Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 4

GT 4: Das insurgências populares no século XVIII à mobilização dos movimentos sociais contemporâneos no século XXI: sobre a atualidade da ação direta

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OB) 

Terça Feira: 09/06/15

 

1 – FABRÍCIO PÍNTO MONTEIRO

Pierre-Joseph Proudhon: Dialética Do Antidogmatismo

Esta comunicação possui como tema central o pensamento do “pai da anarquia”, Pierre-Joseph Proudhon. Sua meta, entretanto, não é simplesmente descrever suas ideias, suas propostas e conceitos, nem mesmo expôr detalhes de sua vida e trajetória política como uma narrativa linear na França de meados do século XIX. Em consonância com os objetivos deste Grupo de Trabalho, o pensamento e os atos de Proudhon serão problematizados tendo em vista elementos chave para a luta libertária em nossa atualidade – mais especificamente, a construção do antidogmatismo como um valor e prática social.

De uma forma simples, o entendimento do que seria a anarquia e o anarquismo quase naturalmente teria como pressuposto tal valor. A luta contra o autoritarismo, as restrições descabidas de liberdade, a exploração e desigualdade social, a cristalização e imposição de valores e formas de vivência, tudo constrói-se sob o princípio da possibilidade de questionamento e renovação.

Por outro lado, a prática militante cotidiana do anarquista – a prática humana cotidiana do anarquista, de modo mais geral – muitas vezes é acompanhada por intolerância, apego a conceitos   teóricos que lhe acorrentam a ação, eliminação de possibilidades de diálogo e harmonização porque o outro é visto como um inimigo (ou “traidor”, ou “falso” etc.), mesmo que esse outro não devesse ser considerado tão outro assim…

Problematizar essas questões sob o tema do pensamento de Proudhon, não significa a busca de receitas para nossa vida presente em um passado distante – rigorosamente falando, estamos construindo novamente aquele passado justamente ao levantar tais questões e reflexões hoje. Trata-se de observar outra época, outras relações sociais, outras experiências (que podem também não ser tão outras assim…), o que pode nos auxiliar a romper a cegueira que, imersos em nossa própria época, muitas vezes impomos a nós mesmos.

 

2 – JOÃO GABRIEL DA FONSECA MATEUS

Por uma vida sem catracas! A luta popular contra o aumento da tarifa do transporte em Goiânia

 

O ano de 2013, especificamente nos liames dos meses de abril a junho, proporcionou uma onda de manifestações em todo o Brasil. Lutas específicas e amplas apontaram para a necessidade de transformações sociais. Apesar do aspecto de ampliação que tomou as manifestações, nos limitaremos nessa apresentação a discutir as mobilizações populares que giraram em torno da questão do transporte coletivo urbano que marcaram presença nas ruas de centenas de cidades, dando enfoque para os atos ocorridos em Goiânia. Após isso, faremos uma breve exposição das concepções gerais da Frente de Luta contra o Aumento da Passagem, organização que figurou na coordenação de atos de luta sobre o transporte na capital goianiense. Assim, ressaltaremos as concepções libertárias desse movimento tais como a) autonomia política, organizativa e econômica; b) apartidarismo; c) combatividade; d) autogestão interna; e) livre associação dos indivíduos; f) ação direta; g) horizontalidade interna; h) decisões coletivas; i) revogabilidade e temporalidade das comissões; j) solidariedade entre membros.

3- VICTOR HUGO SOLIZ

Contribuição Epistemológica do Pensamento Libertário em Reclus e Kropotkin na Práxis do Ensino de Geografia

