Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 5

GT 5: Gênero, sexualidades e normatividades

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OG)

Quinta-feira: 11/06/15

1 – SANGELITA MIRANDA FRANCO MARIANO e FLÁVIA GABRIELLA FRANCO

A construção de papéis sociais de gênero na educação infantil: entre bonecas e carrinhos

Este estudo é resultado de uma pesquisa de mestrado desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, a qual objetivou analisar quando e como ocorriam atividades lúdicas no cotidiano de uma turma de crianças da educação infantil e em que medida tais ações influenciavam no processo de constituição das crianças. Notamos que as brincadeiras assumem características diferentes dependendo do contexto em que são realizadas; dito de outra forma, o ambiente é motivador da vivência lúdica, na qual diversos elementos históricos e culturais se entrecruzam.  O brincar insere-se num sistema social, com objetivos e função social determinados e organizados de acordo com as características culturais produzidas em dada sociedade. As brincadeiras são experiências culturais preponderantes no processo de liberdade e criação. Em diferentes momentos de nossa história, as brincadeiras são compreendidas a partir dos significados estruturados pela cultura em consonância com os sentidos e as representações que cada sociedade lhes confere. Neste trabalho, o elemento em destaque são as relações de gênero contidas no brincar. A prática cotidiana demonstrou que na infância são estabelecidos os papéis que homens e mulheres desempenharão no futuro e, no caso específico da turma investigada, alguns comportamentos e atitudes eram constantemente reforçados pela professora como supostamente apropriados a um gênero ou outro. Observamos em diversos momentos que a professora indicava as brincadeiras e direcionava àquelas consideradas por ela como indicadas para meninas ou meninos. Para as primeiras, as atividades mais tranquilas e calmas, para os garotos eram escolhidas principalmente brincadeiras que exigiam maior movimentação, ressaltando que estas eram “proibidas” para as garotinhas, como por exemplo, as brincadeiras que envolviam corrida, tais como: pique-pega, policial e bandido, entre outras.  A justificativa da docente para escolhas das brincadeiras para meninos e meninas envolvia supostas “habilidades” que cada grupo possuía, ou seja, certas brincadeiras não eram indicadas às meninas por representar perigo de queda, uma vez que as meninas não possuíam agilidade para correr como os garotos. Para os meninos não se concebia o brincar envolvendo cuidados com bonecas ou afazeres domésticos, uma vez que tais ações eram apropriadas às meninas, as quais, de acordo com a docente, possuíam naturalmente o dom para tal. Buscaremos problematizar como estas escolhas de docentes e crianças refletem representações e ideologias de gênero e reproduzem perspectivas e papeis sociais designados a mulheres e homens, forjando binariamente suas vidas materiais e subjetivas desde o nascimento.

 2 – ROSANA DE JESUS DOS SANTOS e PABLO HENRIQUE COSTA SANTOS

CHIQUINHA GONZAGA: INSUBMISSÃO AO IDEAL DE MULHER BURGUESA NO RIO DE JANEIRO -FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX.

Nesta pesquisa discutimos a atuação da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga, na sociedade patriarcal do Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o XX. Damos ênfase ao modo como sua trajetória de vida e suas experiências no campo da música contribuíram para desestabilizar o ideal de mulher e família burguesa da Belle Époque. Como fontes, consultamos biografias, recortes de jornais e cartas em que a compositora figura. Mostramos também a contribuição de Chiquinha para a desconstrução de um padrão de música aceito e requerido pela sociedade da época.

Tal sociedade se pautava na cópia de modelos europeus, o que bloqueava o desenvolvimento da música e da arte. Chiquinha lutou pela autenticidade nacional. Ser brasileiro para ela significava viver em uma cultura distinta da europeia, com características peculiares e ricas, em que a formação do povo e a multiplicidade racial eram de extrema complexidade. O Brasil precisava mudar e construir sua identidade cultural, pois parecia “ter-se transformado em senso comum a tese do Brasil enquanto espaço imitativo” (ORTIZ, 1986, p. 27).

