem (2011) e A memória que me contam (2012), a partir dos quais se pretende compreender o processo de elaboração de suas experiências traumáticas e os modos como ela se relaciona com seu passado. A diretora tem uma produção variada no meio audiovisual ligada à sua produtora, a Taiga Filmes e Vídeo, mas os filmes escolhidos já compõem um material significativo para análise de acordo com os propósitos de identificar traços de memória de suas experiências da ditadura e as formas de lidar com esse passado através da prática cinematográfica. Para realizar este intento, parte-se de uma perspectiva de análise fílmica multidisciplinar que possibilite identificar e compreender a variedade de discursos articulados nas suas produções, as diferentes estratégias narrativas utilizadas em cada uma, as mudanças de estilo adotadas ao longo da carreira da cineasta para a abordagem dos variados temas de suas histórias, os modos de enunciação escolhidos para cada situação representada, as relações estabelecidas entre diferentes gêneros cinematográficos, assim como a técnica e a perspectiva predominantes em cada produção. Além dos filmes, os comentários e entrevistas da diretora e de sua equipe de produção e elenco reunidos nas edições dos filmes em DVD, bem como informações disponíveis na página da produtora na internet constituem fontes para a análise.

 

5 – MÁRCIO HENRIQUE GUIMARÃES

A ficção-científica como catalisadora do estudo de História: o legado de A Máquina do Tempo de H.G. Wells para o cinema mundial.

A ficção científica tem suas raízes em meados do século XIX, quando o continente europeu passava por intensas transformações tecnológicas, fato que funcionou como catalisador para alimentar a imaginação de muitos escritores. Entre eles, H.G. Wells (1868-1946), autor britânico que ficou notavelmente conhecido pelo caráter distópico presente em suas obras, sobretudo no seu livro de estréia, “A Máquina do Tempo”, lançado em 1895. Ele especularia sobre as possibilidades que o uso do progresso poderia injetar no avanço das relações sociais. O poder de cativar que a literatura de ficção científica já possuía, sobretudo com outro autor renomado, Júlio Verne, ganharia ainda mais notoriedade. Ele se tornou um expoente em sua época ao incorporar, não apenas especulações científicas em seus textos, mas agregando imaginação em novos conceitos científicos, além do seu tempo. Um desses conceitos foi a possibilidade de viagem no tempo, que é a base do seu primeiro livro. O fundamento científico utilizado nesta obra para mover sua narrativa era a utilização do conceito de uma “quarta dimensão” que aqui é atribuída ao tempo. Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de um inventor do final do século XIX que, com sua engenhosidade, cria um aparelho que o possibilita sair de sua época, viajando para o passado ou para o futuro. Com essa obra, ele abriu as portas da distopia demonstrando uma crítica sobre o destino da humanidade, sobre os desvios que ela tomava em sua época mediante a má utilização da tecnologia, ao passo que ele também argumentava sobre diferentes possibilidades para um melhor caminho que visasse uma transformação efetiva por meio dela em nosso mundo. Tal obra literária é seu maior legado pois continua a servir de inspiração constante como argumento criativo para diversos profissionais no mundo do entretenimento, principalmente no cinema norte-americano criando múltiplas possibilidades de construções narrativas envolvendo os mais variados caminhos para avaliar caminhos alternativos nas revoluções históricas pelas quais passam a humanidade e que forjam a própria História em si.

Objetivo: discutir como a partir desse eixo argumentativo ficcional, elaborado por H.G. Wells possibilita a criação de obras cinematográficas de caráter substancialmente relevantes movidos por reflexões profundas sobre quão longe o avanço tecnológico influi como fator determinante para modificar a estrutura social vigente em cada época, podendo alterar o equilíbrio do poder entre os homens.

 

6 – LUCAS MARTINS FLÁVIO

O Fogo é Roubado! A Projeção em Luzes de Uma Aliança Profana

Desde a recuperação do mito grego de Prometeu pelo poeta alemão Goethe, em 1774, até a publicação de Frankenstein ou o Moderno Prometeu por Mary Shelley, em 1818, pode-se perceber o aparecimento de uma preocupação que poderia atacar o progresso tecnológico que o projeto moderno apresentava: a razão estava vencendo a fé e o homem – a criação – poderia tentar fazer as vezes do criador. Quase um século depois, surgia uma nova forma de contar histórias, de narrar a vitória da tecnologia: era o cinema com o cinematógrafo. Em 1895 os irmãos Lumière apresentaram o que seria considerado o primeiro filme da História –  L’Arrivée d’un Train à La Ciotat – e sete anos depois Georges Méliès exibe Le Voyage dans la Lune, o primeiro filme de Ficção Científica. A partir daí, o cinema se mostraria uma forma narrativa extremamente profícua para esse gênero, nascido da releitura moderna do mito de Prometeu. Agora, lançando um olhar retrospectivo nesse pouco mais de um século dessa aliança, poderíamos nos inquirir sobre aquela preocupação inicial ao longo do tempo, de modo a buscar entender o olhar dos cineastas que produzem filmes de Ficção Científica sobre os avanços da tecnologia, essa busca incessante pelo que muitos chamam de “progresso”.

 

Dia 11 de junho de 2015

7 – LUCAS HENRIQUE DOS REIS

Nos Rastros Do Western: Civilização e Barbárie Nos Filmes de John Ford

Lançando um olhar sobre o western, é possível perceber que os conflitos desse gênero cinematográfico são construídos a partir de várias oposições: Leste versus o Oeste, o cowboy versus o índio, a professorinha versus a prostituta, civilização e barbárie, etc. Todos esses conflitos estão presentes na obra de John Ford, mas, se, no início da sua carreira, seus filmes são representações maniqueístas do Oeste, no período pós-Segunda Guerra Mundial, as fronteiras que definem essas oposições já não são mais tão bem definidas. Este trabalho tem, portanto, o objetivo de estabelecer uma mudança de perspectiva desse diretor quanto à relação/oposição entre civilização e barbárie. Para isso, optou-se pela análise de dois filmes — No tempo das diligências, de 1939, e Rastros de ódio, de 1956 — que são exemplos significativos dessa transformação na obra de John Ford. Os filmes serão analisados com as ferramentas de análise fílmica, que tem sido propostas desde os anos 1960 por Marc Ferro. Além disso, será necessária uma análise da obra do historiador estadunidense Frederick Jackson Turner, que, no final do século XIX, propõe uma interpretação da história dos Estados Unidos a partir da fronteira, e como essa tese de Turner começou a fazer parte do imaginário estadunidense no século XX e difundiu-se através dos filmes de western.

 

8 – JOÃO LUCAS FRANÇA FRANCO BRANDÃO

Jesse James, Produto de Eras: Uma Análise Sobre os Filmes de 1930 e 2007, em Paralelo com o Conceito de Banditismo Social, de Hobsbawm

A obra Os bandidos (1969), de Eric Hobsbawm, faz a apresentação de diversas categorias de foras da lei, cujas particularidades os fazem serem caracterizados como bandidos sociais.  Estes, com um diálogo marcante com a comunidade local – mundo camponês, o qual também pertenciam – por vezes justificavam suas ações em prol de seu povo, mesmo que o modus operandi se desse através da violência. Desta forma, esse artigo se pautará em dois exemplos distintos de foras da lei que Hobsbawm dissertou: Robin Hood e Lampião, a fim de dialogarmos com as representações de um outro bandido social, Jesse James, em produções cinematográficas de 1939 (Jesse James: Lenda de uma era sem lei; Henry King) e de 2007 (O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford, Andrew Dominik).

As duas fontes fílmicas estão separadas por um tempo de produção de mais de 60 anos e, portanto, apresentam diversas distinções na composição da narrativa e na criação do personagem, que é também uma figura histórica. A partir dessa premissa, o artigo visa compreender de que modo essas particularidades foram articuladas e de qual modo podemos dialogar Jesse James, considerado o fora da lei mais procurado da América, com os conceitos e as referências dos Bandidos de Hobsbawm.

 

 

9 – RENATA SILVEIRA DUTRA

“All Together”: Walt Disney Studios e a relação com a identidade americana nos Estados Unidos (1942-1945)

A nossa relação com a imagem tem sido cada vez mais íntima, e que, no caminhar da humanidade, as representações que a imagem proporcionou e proporciona caracterizam diversos momentos históricos, modos de ver e compreender o mundo e seus conceitos, e também dialoga essencialmente com o indivíduo, já que é feita por ele e para ele. Sendo assim, utilizar de uma fonte imagética para investigar e responder as perguntas feitas a partir do historiador não deixa de ter importância. O cinema, como fonte histórica, não deixa de ter sua relação com a imagem, mas ele também é dotado de outros elementos: movimento, som e fala. O cinema como fonte revela anseios, mensagens e pensamentos que estavam sendo discutidos no momento de sua produção, e também cabe a nós problematizar essas mensagens e trazê-las às nossas análises.

A Walt Disney Studios foi tomada como universo onde seria possível escolher a fonte para essa análise. Dentro desse panorama, a figura do Mickey Mouse ganha relevo e importância como objeto de estudo, visto que o ratinho acabou de tornando um ícone contemporâneo de poder econômico e de entretenimento tanto nos Estados Unidos como em todo o mundo. A partir disso faz-se necessário, em primeiro momento, entender como a figura do ratinho Mickey foi gradativamente se tornando símbolo do imperialismo estadunidense e, também, no contexto da Segunda Guerra Mundial entendermos a ausência da imagem de Mickey Mouse nas animações da War Production Board.

Nessa análise, tomamos como objeto de estudo três animações produzidas durante a Segunda Guerra Mundial pela War Production Board [1]: Out Of The Frying Pan Into The Firing Line (1942), The New Spirit (1942) e The Spirit of ’43 (1943). Essas animações protagonizadas pela Minnie Mouse e o Pato Donald, trabalham a ideia do “americano” como aquele que, de certa maneira, ajuda o exército estadunidense e seus aliados na Guerra de várias maneiras: desde auxílio financeiro, até mesmo com algumas atitudes cotidianas, como, por exemplo, o armazenamento da gordura usada na feitura das refeições e também a distribuição desta para determinados locais, tendo a finalidade para a indústria bélica.

 

10 – MARIA LUZIA ALVES BRITO

Intervenções norte-americanas do Vietnã ao Afeganistão: a ressignificação de Watchmen por Zack Snyder

Em 1987 Alan Moore iniciava as publicações da série de quadrinhos Watchmen, contando a história de um grupo de heróis que enfrentam diversos dilemas morais em um EUA futurista que teria vencido a Guerra do Vietnã devido a um acidente nuclear que transformou um renomado cientista em uma verdadeira arma nuclear. Vinte e dois anos depois, a série foi adaptada para o cinema. Se no momento de produção das HQs era clara a relação entre a narrativa de Moore e os anseios quanto a guerra do Vietnã, em 2009 a adaptação cinematográfica de Zack Snyder faz referências às intervenções militares norte-americanas no Afeganistão. O objetivo central desse trabalho será compreender através de dois produtos da indústria cultural norte-americana como o fracasso da intervenção militar norte-americana direta no Vietnã durante esse período de Guerra Fria influenciou no modo como os estadunidenses viam seus governos federais e suas relações internacionais e pretendo compreender também como essas relações se alteraram justamente com uma outra intervenção militar de caráter inteiramente novo, a guerra no Afeganistão.

 

11 – ARTHUR RODRIGUES CARVALHO

A Ironia em Dr. Fantástico: Disputas Narrativas na Construção Histórica

Partindo de conceitos no estudo de história e cinema de autores como Michèle Lagny e Robert Rosenstone, e daqueles na área da narrativa histórica com Hayden White, pretende-se explorar o uso do tropo linguístico da ironia no filme Dr. Fantástico de Stanley Kubrick (1964), e como seu uso é pertinente à construção da narrativa histórica a partir do longa.

Com o desenvolver do longa, o fino humor negro do diretor se torna evidente e, quando se leva em conta o fato de que ele foi produzido e lançado durante o mesmo período histórico que representa, nota-se como os vários traços irônicos foram trabalhados para impactar o espectador. Naquele momento, vivia-se a palpável paranoia com relação à guerra atômica e a destruição em massa, que o levava a crer na possibilidade do “fim do mundo”.  Tudo isso possibilita estudar a produção e representação desse contexto – a construção da narrativa histórica – trabalhada a partir do cinema.

[1] Departamento de Produção de Guerra. Era um órgão governamental dos Estados Unidos que decidia o uso de recursos e as políticas de investimentos para algumas áreas, geralmente culturais consideradas importantes para economia de guerra. KRAUSE, Katia Iracema. O Rato vai à Guerra: como o Mickey Mouse se tornou uma imagem de poder nos EUA, 1929-1946. Dissertação de Mestrado — Universidade Federal Fluminense UFF, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2011. P 131-132.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 9

Grupo de Trabalho 9:

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OE)

Múltiplas Narrativas deTrabalhadores: Trajetórias Sociais em Transformação

Coordenadores:

Profa. Janaina Jácome dos Santos

Profa. Rosana Kasue Kuniya

Prof. Fabiano Santana Silva

DIA 09/06

 

1 – ADERLAINE NOGUEIRA DOS SANTOS

No ritmo de produção da farinha: Lutas por sobrevivência de mulheres no município de Lajes – BA, de 1980 a 1990

 

2 – ANA MARIA BERTOLINO

A ideologia do Estado Novo: a ação dos intelectuais para a divulgação

Na época da ditadura do Estado Novo (1937-1945) foi de uma intensa propagação da ideologia  do regime varguista.  Para que essa propagação ocorra é preciso que tenha os intelectuais para dar uma formatação as ideias e valores ideológicos;  além disso a de se pensar como esses desempenhavam seu papel de intelectual, seu lugar, seus pensamentos, engajando-se para a afirmação dos valores pregados por eles e pelo governo através da  impressa.  Analisado o papel  de intelectual, há de se pensar em um diálogo com teórico Antônio Gramsci e os seus conceitos de intelectuais, trazendo para o  contexto dos intelectuais brasileiros ligados ao governo Vargas; explicitando a atuação de Pedro Vergara e seus escritos na revista Ciência Politica.