O propósito deste trabalho é problematizar a contribuição epistemológica do pensamento libertário de Reclus e Kropotkin para a práxis do ensino de geografia. Para tanto, dividirei minha apresentação em 4 partes. A primeira parte será uma retomada histórica de todos os pontos importantes para o desenvolvimento do trabalho, não apenas para contextualizar evitando confusões (principalmente em relação a Paulo Freire e aos discursos ultraliberais que se travestem de libertários), mas também para evitar anacronismos. Então para atingir tal objetivo será feita uma pesquisa bibliográfica que traga o surgimento da pedagogia libertária e suas críticas ao modelo educacional da época. Não é possível falar da pedagogia libertária sem falar das correntes libertárias que deram condições para essa pedagogia surgir, então serão resgatadas todas as visões políticas das diferentes cosmovisões que se uniriam após o congresso de haia (1872), incluindo as visões políticas de Reclus e Kropotkin. A segunda irá buscar compreender a geografia escolar de modo a não apenas entender como se dá o processo de ensino de geografia, mas o que se ensina e com qual objetivo se ensina. Essa compreensão se apoiará menos nos livros e mais nas visitas às escolas de modo a entender empiricamente como estas questões. A pesquisa bibliográfica servirá como respaldo para a busca de elementos comuns em escala nacional (já que é inviável acompanhar essas questões em todo o país). A partir desses elementos se retomará as críticas que a pedagogia libertária trouxe ao sistema de ensino que lhe era contemporâneo, feitas no primeiro capítulo, de modo a analisar empiricamente quais dessas críticas ainda são pertinentes de modo a se esboçar uma teoria de crítica ao modelo de ensino geográfico hegemônico. Na terceira parte, trago o relato de experiência prática com estudantes dentro de determinada escola em uberlândia, ele se apoiará nas ideias libertárias para a sociedade e para a pedagogia trazidas na primeira parte aliadas à crítica propositiva criada na segunda de modo a se criar uma práxis na qual se avaliará as limitações da pedagogia libertária no atual modelo escolar. Na criação dessa práxis são indispensáveis as contribuições de Reclus e Kropotkin com sua visão de que a geografia tinha que servir como ferramenta de libertação das pessoas. Para atingir tal objetivo serão escolhidas preferencialmente duas turmas nessa escola, uma do sexto ano do ensino fundamental e outra do terceiro ano do ensino médio, de modo a se averiguar como o maior tempo de exposição ao modelo escolar disciplinador afeta a práxis que busca a autonomia. Depois será feito um relato completo e detalhado de maneira próxima ao que foi feito nesse relatório de estágio em anexo.  Na última, trago uma reflexão sobre a práxis detalhada na anterior, de modo a se fazer uma proposição sobre o ensino de geografia dentro das escolas, para isso não bastará verificar suas limitações que a práxis  trazia, mas também fazer um processo de autocrítica de modo a se conseguir se expandir as possibilidades de ação dentro da escola, de modo a não apenas se buscar uma proposição que busque alimentar a autonomia e a solidariedade, mas também se fazer o deslocamento do conhecimento platônico idealizado para prática calcada na realidade.

Quarta-feira: 10/06/15

4 – VILMAR MARTINS JR.

O Movimento Revolucionário 21 de Abril: A Desventura da guerrilha. Uberlândia-MG 1966-1967.

A chamada “resistência democrática”, esboçada no Brasil após o golpe civil-militar de 1964, se constituiu como um dos principais enfoques da historiografia brasileira a respeito do regime anterior à Constituição de 1988. São poucas, entretanto, as abordagens que levam em conta eventos ocorridos em cidades interioranas de médio porte, sobretudo fora do eixo Rio São Paulo.  Nosso objetivo é apresentar algumas reflexões decorrentes de pesquisa desenvolvida para monografia no curso de graduação em História sobre o “Movimento Revolucionário 21 de Abril” ou “Guerrilha de Uberlândia”, como foi denominado por alguns veículos da imprensa, um grupo de homens no Triângulo Mineiro que se propuseram a organizar a luta armada na região.

Presos e acusados de terrorismo pelo Exército em 1967, o MR-21 constituiu-se a partir do contato com o PCB, PCdoB e, posteriormente com o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), sob a suposta liderança de Leonel Brizola, exilado no Uruguai. Apesar do grupo nunca ter executado uma ação prática de enfrentamento direto contra o regime, foram enquadrados e julgados sob a Lei de Segurança Nacional. O caso do MR-21 permite-nos uma reflexão acerca da atualidade dos embates políticos e sociais existentes no regime democrático, constituído a partir de uma transição pactuada com a ditadura e da qual ainda prevalecem algumas orientações ideológicas e normativas a respeito da caracterização dos chamados “inimigos”. Nesse sentido convém refletir, por um lado, sobre as estratégias de luta e enfrentamento político contra o Estado e, por outro lado, sobre o aparato repressivo empregado contra os movimentos sociais em função dos interesses dominantes no país.

As principais fontes utilizadas na pesquisa, além da bibliografia disponível, são entrevistas, documentos dos órgãos de informação e notícias de imprensa. Pretende-se problematizar a visão de alguns dos envolvidos no processo, como também, abordar a construção do fato sobre a existência de “guerrilheiros” no Triângulo Mineiro tanto pela imprensa, quanto pelas Forças Armadas à época.