Foi através de Chiquinha Gonzaga e outros compositores que o populário musical brasileiro passou a ser reconhecido, além de destruído o preconceito sobre o uso da síncope nas composições musicais. Os brasileiros musicalmente passaram a ter originalidade e autenticidade em suas composições. Chiquinha transformou gêneros europeus (como a polca, valsa, mazurca, tango e modinha) em obras reconhecíveis de brasilidade. Ela ultrapassou os limites da música “social”, resultando na explosão de sons e ritmo oriundos de sua criatividade pessoal. E assim, rompeu com o padrão de gosto da burguesia.

Chiquinha promoveu a original aproximação cultural entre a música popular e a erudita, ou seja, a união dos gêneros musicais de origem negro-mestiça (com seus batuques e marimbas) com a música de piano que “antes era exclusivamente presa apenas ao repertório clássico-romântico das salas” (TINHORÃO, 1998, p. 130). Assim, “democratizou” o uso do piano, este deixou de ser um instrumento individualizado, erudito, para ser um instrumento inserido no gênero musical popular.

 3 – ADMILSON MARINHO DE LIMA

FEMINIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE.

O Brasil até o século XIX era hegemonicamente agrário, com uma divisão de classes bem demarcadas entre proprietários e não proprietários de terras, senhores e escravos, com uma visível ausência das mulheres no espaço público.

A essa época, a educação feminina era restrita aos cuidados com a casa, marido e os filhos, eram tratadas como incapazes intelectualmente, membros dos chamados grupos de doentes mentais e crianças. Era renegada a mulher qualquer formação, não sabia ler nem escrever. Já criança era adestrada a ser mãe e esposa, sua instrução alcançava estritamente as tarefas domésticas, aprender a bordar, cozinhar e costurar.

Proibindo a movimentação das mulheres em qualquer espaço público e limitando ao espaço privado, casa/quintal, revelava um paternalismo que teve como impactos, dentre outros, levar a mulher à condição de mera reprodutora, tornando-se apenas um objeto de domínio masculino e as afastava também da educação formal, não sendo permitido o acesso a escola.

As marcas desse processo histórico são perceptíveis até hoje nos diversos níveis da educação brasileira, em especial no ensino básico, fundamental e médio. Verificamos que no modelo patriarcal capitalista a presença e, atual, predominância de mulheres no exercício da docência tem se pautado pela divisão sexual do trabalho, na qual otrabalho feminino na docência é reduzido à condição de mercadoria e carrega uma sobreposição de explorações, hora pela remuneração inferior à dos homens, outrora na perpetuação das relações sociais de gênero no espaço privado, onde as mulheres continuam a serem as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico.

Nesse sentido, a análise do trabalho docente, em particular o feminino, é relevante e necessária, na medida em que a reflexão promovida pelos estudos de gênero acerca da participação das mulheres nessa profissão tem implicado em afirmações que postulam uma relação direta entre a desvalorização e precarização trabalho docente com a chamada “feminização do trabalho”. Deixando de lado diversos marcadores sociais da diferença presentes nessa profissão, em particular, a questão da classe. Interessa-nos pensar a categoria gênero articulada à categoria classe, visto que a participação feminina no mercado de trabalho em geral, está diretamente relacionada às mudanças sociais, econômicas e políticas, ao longo do tempo, que são tensionadas por relações autoritárias, patriarcais, preconceituosas e de classes.

 4 – ISADORA DAMASCENO RIBEIRO DE OLIVEIRA LEITE

IDENTIDADES QUE (TRANS)BORDAM: Um olhar sensível sobre as pessoas trans e suas experiências na busca por direito e inteligibilidade social.