 

 

3 – AURICHARME CARDOSO DE MOURA

Mudança Técnica- Científica e Mundo dos Trabalhadores Rurais: Lógica Consuetudinária E Equívocos Gnosiológicos da Extensão

Entendendo que projetos de extensão rural e assistência técnica estão entre as bases do chamado “pacote tecnológico”, que procura inserir a agricultura no circuito do capital, procuramos investigar quais as leituras feitas e transformações vividas por pequenos produtores rurais da comunidade rural do Núcleo de Serviços II (NS II), localizada no município de Jaíba, Minas Gerais, em relação a esta nova dinâmica que está sendo gradativamente inserida no mundo rural.

As narrativas orais nos indicam que instituições públicas como a EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais) e o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) utilizam de várias formas para projetar no trabalhador rural ideias e ideais ligados a uma moderna forma de viver e explorar a terra. Através da distribuição de informativos, cartilhas e visitas, procura-se forjar uma hegemonia entre os pequenos agricultores através da divulgação de hábitos, conhecimentos e visões de mundo que estão ligados à lógica mercadológica e rentista da terra.

O saber racionalizado e padronizado tanto na produção agrícola quanto na gestão da propriedade e comercialização das mercadorias é exaltado. A atribuição e valor dado ao modo de produzir especializado reflete uma posição na qual o saber acadêmico deveria substituir o saber do homem do campo adquirido na “escola da vida”.

Ao selecionar o conteúdo a ser incorporado pelo lavrador, as agências estatais procuram inserir modos homogêneos de produzir, trabalhar e viver através de um controle social da cultura. Os técnicos agrícolas, ao buscarem impor um conhecimento pronto e acabado, sem diálogo ou participação dos lavradores, se deparam com costumes e visões de mundo diferentes.

Como metodologia de pesquisa usamos entrevistas orais, revisão bibliográfica, análise de jornais e documentos informativos distribuídos por entidades de extensão rural e assistência técnica. Consideramos que se persistir a forma autoritária de transmitir a educação técnica-científica, chamada por Paulo Freire de “equívocos gnosiológicos da extensão”, as respostas e vivências do trabalhador rural às novidades tecnológicas não serão aquelas esperadas pelos técnicos agrícolas.

 

 

4 – FLÁVIA GABRIELLA FRANCO MARIANO

RICARDO TAKAYUKI TADOKORO

A classe trabalhadora e os movimentos sociais urbanos entre estruturas e experiências

Ao refletir em pesquisas anteriores sobre experiências de resistência dos trabalhadores urbanos frente a privações e carências vivenciadas na cidade, percebemos que são intrínsecas as problematizações teóricas e metodológicas que permeiam a pesquisa acerca destes movimentos. Consideramos que compreender as experiências fundadas nos movimentos sociais urbanos faz-se substancial para a análise das dinâmicas e estruturas sociais contemporâneas nas quais se encontram imbricados, bem como o papel que desempenham frente a esta realidade. Pensar a ação social dos sujeitos meio a processos históricos e dialéticos de disputa (desigual) da cidade circunscreve-se em um campo de reflexão sobre a classe trabalhadora, suas demandas e organizações de classe e, sobretudo, sobre a atualidade da luta de classes. Partido destas premissas pretendeu-se estabelecer um ensaio reflexivo sobre abordagens e perspectivas de investigação histórica acerca dos movimentos populares urbanos por demandas, atentando-se a como os movimentos de luta por moradia se inserem nos aspectos da luta de classes. Entendemos os movimentos sociais como expressão das contradições de classes, tanto quanto lócus de efetiva construção destas. Buscamos refletir sobre como o conceito de classes sociais desenvolvido por Marx (2009) transgride a noção de fenômeno estático à medida que não limita a análise das classes à inserção na divisão social do trabalho. Historicizando a existência de classes sociais a partir das determinações do desenvolvimento do modo de produção e das relações sociais de produção, a teoria marxiana infere que além da condição material compartilhada, que determina a classe em si, esta se desenvolve, ainda, a partir do compartilhamento de interesses comuns e, por fim, do agir consciente. Desenvolvendo neste sentido, Thompson (2012) considera a dimensão da classe como resultado do compartilhamento de experiências comuns, estas determinadas pelas relações sociais de produção, delineando necessidades, valores, interesses e antagonismos que, na experiência social, constituem a consciência. Pretendemos, à luz de Thompson (2012), fomentar a análise dos movimentos sociais populares considerando as subjetividades construídas e expressas nas experiências cotidianas de seus sujeitos. Sob esses prismas, ressaltamos a reflexão sobre como as carências na vida urbana e as ações coletivas de resistências são experimentadas. Tomamos como requisito indispensável para a análise das condições de classe_ e de como elas se forjam nas relações cotidianas, políticas e ideológicas vivenciadas por estes trabalhadores e militantes_ investigar os sentidos, significados e identidades produzidos intrinsecamente no fazer-se da luta por moradia e da classe.

 

5 – KISLEY ADRIANA ARAÚJO SILVA

“Eu não quero me acabar em laranja, eu sinto muito”. As relações de trabalho em Prata – Minas Gerais (1990 – 2012).

O presente trabalho retrata a realidade e experiência que envolve os trabalhadores rurais na região de Prata/MG empregados, especialmente, na colheita de laranja na empresa Sucocítrico Cutrale LTDA. A região recebe diversos trabalhadores de outras cidades e estados do Brasil. Além dos trabalhadores migrantes, temos também trabalhando como colhedores de laranja pessoas oriundas da própria região, que encontram no campo o trabalho para a sua sobrevivência. Trabalhadores estes com experiências no campo e na cidade.  Busco compreender o envolvimento destes trabalhadores com a cidade e região, assim como com o trabalho na colheita. Para que esta discussão se efetive, busco pensar também o processo de deslocamento ou migração pelo qual passa grande grupo de pessoas.

Busco tratar das motivações para o deslocamento, da vinda desses trabalhadores rurais migrantes que vêm de toda a parte do Brasil, principalmente do nordeste, como Bahia, Alagoas, Natal e Sergipe. O contato com a temática e do trabalho rural, mais especificamente, iniciou-se também durante a realização do projeto de monografia.

O trabalho com as fontes orais é importante para trazermos à tona as experiências dessas pessoas, como elas vivem ou viveram nesse processo, além do mercado de trabalho, em como se relacionam com todo esse sistema capitalista, que rodeia tanto o campo como a cidade.

 

6 – LEONARDO DOS SANTOS RODRIGUES

“Pequenos proprietários rurais, suas narrativas e autoafirmação na relação como agronegócio. PRESIDENTE OLEGÁRIO – MG (1990-2013)”

O presente texto baseia-se em constatações feitas ao longo da pesquisa que culminou em dissertação de Mestrado intitulada “Agronegócio vs pequenos proprietários rurais: Diferentes formas de conceber e lidar com processos produtivos no campo. Presidente Olegário-MG (1990-2013). O mesmo tem por objetivo analisar experiências de pequenos proprietários rurais do município de Presidente Olegário, no Noroeste de Minas Gerais, que, entre os anos de 1990 e 2013, mudaram sua fonte de renda da agricultura para a pecuária de leite. São produtores rurais das comunidades de Lobeira, Capoeirão dos Badús e Três Barras, cuja mão-de-obra empregada é basicamente familiar, que sobrevivem, nos dias de hoje, da venda do leite para laticínios da região. Buscou-se acompanhar a trajetória destes sujeitos que, até determinada época, obtinham sua renda da agricultura, mas que passaram a sobreviver principalmente da pecuária de leite; caracterizar o sentido desta mudança em seu cotidiano e estabelecer a relação entre as mudanças neste recorte espacial e cronológico restrito e a atuação dos representantes do “agronegócio”. O trabalho também envolve a discussão sobre conceitos como “agricultura familiar”, “agronegócio”, “pequena propriedade rural”, “ pequeno produtor rural”, “agricultor”, “pecuarista” etc. que remetem a diferentes formas de vivenciar e referir-se aos processos produtivos no campo. A categoria “familiar”, por exemplo, mostra-se crucial, pelo tipo de mão-de-obra empregada nas propriedades, e por elas serem o lar das famílias que nela vivem e produzem. Por fim, amplia-se a discussão com questões como a relação do Estado com a estrutura fundiária; as várias perspectivas de produção e de relação com a terra inerentes a diferentes setores e grupos sociais; e os embates entre diferentes formas de se conceber o trabalho no campo e a relação com a terra.

 

7 – LUCELEIDE DE FREITAS QUEIROZ

O Regime Jurídico Único – Lei 8.112/90: uma trajetória de transformações nas relações de trabalho dos servidores da administração pública federal a partir da década de 90.

A presente comunicação terá como objetivo de pesquisa em andamento apontar reflexões iniciais a partir do Regime Jurídico Único-RJU (Lei 8.112/90) caracterizado pela trajetória de transformações nas relações de trabalho dos servidores da administração pública federal adquire outra configuração pelo processo de reforma do Estado e das políticas educacionais a partir da década de 90 e da continuidade desse processo com os governos “pós-liberal” até hoje, onde a reestruturação do trabalho exerce como pauta política da agenda neoliberal as mudanças nas relações de trabalho, marcado pela disputa dos movimentos sindicais que luta pelos direitos dos trabalhadores em educação das universidades federais. A pesquisa aponta algumas questões sobre a desconfiguração original do Regime Jurídico Ùnico por meio de Leis complementares, Medidas Provisórias, Decretos, Regulamentos, Emenda Constitucional e a interdependencia da Constituição Federal, em função de textos revogado, vetado e incluído entre ganhos adicionais e perda de direitos onde o Regimento dos trabalhadores adquire outro significado historicamente.

 

8 – ROSANA KASUE KUNIYA

Trajetórias da pesquisa: Múltiplas narrativas de trabalhadores do Shopping Park – Uberlândia 1980 a 2015

O objetivo para esta comunicação é apresentar reflexões iniciais dos caminhos percorridos até o presente momento na pesquisa em andamento no mestrado. Desde as escolhas e atitudes que me fizeram pensar e repensar a problemática dos modos de viver de trabalhadores do Shopping Park e também numa amplitude municipal referente à especulação imobiliária consequência da ação empreendedora de empresários e proprietários de terra próxima ao bairro. Para tanto, busquei no Arquivo Público Municipal da cidade e outros departamentos municipais fontes escritas que pudessem indicar caminhos para a presente pesquisa, entretanto a realização de narrativas tem evidenciado experiências, ou seja, práticas sociais de organização peculiares sobre a moradia e seus conflitos com departamentos responsáveis do município e com empreendedores da construção civil na região sul de Uberlândia-MG. A realização da pesquisa se baseia em teóricos na perspectiva de intelectuais ingleses marxistas E.P. Thompson, Raymond Willians e Alessandro Portelli, italiano e professor, para a metodologia da História Oral.

 

 

9 – ROSÂNGELA DE SOUSA MOURA SOUTO

Apontamentos sobre possíveis leituras no relatório da Comissão Nacional da Verdade acerca do tópico a Guerrilha do Araguaia

Nessa comunicação pretendemos levantar alguns questionamentos sobre o Capítulo 14, volume I do relatório final da Comissão Nacional da Verdade – entregue à Presidenta da República Dilma Roussef no dia 10 de dezembro de 2014 no Palácio Nacional – acerca da Guerrilha do Araguaia ocorrida numa região que abrangia o sudeste do Pará, norte de Goiás (hoje Tocantins) e sul do Maranhão, foi um movimento de luta armada que visava desarticular o sistema governamental implantado no país a partir de 1964, a Ditadura Militar. Com o golpe militar, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) viu incrédulo a ascensão dos militares ao governo e assistiu sua real possibilidade de ingressar na presidência, ruir-se. A implantação da ditadura pelos militares desarticula o PCB, havendo divergências entre seus membros, culminando na implantação de um novo partido, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Diante do quadro político inesperado pelos esquerdistas, o PCdoB entendeu que a única maneira de retirar os militares do comando do país seria através do confronto armado. A partir daquele momento era necessário implantar imediatamente o plano de ação contra a ditadura militar. Nossa pesquisa de mestrado, ainda em fase embrionária, sobre os moradores da região onde o confronto armado Guerrilha do Araguaia aconteceu, busca problematizar o lugar social desses moradores na reconstrução do relatório realizado pela Comissão. Partindo das discussões de Alessandro Portelli acerca da construção das memórias e das disputas em torno do direito à memória, que diz “Se a análise do trabalho de enquadramento de seus agentes e seus traços materiais é uma chave para estudar, de cima pra baixo, como as memórias coletivas são construídas, desconstruídas e reconstruídas, o procedimento inverso … parte das memórias individuais, faz aparecer os limites desse trabalho de enquadramento e, ao mesmo tempo, revela um trabalho psicológico do indivíduo que tende a controlar as feridas, tensões e contradições entre a imagem oficial do passado e suas lembranças pessoais”. Buscaremos compreender qual o sentido dos fatos traumáticos da Guerrilha no Relatório, procurando responder, mesmo que provisoriamente, a quais memórias se reporta o Relatório e em quais narrativas ancoram seus resultados: seriam nos depoimentos dos moradores, nos relatos dos jornalistas ou nas narrativas dos historiadores? Além disso, ainda dentro do contexto de pensar o direito à memória como direito social, tentaremos refletir sobre a concepção de “justiça” da Comissão da Verdade e os diálogos em torno da questão da “verdade” e da “reconciliação” proposta pelo Estado.