5 – BIANCA ARANTES

MIB: Movimento Indígena no Brasil

As reuniões de vários povos indígenas ocorridas entre os anos de 1974 e 1980 (Assembleias Indígenas), que contabilizaram cerca de quinze assembleias, inicialmente organizadas e apoiadas Cimi são consideradas como o acontecimento fundador do Movimento Indígena no Brasil (MIB). Elas provocaram uma ruptura na forma de atuação dos indígenas dentro da política indigenista. Arrisca-se a dizer que foi a primeira vez que os indígenas apareceram como sujeitos políticos e conseguiram tornar pública a sua versão da história do Brasil. O MIB mostra que os indígenas vistos durante séculos como incapazes são bons e quiçá os melhores interlocutores de suas próprias culturas e os únicos genuinamente aptos a representarem seus próprios interesses. Foi após a Constituição de 1988 quando as culturas indígenas foram consideradas como parte da nação brasileira que as organizações indígenas se fortaleceram institucionalmente. E em 1989, o Movimento Indígena no Brasil ganha novo fôlego com a Convenção Nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) declarando que os povos indígenas e tribais deveriam gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos ou discriminações. Além de oferecer assistência jurídica aos povos indígenas e aliados, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mantém uma página na internet e um jornal, para informar sobre a questão indígena e denunciar omissões e desserviços do Estado. O MIB como um movimento social se insere no grupo das organizações populares, que no Brasil ganharam força a partir da década de 1970, inicialmente estabelecendo relações de oposição e resistência ao Estado, visto como cerceador de direitos sociais e políticos. Com o fim do Regime Militar em 1985, as mobilizações sociais, saíram das ruas e se voltaram para os ambientes institucionalizados. Assim como as demais organizações populares, os indígenas se rearticularam interna e externamente, saíram de suas comunidades e entorno, tornando os grandes centros urbanos, principalmente a capital federal, o local da afirmação dos direitos indígenas e trazendo à política indigenista novos atores políticos, atores estes não mais indigenistas como Rondon, Ribeiro, os irmãos Villas-Bôas e etc., mas chefes e líderes indígenas como Raoni Metuktire, Megaron Txukarramãe, Mário Juruna, Ailton Krenak, entre outros. O MIB ganha ressonância nacional e internacional com ênfase na reação ao sistema vigente, na luta por direitos políticos e sociais, e pela conquista de igualdade de direitos em relação aos demais cidadãos nacionais; além de defender o direito à diferença cultural, que é peculiar à sua sobrevivência.

6 – LARISSA VIEIRA e  LEANDRA SILVÉRIO

A relação do movimento negro contemporâneo com as formas de resistência no Brasil Colônia

Relacionar movimentos de resistência negra do tempo da escravidão com os movimentos de luta negra contemporâneos. Como os quilombos e movimentos abolicionistas, que surgiram no século XIX, e cuja finalidade era de mudança política em benefício da sociedade negra.

Tratar também de outros grupos como as Irmandades que eram formadas principalmente por negros forros ou não, que por meio da fé e da religião se uniam, escravos africanos e escravos nascidos no Brasil cultuavam ritos e valores deixados pela cultura africana. Além de preservar laços de solidariedade como, por exemplo, subsidiar a compra de alforria de outros escravos. Ali era um lugar de estar entre irmãos, de assessoria  e de se encontrar culturalmente. E assim perceber que os movimentos de integração entre negros sempre existiu durante a história do país, e que a partir do século XX vão surgir vários movimentos desencadeados principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro e que vão tomar alcance nacional.

Como a imprensa negra a imprensa negra uma forma de organização escolhida entre os membros da população negra brasileira, como forma de fugir da “reprodução da ideologia racista da época”. Nos folhetins incluíam anúncios de eventos onde os negros e adeptos se encontravam e eram o centro das atenções culturais e sociais, sem qualquer chance de adentrar ali as ideais predominantes da cultura branca. Esses tipos de Jornais têm forte ligação com as associações negras desde o início do século XX. Ambas tinham o objetivo de suprir as necessidades de integrar os negros na sociedade brasileira. O Jornal auxilia as associações a ter mais visibilidade, ajuda na promoção de eventos culturais recreativos fornecidos por ela.

Já as associações se atentavam principalmente com o racismo e a discriminação vivenciado pelos negros e se preocupavam também com a educação e a cultura que na maioria das vezes eram vetadas de chegar até a comunidade negra, ou para a comunidade menos favorecida financeiramente. Por isso ali eram discutidas questões como a desigualdade racial no país, a diferença das condições de trabalho entre negros e brancos, entre outras reivindicações, e para tentar diminuir tal discriminação as associações e movimentos negros sempre investiram na educação e na leitura, fazendo com que um maior número de letrados negros pudessem fazer diferença no futuro.