A transexualidade1 é uma das múltiplas expressões identitárias que emergiram como uma resposta inevitável ao sistema que organiza a vida social fundamentada na produção de sujeitos “normais/anormais” e que localiza a verdade das identidades em estruturas corporais (BENTO, 2008. p. 20). Tendo em vista constituição das identidades contemporâneas baseadas, principalmente, nas exigências das normatizações sócio-culturais e políticas, e compreendendo seu caráter transitório de construção e reconstrução; objetiva-se pensar o sujeito contemporâneo colocado em situações sociais diversas que não o deixam livre de enquadramento; onde as identidades são misturas de demandas liberais pela liberdade de autodefinição e auto-afirmação com apelos comunitários a uma totalidade maior do que a soma das partes, bem como à prioridade sobre os impulsos destrutivos de cada uma das partes (BAUMAN, 2005; p.48). Entretanto, ao mesmo tempo em que as pessoas trans questionam, reiteram e desorganizam a categoria naturalizada do humano, denunciam, implícita ou explicitamente, que as normas de gênero não estabelecem um consenso absoluto da vida social, desafiando as fronteiras entre a experiência individual e a necessidade de reconhecimento (TEIXEIRA, 2009; p.20). A transexualidade e outras experiências de trânsito de gênero mostram que não somos predestinados a cumprir os desígnos de nossas estruturas corpóreas; tampouco a outras éticas de neutralização e normatização, como foram impostas pelo binarismo que supunha organizar e distribuir os corpos sexuados na estrutura social. Há corpos que não seguem as normas de gênero e esse processo de fuga do cárcere dos corpos-sexuados é marcado por dor, conflito e medo. Não se trata de uma identidade transexual universal, mas sim de identidades diversas e em constante transformação de pessoas com experiências social, cultural e economicamente diferentes. Tais pessoas, que parecem não existir socialmente e/ou encontram-se escondidas e/ou esquecidas. E, tendo em vista a proposta de análise sensível dos sujeitos e suas experiências, somente no campo da sensibilidade torna-se possível refletir e compreender sobre a luta das pessoas trans, suas experiências inter pessoais e sociais em constante busca por inteligibilidade social e direitos humanos. Porquanto, este artigo busca apreender a constituição do indivíduo – em sua diversidade e transitoriedade – para além dos limites normativos, partindo da subjetividade e sensibilidade de cada um, na apreensão do mundo que os cerca.

 5 – THIAGO AUGUSTO ARLINDO TOMAZ DA SILVA CREPALDI

MEMÓRIAS CONTADAS, MEMÓRIAS VIVIDAS: PERCUSOS DE UM DISCENTE-DOCENTE (IN)FORMAÇÃO .

Michel Foucault, filósofo francês, considera que algumas problematizações nascem de uma experiência. A minha experiência de vida (in)formação e em percurso, em certa medida contribui para este trabalho. O interesse em dedicar a essa trajetória dos corpos, gêneros e das sexualidades interliga-se a minha vontade de saber sobre a minha própria sexualidade, num desejo de pensá-la no plural. Este trabalho busca resgatar o meu percurso enquanto um discente-docente (in)formação. Sou feito de uma porção de histórias. Por uma porção de memórias. De murais de imagens. De outros tantos discursos. De muitas expectativas. O objetivo deste relato é contar e reviver estas memórias e imagens que dizem de onde eu falo. Sou o sujeito, em Foucault, que se constitui por meio de práticas, relações de poder-saber, técnicas de si e/ou experiências. Cursei Ciências Biológicas. O curso em si reforçou todas as marcas, os lugares, as normatividades de gênero e de sexualidade esperadas para um meninO (sexo-sexualidade-identidade sexual-gênero). A desconstrução destes padrões que diziam que eu não era/ou não poderia ser eu, começam a ganhar solidez quando fui para Portugal. Lá descortinei muitos destes discursos, quando fui ser voluntário Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens de Coimbra, com a temática Educação Sexual e Prevenção da AIDS, e percebi que estas discussões não eram amplas de modo a contribuir para a problematização destes padrões normativos dos gêneros e sexualidades. Retornando para o Brasil, encontrei um grupo de estudantes que desejavam construir um coletivo de diversidade sexual e ao mesmo tempo integrei dois Grupos de Estudos um na Educação GPECS/UFU – Grupo de Pesquisa Corpos, Sexualidades e Gêneros – e outro na Psicologia/UFU – Sexualidade, Identidade e Movimentos Sociais. A história e as memórias continuam. Ampliadamente, como biólogo e entusiasta da Educação fomenta-me a vontade de saber os processos pelos quais o Ensino de Biologia pode contribuir para o modo como nos entendemos em quanto humanos e o modo como nos relacionamos com outros humanos, ou seja, como nos percebemos enquanto sujeitos. No trabalho de monografia, fomentado pela FAPEMIG/UFU intitulado “Corpo, Gênero e Sexualidade: modos de ensinar Biologia em Manuais Didáticos Portugueses” encontro alguns indicativos de algumas lições normativas dos corpos, dos gêneros e das sexualidades a partir da análise de manuais didáticos de biologia utilizados em Portugal. As análises desenvolvidas pontuam que os manuais didáticos de Biologia funcionam como dispositivos de produção, reprodução, disseminação e repetição do discurso da sexualidade heteronormativa. Atualmente, estou atuando no Ensino Médio problematizo estas questões com os/as estudantes.