10 – JANAINA JÁCOME DOS SANTOS

Lugar de preto: práticas e espaços sociais em Uberlândia – 1950-1960

Nosso objetivo com este trabalho é refletir sobre as questões étnicas raciais na cidade Uberlândia, nosso objetivo principal investigar e ponderar sobre as transformações nas relações de trabalho da população negra de Uberlândia entre os anos de 1950 e 1960. As relações de trabalho são aqui entendidas como um processo conflituoso, de embates e lutas, que estão presente na sociedade. Para entendermos como se dão estas relações utilizamos como arcabouço teórico as reflexões de Thompson (1987; 1998) e Williams (1992). Adotamos como metodologia de pesquisa o trabalho com as fontes orais e escritas; neste sentido entrevistas e analises da fonte impressa, como os jornais publicados neste e em períodos anteriores (PORTELLI, 2000; BOSI, 2003). Dessa forma, partiremos da problemática do presente trazidas pelas narrativas desses sujeitos sociais. Este trabalho visa contribuir acadêmica e socialmente com a diminuição da discriminação e do preconceito contra os negros na cidade Uberlândia, por demonstrar e valorizar as relações sociais. Sendo assim, nossa pesquisa abrange as diversas áreas que abarcam o conceito de cultura, memória e história.

11 – FABIANO SILVA SANTANA

Investigando os espaços de produção do frigorífico da Sadia em Uberlândia-MG (2000-2008)

Este trabalho tem  o objetivo de apontar alguns  campos de disputas a partir da dimensão do trabalho, e a Sadia Alimentos S.A., localizada em Uberlândia-MG, foi à empresa escolhida para o desenvolvimento desta pesquisa. Neste ínterim, buscamos apresentar o modelo de produção desta empresa tanto para o campo como para as fábricas na cidade, com a perspectiva de compreendermos em qual ambiente esses trabalhadores estão inseridos. Por meio da experiência vivida é possível identificar determinadas relações que são estabelecidas entre os trabalhadores e a empresa. Assim observamos uma configuração da produção que a torna importante para a nossa análise, no tocante aos diversos trabalhos desenvolvidos pela empresa Sadia S/A. Esse sistema organiza a produção verticalmente, e é percebido tanto no campo através sistema de integração e nas fábricas pelo remanejamento. Assim a pesquisa abre espaços para se pensar às mudanças nas relações produtivas, nas formas de sociabilidade entre os trabalhadores, e nas transformações nos modos de vidas, a partir de características atuais do trabalho operário.

12 – CÁTIA FRANCIELE SANFELICE DE PAULA

As Lutas dos Pescadores de Guaíra/PR frente às Mudanças em seus Modos de Vida e de Trabalho

Esta comunicação tem como objetivo apresentar parte da discussão da pesquisa de mestrado intitulada Mudanças no mundo dos Trabalhadores: os pescadores profissionais de Guaíra/PR (1970-2011). Busca pontuar as disputas e diferentes interpretações dos pescadores frente as transformações no meio natural, causadas pela construção da Hidrelétrica de Itaipu e pela abertura de um canal de navegação no rio Paraná. Tais obras impuseram limites e pressões na vida e no trabalho dos pescadores profissionais daquele lugar, que se organizaram para resistir a elas. Dentre as principais mudanças está o aumento da jornada de trabalho, a insuficiência do pescado que garanta a sobrevivência, a reprodução da atividade e, a necessidade de desenvolver outras atividades de ganho. Desse modo, tentamos compreender como os pescadores se articularam em um movimento social e se relacionaram com e contra outros sujeitos sociais que representavam projetos distintos. Ao mostrar as formas de luta coletiva não deixamos de evidenciar as disputas existentes no interior da categoria. Buscamos ainda pontuar as diferentes interpretações atribuídas pelos trabalhadores aos projetos apresentados, em especial, a tentativa de envolver os pescadores com a industrialização da atividade pesqueira. Porém, o projeto de criação de peixes elaborado pela Itaipu encontrou como obstáculo a resistência dos pescadores. Desconectado da realidade vivida por eles, o projeto tanque-rede propunha mudanças na forma como realizam o trabalho na pesca, sendo que o sucesso do projeto seria um dos elementos que pressionaria para o fim da profissão.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 8

GRUPO DE TRABALHO 8:

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO LABORATÓRIO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA (LEAH), BLOCO H, SALA 1H38B)

Qual é a sua História? A atuações do RPG em espaços de ensino formais e informais.

 Rafael Correira Rocha

 

APRESENTAÇÕES 10/06

Daniel Aidar da Rosa

Paulo Henrique Scaglia Gallina

Thiago Azevedo Rodrigues de Oliveira

INTERPRETAR E APRENDER: ENSINO DE CONTEÚDOS ESCOLARES COM 

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DE INTERPRETAÇÃO 

Explorando uma forma alternativa de se estabelecer relacionamentos entre alunos e os conhecimentos escolares, este texto visa demonstrar como os jogos de interpretação de papéis (RPG) podem ser utilizados com o intuito de trabalhar o conteúdo escolar a partir de uma forma interativa e lúdica. A partir das experiências dos autores com estudantes de uma escola privada em São Paulo, expõe-se alguns dos processos engendrados coletivamente por professores-narradores e alunos-jogadores ao lidarem com o tema histórico das Guerras Mundiais.

Rafael Correia Rocha

HISTÓRIAS POSSÍVEIS: APONTAMENTOS SOBRE O USO DO RPG NO ENSINO DE HISTÓRIA ENTRE O LÚDICO, A ARTE E O JOGO.

Professor sendo jogadores de RPG ou não, que busca aplicar o jogo em na sala de aula, sem ter um critério amplo e definido, não contempla todas as possibilidades para lidar com seus educandos.

Assim, acredito que alguns conceitos precisam estar claros para que durante o jogo as regras não o tornem inviável ou que o afrouxamento destas, promovam apenas um processo de recreação. Igualmente, com criticas ao pensamento de Huizinga, é possível perceber distinções claras sobre o que é a ludicidade, o jogo e a arte. Questões estas que devem ser refletivas pelo educador, a fim de gerar criticas reflexivas sobre a experiência proporcionada pelo RPG

Nesse trabalho proponho que pela ponderação de elementos de expressão do sujeito é possivel a construção coletiva de um jogo narrativo consciente, a fim de vislumbrar o contexto da história social.

Jaqueline Peixoto Vieira da Silva

UM JOGO – QUAL É A SUA HISTÓRIA?

Como ensinar o que é História e a metodologia do ofício do historiador para crianças no sexto ano do ensino fundamental?

Não basta apresentar um conceito sobre o que é História. As crianças merecem mais envolvimento e ação para compreenderem essa amplidão de conhecimento.

Todos nós somos construtores da história. Vivemos e deixamos nossas marcas materiais e culturais: construções, cidades, objetos, comportamentos, pensamentos, ações, sentimentos, memórias, política, economia. Marcas individuais dentro de sistemas coletivos. A humanidade tem histórias que muitas vezes não conhecemos, outras vezes esquecemos. Não vamos falar dos grandes heróis da História da humanidade. Vamos pensar em nós: eu e você.

Já que sou sujeito da História, quem sou Eu? Já fez essa pergunta para si? Encontrou a resposta?

Olhar o mundo ao redor, perceber a História e avaliar intimamente quem você é, não é tarefa simples.

Então, vamos pedir a mediação de um bom professor/a para resolver essa questão.

Esse trabalho se propõem a ensinar o que é História para crianças do sexto ano, do ensino fundamental, através de uma experiência de jogo de RPG.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 7

GT 7: Formação Discente e Engajamento Social: Ensino de História, Pesquisa e Extensão

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OH)

Terça-feira: 09/06/15

 

1 – DURVAL SATURNINO CARDOSO DE PAULA

Formação Discente e Engajamento Social: a Extensão Universitária como instrumento de uma Educação Libertadora

Este trabalho pretende à luz das experiências com projetos de Extensão universitária desenvolvidos nas comunidades de Cruzeiro dos Peixotos e Martinésia, Uberlândia, MG (desde o ano 2010), refletir acerca das contribuições da prática extensionista para o enriquecimento e humanização da formação discente universitária. Entende-se a Extensão numa perspectiva ampla e indissociável da Pesquisa e do Ensino. Trata-se do momento, tempo e lugar de troca de saberes (entre Universidade-Comunidade); de desprendimento do tecnicismo/academicismo; de libertação/estímulo de habilidades (humanas e técnicas) e de incentivo para consolidação da cultura de Pesquisa-Ação que interage/vive/(res)significa/partilha com o social, tornando-o lugar de militância e reflexão.

2 – LÁZARO RUFINO DÂMASO NETO

Um Olhar para o Papel dos Museus no Ensino de História

O presente trabalho é produto de um Trabalho de Campo realizado no ano de 2014 pelos professores do curso de História da FACIP/UFU, com destino a cidade de Ouro Preto.  Dirigiu-se o plano de visitas a instituições de reconhecida expressividade histórica, detentoras de acervos diversificados e significativas como locais de memória. Com base nas observações nas instituições históricas –  com destaque os museus -, anotações e referencial teórico. O artigo tem como objetivo refletir no papel que os museus representam para o ensino de história e o valor simbólico de cada objeto presente nos museus e a organização dos mesmos, que qualifica um discurso objetivo de determinado locutor. Partiu-se das seguintes questões: Qual (is) contribuição (ões) do museu no processo de ensinar e aprender história? Que público organizou a distribuição de salas e objetos no museu? Qual hipótese de público eles imaginaram ao organizar de tal maneira? Em busca dos autores referência no assunto, com estes questionamentos estabeleceu-se um diálogo com a autora Janice Pereira da Costa – que tem sua tese de mestrado construída na análise do Museu da Inconfidência e da localização, história e valor do mesmo para cidade de Ouro Preto. Por influência das observações realizadas e o trabalho de Janice Pereira da Costa, escolheu-se para uma análise específica das questões supracitadas o Museu da Inconfidência, que se encontra em funcionamento no edifício da antiga Casa de Câmara e Cadeia da cidade de Ouro Preto, localizado na praça Tiradentes, cartão postal da cidade. Há também, para além da análise do Museu da Inconfidência, uma leitura geral da cidade de Ouro Preto e o valor de patrimônio a ela estabelecido, como expoente autêntico de arte e identidade nacional. Conclui-se que é real a importância dos Museus para ensino de História, em relação a formação da identidade do indivíduo, trazendo elementos de uma memória local, e no caso do Museu da Inconfidência, além de local, uma memória nacional. Porém considera-se fundamental problematizar a memória oficial e destacar outras histórias silenciadas.

3 – CAROLINA PAULA FERNANDES

Extensão Universitária: importância para a formação de futuros professores

Este trabalho pretende relatar a experiência única de participar de um projeto de extensão, bem como o impacto disso para minha formação enquanto discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. O meu crescimento foi bem perceptível o que me mostrou o tamanho da minha capacidade. Durante o ano de 2014, na condição de bolsista de Extensão do Programa “Enfrentamento da Violência”-MEC/PROEXT/PROEX-UFU desenvolvido nas comunidades de Cruzeiro dos Peixotos e Martinésia vivi e compartilhei uma formação acadêmica diferenciada, mais humana e mais sensível às questões sociais. São essas lembranças, saberes e fazeres que venho relatar nessa oportunidade. Foi um trabalho árduo mais muito prazeroso, adquiri muito conhecimento. Toda a vivência dentro da extensão, posso afirmar com clareza, me fez um ser humano melhor e me estimulou a construir novos valores com os alunos e toda a comunidade.

 

4 – SHEYNA RAQUEL DO NASCIMENTO

Universidade e Extensão: Aprendizado, Desenvolvimento e Contribuições na Vida do Professor-Aluno

Se tratar de extensão dentro da universidade, é entrar em uns dos campos mais importantes para a soma que este mesmo pode proporcionar para um determinado meio que será ou está inserido. Trazendo esta realidade para a comunidade Cruzeiro dos Peixotos, percebe-se que esta contribuição na vida dos envolvidos ultrapassam as expectativas. Um lugar onde a prática de troca de saberes é exercida, e em troca mais saberes são gerados tanto para o aluno quanto para o professor. A responsabilidade empregada e a vontade dos envolvidos de estar nos momentos das atividades e engajadas no projeto e em sua filosofia, traz modificações na sociedade local. Então tornando-se um lugar onde não só alunos e professores se envolvem, e sim pais. Desta forma promovendo este movimento cíclico faz com que venha ser   desenvolvido um lugar melhor de esperança de um futuro com mais possibilidades e de possíveis realizações de sonhos.  Trata-se de uma verdadeira missão a de levar-trocar e (res)significar  conhecimentos  por meio da extensão universitária e de se introduzir na vida dessas pessoas uma verdadeira transformação.  Conhecer   sua importância na vida pedagógica e o impacto que ela causará na vida dos sujeitos envolvidos (sejam eles da academia ou da comunidade) corporifica uma relação de troca entre saberes, experiência e modos de vida. O principal deles, talvez seria, o amor que é demonstrado pela comunidade.

 

5 – BRUNO APARECIDO DE PAULA PAIM e JOELMA MARIA FERREIRA DOS SANTOS

Educação popular e extensão: como caminhar?