 

Quinta-Feira: 11/06/15

7 – ADRIANO SKODA

A solidariedade como ação direta: a rede de produção política e científica dos geógrafos anarquistas

O presente trabalho busca apresentar como se configurou a rede de trabalho entre os geógrafos anarquistas, enfocando principalmente nas relações entre Élisée Reclus e  Piotr Kropotkin. Reclus em seu trabalho monumental Nouvelle Géographie Universelle (NGU), publicado entre os anos de 1876 e 1894, contou com a colaboração de diversos militantes e cientistas para o desenvolvimento de sua obra, tais como Piotr Kropotkin, León Metchnikoff, Charles Perron. Estes trabalhos realizados com o financiamento da editora Hachette, de París, França, serviu como aporte econômico aos militantes anarquistas, permitindo a estes realizar trabalhos políticos para além da dedicação da obra geográfica, como foi o caso da revista internacionalista Le Travailleur, dirigida por Reclus (autor da NGU) e Perron (cartógrafo da NGU), e que contou com a colaboração fixa de Metchnikoff, Dragomanov e Lefrançais (secretário editorial da NGU), publicada durante o período de exílio destes na Suíça nos anos de 1870. Assim, o trabalho pretende aprofundar na análise das relações de apoio mútuo entre os militantes afim de compreender como essas práticas de solidariedade permitiram uma ampliação das práticas e lutas de ação direta por parte dos anarquistas.

Bibliografia:

FERRETTI, Federico, “Eles têm o direito de expulsar-nos”: a Nova Geografia Universal de Élisée Reclus, Espaço e Economia [Online], 3 | 2013, posto online no dia 19 Dezembro 2013, consultado o 20 Dezembro 2013. URL : http://espacoeconomia.revues.org/513

__________. Evolução e Revolução: os geógrafos anarquistas entre ciência e militância. Apresentado no Colóquio Internacional Ciência e Anarquismo [inédito em português].

___________., PELLETIER, Philippe. En los orígenes de la geografía crítica. Espacialidades y relaciones de dominio en la obra de los geógrafos anarquistas Reclus, Kropotkin y Mechnikov, Germinal – Revista de Estudios Libertarios, n. 11, 2014, pp. 57-79.

___________. “Indígenas do universo”: espaço, dominação e práticas de libertação social na obra dos geógrafos anarquistas Élisée Reclus, Piotr Kropotkin e Léon Metchnikoff. Revista Território Autônomo, nº 2, Outono de 2013. pp. 5-16

GIRÓN, Álvaro. Piotr Kropotkin visto desde Élisée Reclus: ciencia, amistad y anarquía. in. Ciència i compromís social. Publicacions de la Residència d’Investigadors, 32: Barcelona, 2007. p. 127-164

KROPOTKIN, Piotr. Em torno de uma vida. São Paulo: Livraria José Olympio Editora, 1946.

NETTLAU, Max. Eliseo Reclus (1830-1905): la vida de un sabio justo y rebelde. 2 vol. Barcelona: La Revista Blanca, 1930.

PELLETIER, Philippe. Élisée Reclus, teoria geográfica e teoria anarquista. Apresentado no Colóquio Internacional “Élisée Reclus e a Geografia do Novo Mundo” [inédito em português].

RECLUS, Élisée. Da ação humana na Geografia Física – Geografia comparada no espaço e no tempo. São Paulo: Imaginário, 2009.

8 – RODRIGO ROSA DA SILVA

Educação anarquista, ciência e ação direta: a Escola Moderna de Barcelona

O presente trabalho propõe em sua análise não dissociação entre os aspectos pedagógicos da Escuela Moderna de Barcelona (1901-1906) e seu projeto político; acreditamos na íntima relação entre a produção científica e a visão política de qualquer intelectual ou pesquisador; também entendemos o aporte do racionalismo e do cientificismo à educação proposta por Ferrer como parte de uma ação política consciente. Em nossa concepção a Escuela Moderna foi sim uma escola, mas muito mais do que isso: foi também uma editora; um laboratório científico e pedagógico; um espaço de luta política e ação direta contra a igreja, o estado e o capitalismo. Francisco Ferrer pode ser tomado como um eixo central de uma complexa rede que envolveu cientistas, educadores e homens e mulheres ligados à política, ao sindicalismo revolucionário e ao anarquismo na Europa. O projeto da Escuela Moderna foi um produto coletivo, resultado da colaboração de muitas pessoas. Era assim que Kropotkin e Reclus entendiam que o pensamento evolui e que a humanidade caminha rumo ao progresso: pela soma da experiência e do trabalho de todos os homens e mulheres do passado e do presente, com vistas à construção de um novo amanhã.