 6 – FLÁVIA GABRIELLA FRANCO MARIANO e SANGELITA MIRANDA FRANCO MARIANO

Protagonismo e práxis femininas na luta de classes: reflexões a partir da análise dos movimentos populares

O texto reflete sobre a importância de se problematizar a participação das mulheres na análise dos movimentos sociais. Ressaltamos a participação das mulheres no movimentosem-teto, considerando, sobretudo, as concretudes e sentidos do desprovimento e da luta por moradia, construídos a partir das experiências femininas da classe trabalhadora. Tendo como fundamental a reflexão interseccional e a perspectiva de inclusão de categorias socialmente marginalizadas, fomos instigados a nos referenciar pela articulação dos conceitos de classe e gênero para a análise dos processos históricos e relações sociais, políticas e ideológicas que envolvem mulheres e homens que vivem do próprio trabalho e são privados de meios de adquirir moradia própria. Desta forma, consideramos que a dinâmica que envolve os movimentos sociais e políticos protagonizados por estas mulheres e homens tão somente pode ser apreendida considerando criticamente as estruturas e relações capitalistas e patriarcais, bem como seus sistemas de dominação e de organização da materialidade. Refletindo sobre as identidades e sentidos coletivos construídos na experiência de organização e ação coletiva dos movimentos sem-teto na atualidade, consideramos que pensar estes movimentos na dinâmica da luta de classes inclui, intrinsecamente, problematizar a participação política específica das mulheres diante das condições de exploração de classe e de opressões de gênero, que fundam e permeiam a luta política por moradia. Maricato (1997) aponta que o significado da moradia e do local de habitação, para além do plano da casa e do morar, resulta de todo o conjunto de práticas sociais historicamente acumuladas. Nesse sentido, propõe-se desdobrar questionamentos sobre os lugares e papéis históricos e sociais ocupados e desempenhados pelas mulheres nos processos de produção e reprodução da vida social, bem como sobre caracterizações singulares das experiências comuns das mulheres da classe trabalhadora que vivenciam as cidades e o espaço urbano. Para tanto, buscaremos (re)visitar o arcabouço teórico que versa sobre os conceitos de classe e gênero e de sua historicidade social, bem como sobre as condições habitacionais e urbanas nas cidades capitalistas. Nos assentaremos na revisão bibliográfica de autores clássicos e contemporâneos com fim a estabelecer como estes diálogos podem contribuir na pesquisa sobre as mulheres dos movimentos sociais sem-teto, seus sujeitos e práticas. Considera-se possível, a partir desta reflexão, analisar como as condições de classe e gênero se articulam e se expressam na ação organizativa e reivindicativa dos movimentos e como as mulheres trabalhadoras, organizando-se, assumem papel ativo na luta pela demanda da moradia.

 

 7 – DANIEL HENRIQUE DE OLIVEIRA SILVA

Movimento de esquerda e movimento homossexual: tensões e silenciamentos na luta pró – democracia. (1978 – 1981).