Não são novas as discussões sobre a importância de educar o sujeito levando em consideração o meio em que vive. Comunidade, liberdade, cultura e educação popular, empoderamento, são palavras comumente encontradas nos trabalhos de Freire (1996) e/ou Brandão (1986) e nos desafiam sair do campo empírico e postarmos no campo da práxis. Qual a finalidade? Essa resposta é uma via de mão dupla. Considerando a interação entre educando e educador, pode-se a partir de então construir um diálogo no qual educar represente aos sujeitos envolvidos adentrar as margens dos direitos sociais, reconhecendo (e não apossando) suas experiências. Outro fator, cabível aos acadêmicos neste circulo aqui descrito, é enxergar a sociedade onde ela potencialmente está, para além dos muros universitários. Nesta difícil tarefa, as atividades de extensão universitária, unidas a comunidades de classes populares que pensam e trabalham com educação em processos informais podem criar ações educativas, de reflexões sócio-políticas e culturais, levando em consideração as aspirações das comunidades, de forma que as propostas partam destas.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Editora Brasiliense. 1986.

CHAUÍ. Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Unesp. 2001.

CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tabula rasa do passado? sobre a história e os historiadores. São Paulo: Ática, 1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

6 – POLLYANA GLEICE PIO

Formação e Extensão: A Importância da Vivência Extencionista para a Formação Estudantil

Este trabalho tem como objetivo relatar a importância da experiência como professora de um projeto de extensão durante a graduação. Sobre o qual serão relatadas as vivências de um projeto em especifico realizado nos distritos de Uberlândia (Cruzeiro dos Peixotos e Martinésia) sobre o título: Culturarte: Educação, cultura e arte na promoção dos direitos humanos de crianças e adolescentes dos distritos rurais de Uberlândia. Ressaltando pontos importantes sobre a relevância desta vivência para o aluno de graduação em Dança tanto no seu desenvolvimento como docente quanto artista em sua formação. Entendendo está relação que se cria entre a universidade e comunidade como uma ponte que liga diferentes saberes unidos em uma relação de trocas significantes para ambas as partes e também coloca pessoas que ainda estão no processo de formação em contato direto com a realidade do seu futuro campo de atuação. Possibilitando o entendimento na pratica daquilo que é absorvido durante a sua formação na forma teórica. Pois só assim é possível identificar facilidades e dificuldade existentes no processo de formação deste profissional.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 6

Programação de Comunicações Orais

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OD)

Grupo de Trabalho 06 “Experiências didáticas: escola pública e ensino de história”

Coordenadores: Artur Nogueira Santos e Costa e Cinthia Cristina de Oliveira Martins

Dia 09/06/15 – Terça-Feira

Sessão 01 (14h às 16h)
Formação e atuação de professores: articulações possíveis

Davi Aragão Martins da Silva

Eduardo Toscano Novaes Junior

Astrogildo Fernandes da Silva Júnior

DIFERENTES FONTES E LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA: PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS SOBRE CONTEÚDOS HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

 

Este texto apresenta resultados parciais de um Projeto que está sendo desenvolvido no curso de História da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia – FACIP/UFU no Programa de Bolsas para Graduação – PBG.  O objetivo geral desta investigação consiste em produzir e socializar materiais didáticos (sequências de ensino) sobre os conteúdos de história na educação básica recorrendo às  diferentes fontes e linguagens da cultura contemporânea (filmes, canções, quadrinhos, obras de ficção, poesias, internet, documentos, história oral, dentre outras). Como objetivos específicos delimitou-se: Diagnosticar como os professores ensinam e como os jovens estudantes dos anos finais do ensino fundamental aprendem História no cotidiano da sala de aula; Conhecer as fontes e linguagens preferidas dos jovens estudantes e as mais utilizadas pelos professores; Desenvolver ações que procurem integrar o ensino, a pesquisa e a extensão; Propor atividades que promovam o contato dos bolsistas e demais estudantes do curso com a realidade social em que estejam inseridos, estimulando o desenvolvimento de uma consciência do papel do estudante perante a nossa sociedade; Proporcionar ao estudante o desenvolvimento de sua capacidade criativa e intelectual, frente a necessidade de resoluções em confronto com os desafios que serão gerados durante a execução de suas atividades; Promover a integração da formação acadêmica com a futura atividade profissional. Recorremos a estudos de textos que auxiliaram a (re)pensar sobre a história  ensinada, enfatizamos a necessidade de buscar “outras histórias”. A metodologia da pesquisa pressupõe diálogos constantes entre escola e universidade. A aproximação destes dois espaços pode contribuir no processo de ensino e aprendizagem e na formação cidadã dos jovens estudantes da educação básica, pois a sala de aula não se limita em lugar de reprodução, mas também de produção de conhecimentos. Ouvimos professores e alunos para iniciarmos o processo de produção de materiais didáticos, no caso desta investigação priorizamos a elaboração de sequências de ensino tendo como temáticas a História da África e da cultura Afro-Brasileira e História Indígena.

Letícia Siabra da Silva

CONTRIBUIÇÕES DAS EXPERIÊNCIAS COM O PROJETO PIBID INTERDISCIPLINAR PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO ENSINO MÉDIO

 

Este trabalho discute minha atuação enquanto professora supervisora no PIBID: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, no projeto Interdisciplinar Santa Mônica Ensino Médio Noturno, na Escola Estadual do Parque São Jorge, durante o período de junho/2014 a março/2015. Apresento a reflexão sobre as atividades desenvolvidas investigando de quais formas a participação no projeto contribuiu para minha formação continuada enquanto professora de história. Fazer a mediação entre os licenciandos PIBID e os alunos da escola significou um aprendizado importante para a relação aluno-professor, ao passo em que a forma como o grupo trabalhou, e o perfil da comunidade escolar, revelaram a importância do projeto para a valorização dos sujeitos envolvidos com a escola, uma vez que se trata de alunos trabalhadores. Procuramos pensar o universo que abrange escola e bairro através das relações de trabalho.

Lucian Erlan da Silva Domingues

Astrogildo Fernandes da Silva Júnior

FORMAÇÃO, SABERES E PRÁTICAS DE PROFESSORES: UM ESTUDO COM OS EGRESSOS DO CURSO DE HISTÓRIA DA FACIP-UFU (2011-2013)

Este texto tem o intuito de apresentar uma proposta de investigação que se encontra em andamento, e tem como objetivo geral avaliar o perfil dos egressos do Curso de graduação em História da FACIP-UFU, bem como refletir sobre as contribuições e lacunas da graduação em sua formação e na atuação como professores de História. Como objetivos específicos delimitaram-se: Refletir sobre as dificuldades, necessidades, gostos e vantagens em ensinar história; Identificar, registrar e refletir sobre saberes, metodologias e práticas de ensino e aprendizagem em História produzida e mobilizada no fazer pedagógico dos professores egressos; Identificar, registrar e analisar o modo em que os professores de História (egressos do Curso de História da FACIP-UFU) concebem, reconfiguram e (re)significam os saberes históricos aprendidos ao longo da formação inicial, no espaço da sala de aula da educação básica. Na busca de respostas às problemáticas supracitadas, optou-se por privilegiar a abordagem qualitativa de pesquisa educacional, por favorecer uma visão ampla do objeto estudado e envolvimento do pesquisador com a realidade social, política, econômica e cultural. Recorreu-se à pesquisa educacional qualitativa do tipo etnográfica, utilizamos da observação, notas de campo, análises de documentos e entrevistas. Elegeu-se a pesquisa educacional qualitativa do tipo etnográfica. Nessa perspectiva de campo, utilizou-se de instrumentos que  auxiliaram na coleta de dados, como anotações em diário de campo, a partir das visitas nas escolas e das observações das aulas de História, onde atuam os egressos do curso de graduação em História da FACIP-UFU. Conclui-se, por meio das narrativas dos colaboradores, que a graduação contribuiu na formação, porém evidenciaram lacunas. Destacaram-se a necessidade de ampliar a articulação entre a teoria e prática.

Nayara Christine Souza

PROGRAMA DE LICENCIATURA INTERNACIONAL (PLI) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA-UFU

A presente pesquisa é uma investigação em nível de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, inserida na linha de pesquisa “Estado, Política e Gestão em Educação”. Tem como tema principal a Internacionalização da Educação Superior, com foco na análise crítica do Programa Licenciatura Internacional (PLI), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no âmbito da sua implementação na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), instituído oficialmente pelo edital em 2010. Cujo principal objetivo do Programa é priorizar a melhoria do ensino nos cursos de licenciatura e a formação de professores; ampliar a formação de docentes para o ensino básico no contexto nacional; ampliar e dinamizar as ações voltadas à formação de professores, priorizando a formação inicial desenvolvida nos cursos de licenciatura; apoiar a formulação e implementação de novas diretrizes curriculares para a formação de professores, com ênfase no Ensino Fundamental e no Ensino Médio (BRASIL, 2010, 2011, 2012) A investigação de natureza qualiquantitativa, e pretende-se investigar, os impactos econômicos, políticos e acadêmicos do referido programa, no período de 2010 a 2012. Fundamentada numa abordagem dialético-hermenêutica de análise da realidade, serão utilizadas as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e de entrevista semiestruturada aos gestores, professores-orientadores, e alunos, que participaram do referido programa. Para Souza (2013), as crescentes demandas da sociedade por educação e a insuficiente resposta do Estado provocam impactos sócias que implicam a necessidade de serem constantemente investigados, daí a importância dos investigadores tomarem como objeto de estudo, o temas das políticas educacionais. Nesse sentido vale ressaltar, de acordo com Melo (1999, p.65), que “do ponto de vista da institucionalização deste campo de pesquisa, o mesmo ainda é bastante incipiente no Brasil, e sua genealogia intelectual, […] é relativamente curta”, motivos que justificam a implantação de linhas de pesquisa nos cursos de pós-graduação, tendo em vista a ampliação e sistematização deste tipo da produção de conhecimento, tal como propõe-se na presente pesquisa.

Intervalo – 16h às 16:15h

Sessão 2 (16:15h – 18h)
Pedagogias Possíveis e História: escola(s) e estágio(s)

 

 

José Fernandes Cruz Neto e Astrogildo Fernandes da Silva Júnior

EXPERIÊNCIAS NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO II: ALGUMAS REFLEXÕES

 

Esse texto consiste em uma apresentação das diversas atividades que fizemos ao longo da disciplina de Estágio Supervisionado II, realizada no curso de História da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia – FACIP/UFU.  Recorremos as reflexões realizadas por estudiosos do ensino de História tais como Guimarães (2012), Silva Júnior (2011) e Seffner (2000) os quais foram fundamentais para a produção de nossas sequências e metodologias didáticas utilizadas nas aulas de História.  O Estágio foi realizado na Escola Estadual de Gurinhatã, localizada na cidade de Gurinhatã- MG, ao longo de todo ano de 2014. Foram ministradas 7 aulas com 9° do ensino fundamental. A experiência do Estágio Supervisionado II nesta instituição de ensino, trouxe-nos novas perspectivas e ajudou-nos a consolidar algumas respostas que procurávamos na educação básica. A sequência trabalhada teve como objetivo auxiliar os jovens estudantes a construirem os conceitos de Autoritarismo, Ditadura, Democracia e outros que não propriamente desse conteúdo, mas são fundamentais desse contexto histórico, como: Comunismo, Socialismo. Procuramos construir uma narrativa na qual levava todos os antecedentes históricos do mundo que levaram a criação desses governos, contextos como a Crise de 1929 nos EUA e etc. Nessa narrativa também procuramos discutir como o Brasil, ficou e se  com relacionou com esses regimes totalitários. Nesta fase da sequência, chamada de desenvolvimento da narrativa, é imperativo construir uma narrativa histórica que possibilite aos estudantes uma leitura de mundo. Os alunos participaram de forma significativa, levando pesquisas que tinham feito em casa, alguns estudantes após a leitura levantaram questionamentos de algo que não compreendiam e assim realizamos nossa proposta. Por fim, nossa sequência tinha como meta a aplicação de um documentário sobre o tema –  O do pato donald da cia Wal Disney- e aplicação de uma carta criada pelos próprios alunos e que tinha como finalidade, que esses discentes escrevessem sobre o que entenderam e aprenderam sobre o tema e compartilhassem Destacamos como possibilidades o potencial das diferentes linguagens no processo de ensinar e aprender História. Ressaltamos como as discussões e reflexões sobre o ensino de história recentemente contribui, abriu horizontes e levantou desafios para nossa prática futura enquanto docentes.

 

 

Flávio Alves dos Santos

DIÁLOGOS DE ENSINO: MEMÓRIA, CULTURA E EDUCAÇÃO – O TRABALHO COM A LEI 10.639/03.

 

O presente trabalho surge em culminância do fechamento das atividades de Estágio II, disciplina cursada no curso de História da Universidade Federal de Uberlândia, campus Pontal e o trabalho desenvolvido como bolsista no PIBID- Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência/Subprojeto Interdisciplinar. Onde com base em textos, dinâmicas e metodologias estudadas para o trabalho com temáticas ligadas a LEI 10639/03 e seguindo os PCNs. As atividades aqui descritas foram adaptadas, pelo fator tempo, e ministrado a alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II e em momentos de atividade do PIBID. Buscamos compreender a importância do Ensino da Cultura Africana em sala de aula e demostramosas principais dificuldades para a execução das aulas, dialogando com autores como Selva Guimarães Fonseca e Berenice Lurdes Borssoi. Abordamos conceitos de cultura, oralidade, religiosidade e herança cultural dentro de aulas construídas para a valorização da cultura afro-brasileira.O plano de Ensino, foi baseado no PCN de História do Ensino Fundamental, tendo como o eixo temático: Democracia e cidadania no Brasil atual, o tema e foco principal “Cultura afro-brasileira / Lei 10.639”, a temática: “Cultura africana e afro-brasileira, religiosidade e a questão das políticas afirmativas”, tendo como publico alvo o 7° ano do ensino Fundamental.O tema Diversidade Cultural, na perspectiva dos PCNs vem para ensinar aos alunos sobre suas origens como brasileiros e como sujeitos fazedores de sua própria história. Permite ao professor ensiná-lo a compreender seus valores étnicos e cidadão, promovendo a elevação de sua autoestima e de sua dignidade.  A construção de conhecimentos, no espaço escolar, se envolvido por um ensino que faça valer o exercício do respeito às diferenças podem se efetivar como caminhos significativos contra as injustiças, os preconceitos e as diversas formas de discriminação veladas ou praticadas dentro e fora do contexto escolar. Assim sendo traçamos os objetivos de comparar problemáticas atuais e em outros momentos históricos; contribuir para a compreensão de problemas e questões do presente e de suas relações com a dinâmica de mudanças e permanências dos processos históricos culturais; estimular a formação de atitudes e de negociações e proposições coletivas para resolução de problemas comuns, reconhecendo o direito do outro de manifestar-se e apresentar suas ideias e buscar reforçar o entendimento sobre os seguintes conceitos básicos: História, cultura; África, memória, religiosidade e cidadania.