O presente trabalho propõe discutir a relação do movimento de esquerda nos anos finais da ditadura militar com o movimento homossexual. Reflexões realizadas por meio do jornal Lampião da Esquina, que surgiu em abril de 1978 e perdurou até 1981, com publicações mensais, predominantemente com vinte páginas, três edições extras e uma experimental, nos anos finais da ditadura civil-militar no Brasil, período de leve abertura, mas ainda sob forte repressão aos meios de comunicação. Escrito por homossexuais masculinos mas com abertura para publicações variadas externas. Nesse sentido,  ao longo do artigo foi analisado essa relação conhecida como “luta maior” e “luta menor”, em que parcela do movimento de esquerda tentou ocultar movimentos ditos minoritários: negro, homossexual, mulheres, afirmando que naquele momento todos deveriam unir forças para combater o inimigo comum, a ditadura militar. Fernando Gabeira, ícone do movimento de esquerda naquele momento, ao voltar do exílio percebe o papel desses outros movimentos na lutar contra a repressão, não sendo necessário o silenciamento destes para haver uma luta pró democracia, sendo possível a construção de uma frente ampla e plural de maneiras independentes.

 8 – TALITA RAFAELA ARAÚJO VASCONCELOS

“Da mulher para a mulher”: as representações do feminino na revista O Cruzeiro e o ideal da verdadeira mulher.

O presente trabalho resulta da análise das representações do feminino veiculadas na revista O Cruzeiro, que circulou na sociedade brasileira entre os anos de 1928 a 1975.  Mais especificamente, analiso a coluna “Da mulher para a mulher”, entre os anos de 1940 e 1963, e que serviu de fonte para o desenvolvimento do meu trabalho de monografia. A partir do diálogo de Teresa de Lauretis com a teoria foucaultiana, penso que a coluna funcionava como uma tecnologia social de gênero, sendo um espaço de fala autorizada que construía através de seus discursos, uma naturalização de imagens, papeis e relações sociais de gênero, produzindo, reproduzindo e reiterando consensos e estereótipos em torno do feminino e do masculino. Tento destacar especialmente como os discursos encontrados em “Da mulher para a mulher”, normatizavam, enquadravam e engendravam formas e significados de “ser mulher”, construindo o ideal da “verdadeira mulher”, dona-de-casa, esposa e mãe. Além disso, disso, busco perceber como esses discursos normatizadores revelam ao mesmo tempo a fuga às normas pelos mesmos sujeitos que ela tenta enquadrar. E por último, viso debater como as falas da coluna constroem e reiteram as representações de “verdadeira mulher” a partir da delimitação do seu externo, daquilo que lhe é marginal ou abjeto.

 9 – ANDRÉ LUIZ SILVA RODOVALHO

Oficina de teatro com transgêneros: experiência e relatos.

A pesquisa se baseia sobre a experiência de uma oficina de teatro com transgêneros não atores, proveniente de uma pesquisa de mestrado em Artes Cênicas em andamento. O interesse de trabalhar com o público trans nasce de uma pesquisa sobre teatro e identidade sexual realizada como bolsista do programa PIBID durante a graduação em Teatro. Esse desejo também está relacionado aos meus trabalhos de travestimento teatral enquanto ator, feitos dentro e fora da graduação a fim de discutir cenicamente questões de sexualidade e gênero. Travestis e transexuais são muito discriminad@s ao assumirem suas identidades de gênero, muitas vezes ao serem expuls@s de casa são acolhidas na prostituição, pois se evadem das escolas devido ao preconceito e consequentemente não encontram inserção social e oportunidades no mercado de trabalho. A oficina inicialmente trabalhou metodologicamente com a vertente performática investigando suas potencialidades da performance autobiográfica. No entanto foi notada uma má adaptação das alunas transexuais em relação à exposição de seus corpos durante as propostas de exercícios cênicos, o que gerou uma evasão das aulas. A partir do ponto de vista de ministrante da oficina foi observado o conflito dos corpos trans e suas performatividades de gênero em relação à prática teatral. A partir da experiência teatral construo uma ponte com referência nas estudiosas de gênero contemporâneas, dentre elas a francesa Judith Butler e as brasileiras Guacira Louro e Guaraci Martins.

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