 

 

Leidimar Aparecida dos Reis

APRENDENDO E ENSINANDO HISTÓRIA DA ÁFRICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

O presente artigo refere-se à prática de Estágio Supervisionado realizado na Escola Estadual Sérgio de Freitas Pacheco, na turma do 7º ano do Ensino Fundamental II, turno vespertino. O Estágio é um momento importante para mesclar teoria e prática em sala de aula, compreendendo a relação entre o saber acadêmico e o saber escolar, proferida com uma concepção de educação e de História. No estágio foram usadas metodologias e estratégias que despertassem o interesse dos alunos e possibilitasse a construção do conhecimento histórico. Assim, os conteúdos foram explorados por meio de aulas expositivas, participativas, análise de imagens, músicas e atividades escritas.

 

 

Gabriela Pinheiro Castro Alves

Giordano Del Vecchio dos Santos

Murillo Henrique Rodrigues

Tiago Guimarães Margon Ribeiro

A INSERÇÃO DO PIBID NA ESCOLA PÚBLICA E AS PERSPECTIVAS ACERCA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

O presente artigo tem por objetivo caracterizar a trajetória prática e teórica estudada por graduandos de licenciatura da área Ciências Sociais, na Universidade Federal de Uberlândia, durante as atividades do projeto de extensão PIBID – em 2014/2015 –, com temática interdisciplinar e enfoque em questões educacionais acerca da escola pública, sobretudo no bairro São Jorge, localizado na área periférica de Uberlândia.

Desenvolvendo nossa análise através da leitura de obras clássicas e contemporâneas de teóricos especialistas da educação, como Paulo Freire e Miguel Arroyo, aliada à pesquisa crítica e a documentários brasileiros, fomentamos a discussão a respeito da classe dos professores e às adversidades enfrentadas para a concretização de seus trabalhos na atual conjuntura educacional brasileira.  De maneira prática, o artigo explicita os contatos e ações que ocorreram entre os autores e os estudantes da Escola Estadual Parque São Jorge, em Uberlândia, Minas Gerais.

Através das ações efetivas, foram organizadas entrevistas com professores e estudantes de maneira a traçarmos um perfil comum sobre a instituição e seu corpo docente/discente. Nota-se, como exemplo, que grande parcela dos estudantes do ensino médio noturno trabalham nos outros períodos, ocorrendo, assim, padrões dentro da Escola, como os atrasos no inícios das aulas e a idade elevada em relação à comumente associada a estudantes do Ensino Médio.

Além disso, fomos capazes de compreender um pouco mais sobre as relações que permeiam o cotidiano da escola pública e entramos em um contato mais próximo da realidade vivida por estudantes e professores dentro de sala de aula. Tal experiência possibilitou a ampliação do nosso entendimento acerca do desenvolvimento da educação em nosso país e, sobretudo, a estrutura que a sustenta e os reflexos que tal construção educacional geram na realidade escolar.

Dia 10/06/15 – Quarta-feira

Sessão 03 (14h – 16h)
Escola, diversidade e cultura afro-brasileira: perspectivas, desafios e experiências

  • Viviane Pereira Ribeiro Oliveira

EXPERIÊNCIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639

O presente trabalho trata-se de pesquisa que teve como objeto de estudo a Lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica. No qual, analisei o contexto de introdução das políticas afirmativas no país; para apreender os desafios que esta indica ao Estado e à sociedade civil ao dar visibilidade a temas como a educação antirracista; e identificar como a Lei tem sido implementada na prática escolar. Foi adotada a pesquisa de campo como metodologia de coleta dos dados empíricos em duas escolas públicas de Ituiutaba, com quatro professores das esferas municipais e estaduais, utilizando como instrumento a entrevista semiestruturada. A pesquisa de caráter bibliográfica/documental e empírica nos permitiu apontar que os profissionais buscam isoladamente cada um a sua maneira conhecimentos para trabalhar com o conteúdo da Lei. E que o desconhecimento por parte dos alunos da importância da História e Cultura dos Negros e da África, acabam por gerar atitudes de preconceito, quando a temática é abordada na prática.

  • Emilene Júlia da Silva Freitas Carvalho e
  • Alinne Grazielle Neves Costa

A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

Este estudo apresenta resultados parciais de uma pesquisa documental, que teve como propósito analisar o livro didático de História Ápis do Ensino Fundamental adotado por uma escola pública do município de Uberlândia/MG. A referida análise se orientou nas diretrizes do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – PNEDH (2007), de forma a verificar se o material é condizente a Educação em Direitos Humanos (EDH). Relembrando que os Direitos Humanos e a EDH têm suas Histórias diretamente relacionadas com as lutas de grupos sociais, marginalizados e oprimidos no Brasil e no mundo, marcados por injustiças sociais advindas da resistência ao regime militar, ao totalitarismo e ao nazismo. Desse modo, foram examinados os processos de como o livro contribui para representações dos(as) estudantes como sujeitos da História, investigando os conteúdos e imagens presentes no roteiro do livro. Fundamenta-se nas elaborações do PNEDH (2007), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação em Direitos Humanos – DNEDH (2013), no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos – PMEDH (2012), Candau (2003), Faria (2002), Freire (1980), entre outros(as). Esses autores retomam conceito de representação em direitos humanos nos livros didáticos e seus elementos constituintes, com vistas a examinar os processos de ideologias e significados presentes no material analisado e identificar as forças que contribuem para efetivação da Educação em Direitos Humanos no Brasil e no mundo.

  • Tadeu Pereira dos Santos

AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA E A FORMAÇÃO DE SEBASTIÃO PRATA / GRANDE OTELO

A temática referente às relações étnico raciais tem se tornado uma pauta constante nas discussões em diversas áreas que têm o homem como seu objeto de estudo. Constitui-se, neste sentido, em alicerce dos processos de inclusão das lutas dos afro-brasileiros, materializadas na lei nº 10.639, instrumental jurídico que permitem-nos reclamar seus direitos e de realizar reivindicações junto à sociedade brasileira, enquanto atores sociais de suas histórias. Neste sentido, o trabalho em questão propõe discutir o processo de constituição de Sebastião Prata/Grande Otelo, negro, que se tornou símbolo do cinema nacional e esteve presente noutros espaços artísticos do país, ao longo do século XX, numa sociedade que, para além de desqualificar o negro, era marcada pela desigualdade social. Desta forma, procuramos debater a questão identitária envolvendo Prata/Otelo e sua inserção no mundo artístico. Assim, ensejamos situá-lo no âmbito das relações étnico raciais visando, por meio da sua experiência, problematizar suas atitudes e ações perante o racismo e o preconceito, ao longo de sua trajetória de vida.

  • Rosyane de Oliveira Abreu

DIVERSIDADE, ENSINO DE HISTÓRIA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

A escola pública brasileira vive hoje o desafio de aceitar os “diferentes”, todos aqueles que devido às diferenças físicas, étnicas, orientação sexual, deficiências mentais, enfim, todos que tiveram uma breve passagem ou estiveram ausentes do ambiente escolar.

Nesse sentido existe hoje a proposição de criar um ambiente escolar que seja capaz de receber e lidar com toda essa diversidade de crianças, adolescentes e adultos. Será que os profissionais da educação estão preparados? E os currículos escolares, abrangem essa nova realidade? Devemos pensar também nos alunos e suas famílias, como compreendem esse ambiente escolar e convivem com ele?

Ao longo dos últimos anos em nossa atuação enquanto professora da rede particular e pública no ensino de História observamos várias situações conflituosas, resultantes da convivência cotidiana de alunos e professores que trazem consigo modos distintos de ver e pensar o mundo, e acreditamos na relevância de se investigar as noções estabelecidas e os conflitos gerados a partir da diversidade no âmbito escolar.

É crescente em nossa sociedade a noção de que a educação escolar deve ser um instrumento de combate à discriminação e preconceitos e na promoção de práticas pautadas pelo respeito a diversidade e aos direitos humanos. Assim, identificar e desestabilizar os padrões e valores perpetuados pela escola pode ser um caminho para construção de uma convivência mais respeitosa.

Paralelo a isso, nos propusemos refletir sobre a metodologia de instrução desenvolvida dentro das salas de aula e as funções e uso da história na vida pública. São constantes as situações em que ouvimos de alunos questionamentos sobre o por que ele deve estudar esse ou aquele conteúdo histórico, qual a necessidade dele conhecer a vida de pessoas que já morreram há milhares de anos, enfim, porque isso importa?

Essas circunstâncias nos fazem refletir sobre a maneira como são divididos os conteúdos históricos que os PCNs apontam como necessários a cada ano de estudo e se de fato a aprendizagem da história pode ser significativa, levar os alunos a questionar e avaliar seu cotidiano enquanto sujeito capaz de construir seu conhecimento de modo que faça sentido também para sua vida.

Intervalo – 16h às 16:15h

Sessão 4 (16:15h – 18h)
Desafios para a formação e atuação do professor historiador: diálogos

  • Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira

OS PROJETOS INTERDISCIPLINARES COMO PRÁTICA DE ENSINO: O PIBID E A FORMAÇÃO DO SUJEITO APRENDIZ PELO SUJEITO APRENDIZ

Vivemos em um sistema de educação obsoleto e que necessita urgentemente de uma transformação.  O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) vem de encontro com a necessidade de tornar o ambiente escolar em um local instigante e sedutor para os sujeitos aprendizes. A sala de aula não pode tornar-se uma verdadeira “prisão” do modelo de ensino de outrora, sendo assim, os projetos interdisciplinares, principalmente aqueles que possuem o apoio do PIBID ganham ainda mais destaque, pois propiciam uma formação do sujeito aprendiz utilizando suas habilidades, algumas até então camufladas no sistema de ensino tradicional, e suas experiências que dinamizam de certa forma o processo de formação e os faz perceber que a escola pode ir além de uma sala de aula e que o conteúdo pode ser apreendido de uma maneira leve, criativa e porque não divertida. O PIBID pode ser visto ainda como uma verdadeira ponte entre as instituições de ensino superior formadoras de profissionais de ensino com as instituições de ensino básico que formam opiniões e sujeitos. Por muito tempo os dois lados pareciam completamente isolados, com o surgimento de programas como este a teoria e a prática se unem, bem como a vontade de transformar o processo educacional. Pode não parecer muito, mas para escolas de regiões periférica e/ou que possuem um corpo docente desmotivado pela falta de reconhecimento profissional e/ou financeiro o PIBID faz uma grande diferença.

  • Stiven Pires de Moura
  • Yuri Oliveira Martins

PIBID NA ESCOLA ESTADUAL PARQUE SÃO JORGE: HISTÓRIAS, PERCURSOS, DESAFIOS, PROJETOS E PROPOSTAS DESENVOLVIDAS

O artigo tem como objetivo apresentar as atividades, experiências e reflexões desenvolvidas pelos autores, licenciandos do curso de História na Universidade Federal de Uberlândia, no interior do subprojeto interdisciplinar Santa Mônica supervisionado pela professora Leticia Siabra e coordenado pela professora Célia Rocha no PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- desenvolvido na Escola Estadual do Parque São Jorge durante o segundo semestre de 2014. Situada na zona sul de Uberlândia, a escola é composta em grande parte por alunos provenientes de famílias de baixa renda e pouco grau de escolaridade atingido. Este bairro também apresenta grande taxa de criminalidade.

A pesquisa/trabalho em andamento discute os desafios da escola pública na periferia da cidade, as expectativas de alunos e professores no ambiente escolar enquanto espaço de trabalho de vários profissionais envolvidos com a educação. Importou-nos nesse projeto compreender como as relações sociais dinamizam a vida cotidiana dos sujeitos envolvidos, e de que maneira o contato com a escola permite ao grupo PIBID participar destas relações.

As referentes atividades foram realizadas com os alunos dos três anos do ensino médio do período noturno, alunos estes que primeiramente (em sua maioria) são trabalhadores e posteriormente estudantes. O Ensino Médio noturno possui muitos alunos que abandonaram os estudos e retornaram, sendo os estudos uma atividade secundária, muitos destes alunos infelizmente almejam apenas o certificado de conclusão do Ensino Médio e devido ao desgaste de trabalhar o dia todo, a falta de tempo, e aos resultados oriundos dos estudos se darem em longo prazo no mercado de trabalho, muitos destes não veem um futuro promissor na continuidade dos estudos pós-Ensino Médio.

  • Cinthia Cristina de Oliveira Martins

ENSAIO DE UMA PESQUISA POSSÍVEL: O ENSINO DE HISTÓRIA COMO OBJETO DE ESTUDOS DA “HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE”

 

O texto possui como intenção apresentar um ensaio referente a uma proposta de pesquisa, que não foi efetivamente realizado até o momento. Este foi produzido como atividade final da disciplina de Historiografia, cursada no primeiro período de mestrado em História pela Universidade Federal de Uberlândia, apresentado ao Professor Doutor Alexandre de Sá Avelar; e desenvolvido a partir dos referenciais teóricos estudados ao longo da matéria.

A proposta deste texto é apresentar um debate referente ao uso do ensino de História como objeto de pesquisas, para trabalhos embasados no regime de historicidade contemporâneo, o presentismo. Para desenvolver este trabalho, me baseei nos autores  Hartog (2013), Cezar (2013) e Delgado e Ferreira (1013). Neste ensaio, enfoco na apresentação do regime de historicidade, Presentimos; destacando, também, as contribuições das perspectivas defendidas por tal regime para uma pesquisa que tem como objeto o ensino de História. Travando um diálogo com o que pode ser compreendido como um projeto de pesquisa, apresento um debate sobre as fontes e a metodologia de trabalho que poderia ser desenvolvida.

Dia 11/06/15 – Quinta-feira

Sessão 5 (14h – 16h)
Escola, Cidade, Ensino de História: múltiplas abordagens

  • Marcos Flávio Alves Leite
  • Astrogildo Fernandes da Silva Júnior

O ENSINO DE HISTÓRIA EM ESCOLAS LOCALIZADAS NO MEIO RURAL: UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA, MG, BRASIL

Esta proposta tem como intuito apresentar os resultados parciais da monografia que está sendo produzida no curso de História da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal FACIP/UFU. O trabalho intitula-se O Ensino de História em escolas localizadas Meio Rural: um estudo no município de Ituiutaba (MG) Brasil. Tem como objeto geral analisar, por meio das vozes dos professores de História, a formação, os saberes e as práticas de ensino de História, em escolas localizadas no meio rural. O trabalho consiste em abordar como objetos específicos de pesquisa, a apresentação do estado da arte da produção acadêmica, que aborde as temáticas relacionadas à educação rural e educação do campo; refletir sobre a história da educação rural efetivada no município de Ituiutaba MG. Brasil; refletir sobre a formação inicial, continuada, os saberes e as práticas dos professores de História que atuam em escolas localizadas no meio rural do município de Ituiutaba. A metodologia da pesquisa recorre à pesquisa bibliográfica, ao estado da arte e história oral temática. Busca-se ouvir as vozes dos professores de História que atuam nas diferentes escolas localizadas no meio rural do município de Ituiutaba, MG, Brasil, procurando identificar o que dizem sobre sua formação inicial, sobre a formação continuada, seus saberes e práticas desenvolvidos nos espaços específicos das salas de aulas das escolas localizadas no meio rural. Para a apresentação neste evento, limitou-se nas reflexões sobre o estado da arte da produção acadêmica. São chamadas pesquisas do estado da arte aquelas com caráter bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento. Empreende-se uma pesquisa no site da capes http://www.capes.br. Utilizou-se dos termos educação rural e educação do campo. Foram identificadas 234 teses, nas quais apenas 98 são na área de educação.

  • Iusley Monteiro dos Santos

O ENSINO DE HISTÓRIA DE GOIÁS NOS PROGRAMAS CURRICULARES DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO: ENSINO, PERSPECTIVAS E CONCEITOS

 

O presente trabalho tem por objetivo expor os primeiros resultados da minha pesquisa de mestrado sobre a articulação de temas em torno da História regional de Goiás na educação básica do Estado no Ensino Fundamental II entre 2004 e 2010. Para tanto, utilizamos como fontes os programas de orientação e reorientação curricular da Secretaria de Estado de Educação de Goiás (SEDUC/GO).

Até o presente momento, esta pesquisa se constituiu numa análise documental de fontes oficiais, correspondentes aos cadernos de programas curriculares geridos e articulados pela SEDUC/GO. A investigação sobre essa documentação nos permite um levantamento das propostas para o ensino de História e a inserção dos temas regionalizados da História de Goiás dentro do projeto voltado à educação histórica no estado.

Num contexto mais amplo, os cadernos de reorientação e orientação curricular da Secretária em Goiás possuem forte influência de uma conjuntura nacional da educação – que confere (a partir da Lei 9.394/96 da LDB) autonomia aos estados na elaboração de seus projetos educacionais dentro das consonâncias estabelecidas pelas diretrizes nacionais de educação.

Levando em consideração esses fatores e os levantamentos da pesquisa até o momento, é possível observar que esses programas foram elaborados para atender uma gama de exigências de uma política nacional para a educação no país. Esses requisitos estão expressos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no Plano Nacional de Educação (PNL).

No âmbito historiográfico, é notória a presença de uma proposta de ensino norteada pelo movimento da Escola dos Annales nas diretrizes curriculares da SEDUC/GO. Fundado por Marc Bloch e Lucien Febvre em 1929, o movimento dos Annales promoveu uma ampla renovação no ofício da História, oferecendo novos tratamentos e abordagens no campo historiográfico. Isso possibilitou a ampliação do quadro de pesquisas, e abriu o campo para o estudo de diversas atividades humanas. Essas questões repercutiram nas propostas de ensino da História expressos nos programas curriculares da SEDUC/GO, que incorporou em suas propostas, questões consagradas no universo historiográfico contemporâneo em torno da história e do ensino da disciplina.

Almejamos com essa discussão em torno do ensino da História regional de Goiás, fornecer novas reflexões e ideias possíveis de serem socializadas e aplicadas pelos profissionais da área que atuam no estado, de modo a contribuir com uma nova dinâmica temática para se pensar o ensino da História em seu aspecto regional.

  • Italiene Santos de Castro
  • Tamirys Stéfani da Silva

EXPERIÊNCIAS NO PIBID INTERDISCIPLINAR: CAMINHOS E DESAFIOS PARA O PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

 

Este trabalho tem o intuito de apresentar, de maneira sucinta, as impressões de duas alunas do curso de Letras que estão envolvidas no projeto PIBID Interdisciplinar São Jorge, juntamente com alunos dos cursos de Ciências Sociais e História. Ao integrar o projeto, temos o objetivo de ver de perto a realidade do Ensino Médio atual, convivendo com alunos, professores e direção antes de nossa formação, de modo a refletir sobre nosso futuro docente. Estas impressões serão evidenciadas indiretamente a partir de entrevistas realizadas com alguns alunos dos três anos do Ensino Médio e com um dos professores de Língua Portuguesa da escola. Tais impressões visão mostrar a importância do contato que o PIBID tem proporcionado aos alunos de licenciatura, esse contato traz a nós uma nova perspectiva da prática docente, nos revelando as dificuldades enfrentadas por professores e alunos das escolas públicas. A partir delas, refletiremos sobre os problemas apontados nas entrevistas, com base nos textos teóricos de apoio, lidos em conjunto com os colegas e com a professora supervisora do projeto durante os encontros do PIBID. Somos sempre levados a pensar no que poderia ser feito para que a educação se torne os olhos deste país e sempre chegamos à conclusão de que é necessário que se adote uma série de mudanças. Chegaremos também à conclusão de que tais mudanças requerem tempo, afinal a educação não é uma cidade que pode ser construída em cinco anos como Juscelino Kubistchek fez com nossa capital Brasília durante seu mandato. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) tem por objetivo estabelecer a relação entre os futuros docentes, que são os bolsistas participantes, e o meio escolar, os professores, os alunos, a direção. As experiências ganhas ao longo do projeto influenciarão as escolhas e as atitudes do futuro docente, afinal, sem dúvidas, por meio do PIBID temos a oportunidade de observar de perto a realidade educacional. Serão abordados neste artigo experiências que o projeto nos proporcionou ao lidar com professores e alunos ao longo do trabalho no PIBID Interdisciplinar.

  • Artur Nogueira Santos e Costa

REFLEXÕES SOBRE ESCOLA PÚBLICA, ENSINO DE HISTÓRIA E CURRÍCULO

 

Esta comunicação propõe discutir algumas articulações entre escola pública, ensino de história e currículo, tomando como base a pesquisa que venho desenvolvendo nos últimos anos, em diferentes modalidades (iniciação científica, conclusão de curso de graduação e mestrado). A partir dos supostos da História Social de matriz inglesa, fundamenta-se na necessidade de considerar o currículo como um problema sempre em aberto e também como um movimento histórico, na medida em que é uma construção de muitos sujeitos para além dos especialistas, e toma como tarefa sinalizar a organização curricular para além do conteúdo, num processo a envolver todos os sujeitos em uma dimensão mais ampla da escola.

  • Janaína Ferreira da Silva

MEMÓRIAS, ESCOLA PÚBLICA E CIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES

 

A pesquisa que venho desenvolvendo surgiu de um projeto que visava discutir a relação entre a cidade de Uberlândia, luta de classes e instituições de ensino. Ao longo das orientações o projeto tem assumido um novo corpus, isso se deve com o avançar da pesquisa, leituras e disciplinas.

O objetivo da pesquisa é investigar o processo de transformação que a cidade viveu, entre os anos de 1960 a 1980, em questões que envolvem o letramento, o direito à educação pública e memórias na cidade. As contradições desse processo de chegada da classe trabalhadora às escolas suscitam caminhos para investigar os embates entre ‘culturas’ tendo às escolas públicas como instituições que compõe o espaço urbano, e por isso não isoladas às relações de classes. Nesse processo amplo, há a Escola Estadual de Uberlândia que foi assumindo diferentes sentidos e significados na cidade, mas que percebemos a existência de uma memória que se afirma no social como sendo a história da escola chegando a tornar-se referência ao falar de escola e educação pública na cidade. Sobre essas relações sociais históricas temos procurando com essa pesquisa caminhos que nos permitam perceber outras histórias e memórias que se constituíram ao longo do processo, atribuindo sentidos e significados as diferentes condições do estudar na cidade e no Colégio Estadual de Uberlândia, mais conhecido como ‘Museu’. A memória que estou chamando de ‘excelência e brilhantismo’ acaba também por construir uma concepção sobre a educação da cidade que não trata a negação de direito e as condições de escolas para as classes trabalhadoras, e esse elemento vem instigando a investigação que vem sendo construída.

Intervalo – 16h às 16:15h

Sessão 5 (16:15h – 18h)
Ensino de História: movimentos, caminhos, desafios, metodologias

  • Luiz Augusto Gonçalves Rodrigues Aguiar

CAMINHOS, PROBLEMAS E REFLEXÕES: ENSIAR HISTÓRIA OU EDUCAR PARA A VIDA?

 

É possível uma prática educativa amorosa e critica da história? A educação (ou o ensino) de história, como prefere usar alguns autores, vem se revelando como um grande desafio frente às mudanças rápidas e frenéticas do século XXI. A escola e a educação formal/tradicional, pautadas ainda nos referenciais de escola do século XIX, não estão conseguindo acompanhar os anseios dos/as educandos/as. Os conteúdos sejam eles de história ou quaisquer outras áreas estão presos e engessados às grades curriculares. Presos, pois estão inseridos em uma estrutura rígida que se preocupa em formar indivíduos mais bem “informados” sobre vários assuntos, do que formar pessoas com a capacidade de mudar e intervir na própria realidade, mantendo os anseios dos/as educandos/as atrás das grades (curriculares).

Qual o sentido/propósito de se aprender história? Ensinar conteúdos ou educar para a vida? Obviamente essa pergunta se desdobra em outras tantas variáveis, mas o que interessa no momento é compreender que o estudo da história é um meio e não um fim, já que a partir dele podemos problematizar nosso presente. Por isso, a perspectiva que se trata nesta experiência é justamente em relação ao olhar, ao estudo e ao sentimento que envolve minha prática educativa na área de História, na Escola municipal Odilon Custódio Pereira, situada no bairro Seringueiras, em Uberlândia.

Ao trazer essa experiência para a reflexão, é preciso trazer também a paixão. Sentimento este que deve estar sempre presente no ato de aprender. Haja vista que o conteúdo de história obrigatório na rede municipal se faz hoje mais uma imposição do que uma reflexão, trabalhar esses conteúdos de maneira linear factual é ainda uma realidade a ser rompida nas práticas do ensino. É um desafio. Porém, ao trazer esses conteúdos para o diálogo com as experiências dos/as educandos/as, com os problemas relacionados ao seu contexto e aos seus anseios, provoca uma inversão da lógica conteúdista colocando-a numa perspectiva de transformação.

A História, quando a serviço das pessoas e não do governo ou do mercado, é sim transformadora.  Por isso, definir um ponto de partida no presente é essencial para desvendar as amarras do passado. Assim, numa perspectiva da educação popular e freiriana, venho construindo caminhos para se repensar as práticas educativas de história na educação básica, pensando-o não como ensino, mas como educação, construção e aprendizagem. Os problemas que surgem são inúmeros e a pergunta que não se cala é: como fazer?

  • Márcio Henrique Guimarães

INTERLOCUÇÕES ENTRE O LIVRO DIDÁTICO E A RECEPÇÃO DA CULTURA NORTE-AMERICANA: AMPLIANDO AS POSSIBILIDADES NA APRENDIZAGEM DO ENSINO DE HISTÓRIA

 

O ensino de História abarca diversas possibilidades no que tange a relação passado / presente e presente / futuro (perspectivas). As metodologias variam de um profissional para o outro, mas um recurso inevitável sempre estará associado à transmissão de conhecimentos: o livro didático. Na disciplina de História, ele evoluiu ao longo dos anos, procurando incorporar na medida do possível, as transformações culturais pelas quais passam a humanidade, e, sobretudo para nós brasileiros, as influências diretas que recebemos da cultura norte-americana com exemplos de obras cinematográficas na composição dos textos. Quando se trata de tópicos relacionados à História Antiga, História Moderna e História Contemporânea, tenho observado uma unanimidade na utilização de obras cinematográficas e televisivas de diversos gêneros produzidas nos Estados Unidos que capturam aspectos históricos para transformá-los em atrações e ao mesmo tempo como objeto de reflexão para aprofundamento de questões, pois elas funcionam como representações de um tempo passado. Importante ressaltarmos que o objetivo aqui não é a exaltação da cultura norte-americana, mas o rico diálogo da influência que ela exerce no cotidiano dos estudantes, fato já cristalizado na consciência de gerações anteriores; sendo importante incorporá-las ao conhecimento já exposto em menor grau em alguns livros nacionais, inovando sempre que possível, experimentando e intensificando a interlocução desta relação entre o livro didático e a recepção da cultura norte-americana.

  • Sidney Leopoldino da Mata

O ENSINO DE HISTÓRIA NO SEGMENTO DA EJA NA CIDADE DE ITUIUTABA: REFLETINDO SOBRE COMO OS PROFESSORES ENSINAM E OS ESTUDANTES APRENDEM HISTÓRIA

O presente trabalho apresenta algumas reflexões sobre um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia – PPGED. A investigação situa-se no campo das reflexões sobre o ensino de história e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Destacam-se os seguintes objetivos: descrever e interpretar o cenário da pesquisa, os aspectos históricos, socioeconômico e culturais do município de Ituiutaba, MG, Brasil; compreender o movimento histórico da EJA, bem como refletir sobre as identidades dos sujeitos da pesquisa; analisar o processo de ensino e aprendizagem em história buscando compreender como os professores de História da cidade de Ituiutaba-MG, ensinam e os estudantes aprendem História. Partimos de um referencial teórico-metodológico fundamentado na didática da História. Recorreremos à observação do espaço escolar, especificamente das aulas de história e da história oral. A pesquisa será de cunho qualitativo e envolverá professores e estudantes frequentadores dos anos finais do Ensino Médio do segmento da EJA da rede pública, no ano de 2015. Nesta perspectiva entendemos que analisar a prática docente dos professores de História neste segmento educacional, não se traduz em diagnóstico conclusivo sobre o ensino de história na EJA na cidade de Ituiutaba, mas em estudo do qual emergem possibilidades de vislumbrar experiências e vivências oriundas do enfoque teórico da cultura histórica e a sua linearialidade com a orientação para a vida prática. Os estudos iniciais nos levam a defender que a atuação docente neste núcleo de formação, necessita ser desenvolvida de forma diferenciada daquela observada no ensino regular, uma vez que o público alvo é constituído de alunos em fase adulta nos quais se manifestam múltiplas experiências mundanas oriundas de suas vivências. Estas especificidades nos remetem a pensar nas múltiplas possibilidades de trabalhar com as diversas consciências históricas que ali se reúnem cotidianamente. Nesta perspectiva acreditamos que através do conhecimento histórico, é possível formar sujeitos capazes de refletir sobre o mundo e seu processo de transformação. Este indivíduo mais consciente do seu papel enquanto sujeito histórico estaria apto a incorporar o papel de agente de mudanças, por meio de ações e contestações contra a desigualdade social em grande escala que esta posta na sociedade em que está inserido.

 

  • Franciele Amaral Rodrigues dos Santos
  • Astrogildo Fernandes da Silva Júnior
  • Gilson Aparecido dos Santos

O ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DE DIFERENTES FONTES E LINGUAGENS

 

Este trabalho apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Diferentes fontes e linguagens no processo de ensinar e aprender história: um estudo com jovens estudantes da educação básica” financiado por FAPEMIG/ CAPES/CNPq Editais: MCTI/CNPq/MEC/CAPES n. 18/2012 e 13/2012 Pesquisa na Educação Básica Acordo CAPES e FAPEMIG, está em andamento e tem como objetivo geral analisar o potencial das diferentes fontes e das diferentes linguagens da cultura contemporânea no processo de ensino e aprendizagem em história. O aprendizado histórico é um processo que permite ao aluno refletir sobre a experiência temporal que o conhecimento histórico pressupõe, atribuindo sentido e orientação à vida prática e compreensão da identidade histórica e cultural dos indivíduos, portanto saber como e o quanto o processo de ensino relevante para o processo de construção desse aprendizado. A proposta é apresentar a análise da sequência de ensino aplicada durante o segundo semestre de 2014 com o tema “África na sala de aula”. Serão analisados o desenvolvimento e os resultados parciais dessa sequência cujo objetivo geral é analisar o potencial das diferentes fontes e das diferentes linguagens da cultura contemporânea no processo de ensino e aprendizagem em história. Buscamos identificar, durante a aplicação da sequência, como o uso de linguagens na sala de aula possibilita a constituição do saber histórico dos estudantes, apresentando seus resultados e algumas possibilidades consideradas relevantes. Para delimitar o tema elencamos alguns objetivos a serem alcançados em torno da história e cultura afro-brasileira. Os objetivos dessa sequência foram romper com o ensino de história da África somente a partir da escravidão negra, além de conhecer e valorizar a História dos povos africanos e afrodescendentes de acordo com a Lei nº 10.639/03, para construção de saberes antipreconceituosos, buscando desconstruir ideias, conceitos e comportamentos vinculados ao racismo rompendo com imagens negativas forjadas por diferentes meios de mídias contra negros. A partir dessa discussão reforçar o processo de afirmação de identidade, de historicidade com o objetivo de promover o reconhecimento e valorização da diversidade dos afrodescendentes. Nessa sequência foram usados documentos oficiais como a Lei 10.639, imagens e mapas. A realização deste trabalho permitiu aos alunos refletir melhor sobre diferentes olhares sobre a história. Constatou-se que o aprendizado histórico é possível com o uso de linguagens, fazendo com que o próprio aluno seja protagonista das aulas e se perceba enquanto sujeito histórico na construção da história da humanidade.

  • Carlos Henrique Alves do Couto
  • Victor Ridel Juzwiak
  • Astrogildo Fernades da Silva Júnior

O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISONADO NO ENSINO DE HISTÓRIA: DESAFIOS ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

 

Este texto apresenta reflexões acerca da experiência da disciplina Estágio Curricular Supervisionado I, realizada no curso de História da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal FACIP/UFU. Tem como objetivo refletir sobre o que é estudado ao longo da disciplina realizada na Universidade e a relação com o que é observado na escola campo de estágio. A disciplina Estágio Curricular Supervisionado I, corresponde a uma carga horária de 90 horas, sendo que 30 horas são realizadas na escola campo de estágio e 60 horas na universidade, para discussões teóricas. A proposta do Estágio reforça a importância de entendê-lo como pesquisa. Ao longo das aulas é reforçado que o ensino de história é um campo de investigação que mantém uma relação ao mesmo tempo íntima e estranha com a produção do conhecimento da historiografia profissional. A produção particular de conhecimentos históricos dentro da escola tem vínculos irredutíveis com a historiografia profissional, porém também se caracteriza por estar fora dela, possui uma lógica distinta, susceptível de converter em objeto de investigação. A construção do ensino de história como objeto de investigação desborda as fronteiras disciplinares da história profissional. Ao mesmo tempo esta variedade de procedimentos disciplinares, de métodos de interpretação e obtenção de dados e de criação de fontes, reflete a impossibilidade de um saber específico, e reforça o saber fronteiriço entre ensino e história. O ensino de história nunca perde o vínculo com a produção de conhecimento histórico dos historiadores, porém toma de fontes teóricas e metodológicas que a desdobram. Podemos destacar: a observação de cunho etnográfico; a história oral; a didática da história. Nas aulas na universidade, destacou-se que a escola é um espaço multicultural, e que deve abranger os diferentes saberes, tentando desenvolver uma ecologia dos saberes (SANTOS, 2009). Enquanto que na sala de aula se observou que de fato existe sim uma pluralidade cultural, mas, que o ensino não alcança de maneira suficiente as expectativas de um ensino história multicultural.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 5

GT 5: Gênero, sexualidades e normatividades

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OG)

Quinta-feira: 11/06/15

1 – SANGELITA MIRANDA FRANCO MARIANO e FLÁVIA GABRIELLA FRANCO

A construção de papéis sociais de gênero na educação infantil: entre bonecas e carrinhos

Este estudo é resultado de uma pesquisa de mestrado desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, a qual objetivou analisar quando e como ocorriam atividades lúdicas no cotidiano de uma turma de crianças da educação infantil e em que medida tais ações influenciavam no processo de constituição das crianças. Notamos que as brincadeiras assumem características diferentes dependendo do contexto em que são realizadas; dito de outra forma, o ambiente é motivador da vivência lúdica, na qual diversos elementos históricos e culturais se entrecruzam.  O brincar insere-se num sistema social, com objetivos e função social determinados e organizados de acordo com as características culturais produzidas em dada sociedade. As brincadeiras são experiências culturais preponderantes no processo de liberdade e criação. Em diferentes momentos de nossa história, as brincadeiras são compreendidas a partir dos significados estruturados pela cultura em consonância com os sentidos e as representações que cada sociedade lhes confere. Neste trabalho, o elemento em destaque são as relações de gênero contidas no brincar. A prática cotidiana demonstrou que na infância são estabelecidos os papéis que homens e mulheres desempenharão no futuro e, no caso específico da turma investigada, alguns comportamentos e atitudes eram constantemente reforçados pela professora como supostamente apropriados a um gênero ou outro. Observamos em diversos momentos que a professora indicava as brincadeiras e direcionava àquelas consideradas por ela como indicadas para meninas ou meninos. Para as primeiras, as atividades mais tranquilas e calmas, para os garotos eram escolhidas principalmente brincadeiras que exigiam maior movimentação, ressaltando que estas eram “proibidas” para as garotinhas, como por exemplo, as brincadeiras que envolviam corrida, tais como: pique-pega, policial e bandido, entre outras.  A justificativa da docente para escolhas das brincadeiras para meninos e meninas envolvia supostas “habilidades” que cada grupo possuía, ou seja, certas brincadeiras não eram indicadas às meninas por representar perigo de queda, uma vez que as meninas não possuíam agilidade para correr como os garotos. Para os meninos não se concebia o brincar envolvendo cuidados com bonecas ou afazeres domésticos, uma vez que tais ações eram apropriadas às meninas, as quais, de acordo com a docente, possuíam naturalmente o dom para tal. Buscaremos problematizar como estas escolhas de docentes e crianças refletem representações e ideologias de gênero e reproduzem perspectivas e papeis sociais designados a mulheres e homens, forjando binariamente suas vidas materiais e subjetivas desde o nascimento.

 2 – ROSANA DE JESUS DOS SANTOS e PABLO HENRIQUE COSTA SANTOS

CHIQUINHA GONZAGA: INSUBMISSÃO AO IDEAL DE MULHER BURGUESA NO RIO DE JANEIRO -FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX.

Nesta pesquisa discutimos a atuação da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga, na sociedade patriarcal do Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o XX. Damos ênfase ao modo como sua trajetória de vida e suas experiências no campo da música contribuíram para desestabilizar o ideal de mulher e família burguesa da Belle Époque. Como fontes, consultamos biografias, recortes de jornais e cartas em que a compositora figura. Mostramos também a contribuição de Chiquinha para a desconstrução de um padrão de música aceito e requerido pela sociedade da época.

Tal sociedade se pautava na cópia de modelos europeus, o que bloqueava o desenvolvimento da música e da arte. Chiquinha lutou pela autenticidade nacional. Ser brasileiro para ela significava viver em uma cultura distinta da europeia, com características peculiares e ricas, em que a formação do povo e a multiplicidade racial eram de extrema complexidade. O Brasil precisava mudar e construir sua identidade cultural, pois parecia “ter-se transformado em senso comum a tese do Brasil enquanto espaço imitativo” (ORTIZ, 1986, p. 27).

Foi através de Chiquinha Gonzaga e outros compositores que o populário musical brasileiro passou a ser reconhecido, além de destruído o preconceito sobre o uso da síncope nas composições musicais. Os brasileiros musicalmente passaram a ter originalidade e autenticidade em suas composições. Chiquinha transformou gêneros europeus (como a polca, valsa, mazurca, tango e modinha) em obras reconhecíveis de brasilidade. Ela ultrapassou os limites da música “social”, resultando na explosão de sons e ritmo oriundos de sua criatividade pessoal. E assim, rompeu com o padrão de gosto da burguesia.

Chiquinha promoveu a original aproximação cultural entre a música popular e a erudita, ou seja, a união dos gêneros musicais de origem negro-mestiça (com seus batuques e marimbas) com a música de piano que “antes era exclusivamente presa apenas ao repertório clássico-romântico das salas” (TINHORÃO, 1998, p. 130). Assim, “democratizou” o uso do piano, este deixou de ser um instrumento individualizado, erudito, para ser um instrumento inserido no gênero musical popular.

 3 – ADMILSON MARINHO DE LIMA

FEMINIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE.

O Brasil até o século XIX era hegemonicamente agrário, com uma divisão de classes bem demarcadas entre proprietários e não proprietários de terras, senhores e escravos, com uma visível ausência das mulheres no espaço público.

A essa época, a educação feminina era restrita aos cuidados com a casa, marido e os filhos, eram tratadas como incapazes intelectualmente, membros dos chamados grupos de doentes mentais e crianças. Era renegada a mulher qualquer formação, não sabia ler nem escrever. Já criança era adestrada a ser mãe e esposa, sua instrução alcançava estritamente as tarefas domésticas, aprender a bordar, cozinhar e costurar.

Proibindo a movimentação das mulheres em qualquer espaço público e limitando ao espaço privado, casa/quintal, revelava um paternalismo que teve como impactos, dentre outros, levar a mulher à condição de mera reprodutora, tornando-se apenas um objeto de domínio masculino e as afastava também da educação formal, não sendo permitido o acesso a escola.

As marcas desse processo histórico são perceptíveis até hoje nos diversos níveis da educação brasileira, em especial no ensino básico, fundamental e médio. Verificamos que no modelo patriarcal capitalista a presença e, atual, predominância de mulheres no exercício da docência tem se pautado pela divisão sexual do trabalho, na qual otrabalho feminino na docência é reduzido à condição de mercadoria e carrega uma sobreposição de explorações, hora pela remuneração inferior à dos homens, outrora na perpetuação das relações sociais de gênero no espaço privado, onde as mulheres continuam a serem as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico.

Nesse sentido, a análise do trabalho docente, em particular o feminino, é relevante e necessária, na medida em que a reflexão promovida pelos estudos de gênero acerca da participação das mulheres nessa profissão tem implicado em afirmações que postulam uma relação direta entre a desvalorização e precarização trabalho docente com a chamada “feminização do trabalho”. Deixando de lado diversos marcadores sociais da diferença presentes nessa profissão, em particular, a questão da classe. Interessa-nos pensar a categoria gênero articulada à categoria classe, visto que a participação feminina no mercado de trabalho em geral, está diretamente relacionada às mudanças sociais, econômicas e políticas, ao longo do tempo, que são tensionadas por relações autoritárias, patriarcais, preconceituosas e de classes.

 4 – ISADORA DAMASCENO RIBEIRO DE OLIVEIRA LEITE

IDENTIDADES QUE (TRANS)BORDAM: Um olhar sensível sobre as pessoas trans e suas experiências na busca por direito e inteligibilidade social.

A transexualidade1 é uma das múltiplas expressões identitárias que emergiram como uma resposta inevitável ao sistema que organiza a vida social fundamentada na produção de sujeitos “normais/anormais” e que localiza a verdade das identidades em estruturas corporais (BENTO, 2008. p. 20). Tendo em vista constituição das identidades contemporâneas baseadas, principalmente, nas exigências das normatizações sócio-culturais e políticas, e compreendendo seu caráter transitório de construção e reconstrução; objetiva-se pensar o sujeito contemporâneo colocado em situações sociais diversas que não o deixam livre de enquadramento; onde as identidades são misturas de demandas liberais pela liberdade de autodefinição e auto-afirmação com apelos comunitários a uma totalidade maior do que a soma das partes, bem como à prioridade sobre os impulsos destrutivos de cada uma das partes (BAUMAN, 2005; p.48). Entretanto, ao mesmo tempo em que as pessoas trans questionam, reiteram e desorganizam a categoria naturalizada do humano, denunciam, implícita ou explicitamente, que as normas de gênero não estabelecem um consenso absoluto da vida social, desafiando as fronteiras entre a experiência individual e a necessidade de reconhecimento (TEIXEIRA, 2009; p.20). A transexualidade e outras experiências de trânsito de gênero mostram que não somos predestinados a cumprir os desígnos de nossas estruturas corpóreas; tampouco a outras éticas de neutralização e normatização, como foram impostas pelo binarismo que supunha organizar e distribuir os corpos sexuados na estrutura social. Há corpos que não seguem as normas de gênero e esse processo de fuga do cárcere dos corpos-sexuados é marcado por dor, conflito e medo. Não se trata de uma identidade transexual universal, mas sim de identidades diversas e em constante transformação de pessoas com experiências social, cultural e economicamente diferentes. Tais pessoas, que parecem não existir socialmente e/ou encontram-se escondidas e/ou esquecidas. E, tendo em vista a proposta de análise sensível dos sujeitos e suas experiências, somente no campo da sensibilidade torna-se possível refletir e compreender sobre a luta das pessoas trans, suas experiências inter pessoais e sociais em constante busca por inteligibilidade social e direitos humanos. Porquanto, este artigo busca apreender a constituição do indivíduo – em sua diversidade e transitoriedade – para além dos limites normativos, partindo da subjetividade e sensibilidade de cada um, na apreensão do mundo que os cerca.

 5 – THIAGO AUGUSTO ARLINDO TOMAZ DA SILVA CREPALDI

MEMÓRIAS CONTADAS, MEMÓRIAS VIVIDAS: PERCUSOS DE UM DISCENTE-DOCENTE (IN)FORMAÇÃO .

Michel Foucault, filósofo francês, considera que algumas problematizações nascem de uma experiência. A minha experiência de vida (in)formação e em percurso, em certa medida contribui para este trabalho. O interesse em dedicar a essa trajetória dos corpos, gêneros e das sexualidades interliga-se a minha vontade de saber sobre a minha própria sexualidade, num desejo de pensá-la no plural. Este trabalho busca resgatar o meu percurso enquanto um discente-docente (in)formação. Sou feito de uma porção de histórias. Por uma porção de memórias. De murais de imagens. De outros tantos discursos. De muitas expectativas. O objetivo deste relato é contar e reviver estas memórias e imagens que dizem de onde eu falo. Sou o sujeito, em Foucault, que se constitui por meio de práticas, relações de poder-saber, técnicas de si e/ou experiências. Cursei Ciências Biológicas. O curso em si reforçou todas as marcas, os lugares, as normatividades de gênero e de sexualidade esperadas para um meninO (sexo-sexualidade-identidade sexual-gênero). A desconstrução destes padrões que diziam que eu não era/ou não poderia ser eu, começam a ganhar solidez quando fui para Portugal. Lá descortinei muitos destes discursos, quando fui ser voluntário Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens de Coimbra, com a temática Educação Sexual e Prevenção da AIDS, e percebi que estas discussões não eram amplas de modo a contribuir para a problematização destes padrões normativos dos gêneros e sexualidades. Retornando para o Brasil, encontrei um grupo de estudantes que desejavam construir um coletivo de diversidade sexual e ao mesmo tempo integrei dois Grupos de Estudos um na Educação GPECS/UFU – Grupo de Pesquisa Corpos, Sexualidades e Gêneros – e outro na Psicologia/UFU – Sexualidade, Identidade e Movimentos Sociais. A história e as memórias continuam. Ampliadamente, como biólogo e entusiasta da Educação fomenta-me a vontade de saber os processos pelos quais o Ensino de Biologia pode contribuir para o modo como nos entendemos em quanto humanos e o modo como nos relacionamos com outros humanos, ou seja, como nos percebemos enquanto sujeitos. No trabalho de monografia, fomentado pela FAPEMIG/UFU intitulado “Corpo, Gênero e Sexualidade: modos de ensinar Biologia em Manuais Didáticos Portugueses” encontro alguns indicativos de algumas lições normativas dos corpos, dos gêneros e das sexualidades a partir da análise de manuais didáticos de biologia utilizados em Portugal. As análises desenvolvidas pontuam que os manuais didáticos de Biologia funcionam como dispositivos de produção, reprodução, disseminação e repetição do discurso da sexualidade heteronormativa. Atualmente, estou atuando no Ensino Médio problematizo estas questões com os/as estudantes.

 6 – FLÁVIA GABRIELLA FRANCO MARIANO e SANGELITA MIRANDA FRANCO MARIANO

Protagonismo e práxis femininas na luta de classes: reflexões a partir da análise dos movimentos populares

O texto reflete sobre a importância de se problematizar a participação das mulheres na análise dos movimentos sociais. Ressaltamos a participação das mulheres no movimentosem-teto, considerando, sobretudo, as concretudes e sentidos do desprovimento e da luta por moradia, construídos a partir das experiências femininas da classe trabalhadora. Tendo como fundamental a reflexão interseccional e a perspectiva de inclusão de categorias socialmente marginalizadas, fomos instigados a nos referenciar pela articulação dos conceitos de classe e gênero para a análise dos processos históricos e relações sociais, políticas e ideológicas que envolvem mulheres e homens que vivem do próprio trabalho e são privados de meios de adquirir moradia própria. Desta forma, consideramos que a dinâmica que envolve os movimentos sociais e políticos protagonizados por estas mulheres e homens tão somente pode ser apreendida considerando criticamente as estruturas e relações capitalistas e patriarcais, bem como seus sistemas de dominação e de organização da materialidade. Refletindo sobre as identidades e sentidos coletivos construídos na experiência de organização e ação coletiva dos movimentos sem-teto na atualidade, consideramos que pensar estes movimentos na dinâmica da luta de classes inclui, intrinsecamente, problematizar a participação política específica das mulheres diante das condições de exploração de classe e de opressões de gênero, que fundam e permeiam a luta política por moradia. Maricato (1997) aponta que o significado da moradia e do local de habitação, para além do plano da casa e do morar, resulta de todo o conjunto de práticas sociais historicamente acumuladas. Nesse sentido, propõe-se desdobrar questionamentos sobre os lugares e papéis históricos e sociais ocupados e desempenhados pelas mulheres nos processos de produção e reprodução da vida social, bem como sobre caracterizações singulares das experiências comuns das mulheres da classe trabalhadora que vivenciam as cidades e o espaço urbano. Para tanto, buscaremos (re)visitar o arcabouço teórico que versa sobre os conceitos de classe e gênero e de sua historicidade social, bem como sobre as condições habitacionais e urbanas nas cidades capitalistas. Nos assentaremos na revisão bibliográfica de autores clássicos e contemporâneos com fim a estabelecer como estes diálogos podem contribuir na pesquisa sobre as mulheres dos movimentos sociais sem-teto, seus sujeitos e práticas. Considera-se possível, a partir desta reflexão, analisar como as condições de classe e gênero se articulam e se expressam na ação organizativa e reivindicativa dos movimentos e como as mulheres trabalhadoras, organizando-se, assumem papel ativo na luta pela demanda da moradia.

 

 7 – DANIEL HENRIQUE DE OLIVEIRA SILVA

Movimento de esquerda e movimento homossexual: tensões e silenciamentos na luta pró – democracia. (1978 – 1981).

O presente trabalho propõe discutir a relação do movimento de esquerda nos anos finais da ditadura militar com o movimento homossexual. Reflexões realizadas por meio do jornal Lampião da Esquina, que surgiu em abril de 1978 e perdurou até 1981, com publicações mensais, predominantemente com vinte páginas, três edições extras e uma experimental, nos anos finais da ditadura civil-militar no Brasil, período de leve abertura, mas ainda sob forte repressão aos meios de comunicação. Escrito por homossexuais masculinos mas com abertura para publicações variadas externas. Nesse sentido,  ao longo do artigo foi analisado essa relação conhecida como “luta maior” e “luta menor”, em que parcela do movimento de esquerda tentou ocultar movimentos ditos minoritários: negro, homossexual, mulheres, afirmando que naquele momento todos deveriam unir forças para combater o inimigo comum, a ditadura militar. Fernando Gabeira, ícone do movimento de esquerda naquele momento, ao voltar do exílio percebe o papel desses outros movimentos na lutar contra a repressão, não sendo necessário o silenciamento destes para haver uma luta pró democracia, sendo possível a construção de uma frente ampla e plural de maneiras independentes.

 8 – TALITA RAFAELA ARAÚJO VASCONCELOS

“Da mulher para a mulher”: as representações do feminino na revista O Cruzeiro e o ideal da verdadeira mulher.

O presente trabalho resulta da análise das representações do feminino veiculadas na revista O Cruzeiro, que circulou na sociedade brasileira entre os anos de 1928 a 1975.  Mais especificamente, analiso a coluna “Da mulher para a mulher”, entre os anos de 1940 e 1963, e que serviu de fonte para o desenvolvimento do meu trabalho de monografia. A partir do diálogo de Teresa de Lauretis com a teoria foucaultiana, penso que a coluna funcionava como uma tecnologia social de gênero, sendo um espaço de fala autorizada que construía através de seus discursos, uma naturalização de imagens, papeis e relações sociais de gênero, produzindo, reproduzindo e reiterando consensos e estereótipos em torno do feminino e do masculino. Tento destacar especialmente como os discursos encontrados em “Da mulher para a mulher”, normatizavam, enquadravam e engendravam formas e significados de “ser mulher”, construindo o ideal da “verdadeira mulher”, dona-de-casa, esposa e mãe. Além disso, disso, busco perceber como esses discursos normatizadores revelam ao mesmo tempo a fuga às normas pelos mesmos sujeitos que ela tenta enquadrar. E por último, viso debater como as falas da coluna constroem e reiteram as representações de “verdadeira mulher” a partir da delimitação do seu externo, daquilo que lhe é marginal ou abjeto.

 9 – ANDRÉ LUIZ SILVA RODOVALHO

Oficina de teatro com transgêneros: experiência e relatos.

A pesquisa se baseia sobre a experiência de uma oficina de teatro com transgêneros não atores, proveniente de uma pesquisa de mestrado em Artes Cênicas em andamento. O interesse de trabalhar com o público trans nasce de uma pesquisa sobre teatro e identidade sexual realizada como bolsista do programa PIBID durante a graduação em Teatro. Esse desejo também está relacionado aos meus trabalhos de travestimento teatral enquanto ator, feitos dentro e fora da graduação a fim de discutir cenicamente questões de sexualidade e gênero. Travestis e transexuais são muito discriminad@s ao assumirem suas identidades de gênero, muitas vezes ao serem expuls@s de casa são acolhidas na prostituição, pois se evadem das escolas devido ao preconceito e consequentemente não encontram inserção social e oportunidades no mercado de trabalho. A oficina inicialmente trabalhou metodologicamente com a vertente performática investigando suas potencialidades da performance autobiográfica. No entanto foi notada uma má adaptação das alunas transexuais em relação à exposição de seus corpos durante as propostas de exercícios cênicos, o que gerou uma evasão das aulas. A partir do ponto de vista de ministrante da oficina foi observado o conflito dos corpos trans e suas performatividades de gênero em relação à prática teatral. A partir da experiência teatral construo uma ponte com referência nas estudiosas de gênero contemporâneas, dentre elas a francesa Judith Butler e as brasileiras Guacira Louro e Guaraci Martins.