9 – CLÁUDIA TOLENTINO GONÇALVES FELIPE

Circulação anarquista de saberes no pós-guerra (1945-1969)

Nesta comunicação vou tratar de alguns resultados preliminares de minha pesquisa de doutoramento, que está sendo desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas. Em linhas gerais, busco compreender como alguns anarquistas colocaram em trânsito saberes e projetos políticos através de documentos (livros, jornais e panfletos) produzidos no pós-guerra (entre 1945 e 1969).  Neste período, os escritos anarquistas circularam a nível internacional, pois havia uma comunhão de interesses e uma articulação entre movimentos libertários de diferentes partes do mundo. Há, ao que parece, o uso de um “idioma libertário”, termo genérico que remete a conceitos, argumentos e juízos através dos quais os anarquistas enxergavam e liam o mundo à sua volta. Este idioma dependia não somente da circulação de textos, mas também de pessoas (representantes de grupos anarquistas e refugiados, em sua maioria). Por que razão esta circulação de saberes e de pessoas se acentuou e ganhou nova articulação no pós-guerra? Para sondar esta questão, trabalho com conceitos como o de solidariedade, que parece ter ganhado novo sentido quando mobilizado na crítica aos vários autoritarismos então vigentes, e o de universalismo, que foi utilizado para contrariar os nacionalismos que teriam motivado não apenas a(s) guerra(s), mas também os regimes autoritários que ganharam força na primeira metade do século XX. Além disso, pretendo compreender em que medida as tentativas de estreitamento de laços entre militantes respondia ao aparato destrutivo das guerras e analisar o lugar ocupado pelo Brasil neste cenário.

10 – THIAGO LEMOS

A emancipação das mulheres será obra das próprias mulheres? Reflexões acerca do debate entre Lucía Sánchez Saornil e Mariano Vàzquez nas páginas de Solidaridad Obrera

 

Nas primeiras décadas do século XX, o movimento anarquista e anarco-sindicalista espanhol constitui-se num vigoroso movimento de massas, colocando-se à frente de uma série de greves, atos, motins e insurreições, com o objetivo de preparar a classe operária para o processo revolucionário que daria fim ao capitalismo e ao Estado. Apesar de obter esta forte penetração no mundo operário, chegando a fundar sindicatos ( Confederación Nacional del Trabajo- CNT) e grupos específicos ( Federación Anarquista Ibérica – FAI) que contavam com milhões de trabalhadores e trabalhadoras, as questões de classe sobrepunham-se às questões de gênero de tal modo, que acabavam por aceitar e naturalizar a dupla  opressão, tanto de classe quanto de gênero, que as mulheres  sofriam  em relação aos homens, nos vários espaços em que estavam inseridas: casa, fábrica, sindicato e grupo específico, revelando que o machismo era algo que não se restringia  à burguesia, mas, que também encontrava-se profundamente enraizado no proletariado. Com objetivo de reverter tal situação, iniciou-se uma série de campanhas nos meios anarquistas e operários, através da publicação de jornais, revistas e folhetos que buscavam esclarecer/sensibilizar militantes e trabalhadores acerca da “questão sexual”. O ponto de culminância desta campanha deu-se no debate travado entre Lucía Sánchez Saornil Mariano Vàzquez nas páginas do jornal barcelonês Solidaridad Obrera, em fins de 1935. Tomando como fio condutor este debate, o presente trabalho propõe-se a problematizar algumas questões, a saber: A emancipação das mulheres será obra das próprias mulheres? Os homens podem e/ou devem contribuir para a emancipação das mulheres? Enfim quais sujeitos são os protagonistas e quais são os coadjuvantes deste processo? Em linhas gerais,  estas são as perguntas que pretendo responder, ou melhor, formular ao longo desta pesquisa ainda em fase de gestação.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 3

GT 3: As Representações da Modernidade e Progresso nos Discursos Legitimadores de Projetos de Reorganização Urbana

 (TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OG)

Terça-feira: 09/06/15

1 – PRISCILA FERNANDA FERREIRA

O discurso da modernidade e do progresso na Cidade Jardim: indícios de suas manifestações a partir da análise do Código de Posturas de 1917

Este resumo tem como objetivo orientar comunicação a ser realizada sobre os indícios do discurso da modernidade e do progresso na cidade de Jardinópolis (SP) presentes no Código de Postura de 1917. Tais indícios são percebidos na medida em que notamos a tentativa de legitimar na forma da lei comportamentos ditos “civilizados” como parte de um projeto de progresso e ordenamento urbano elitistas.

A organização e disposição dos capítulos do Código de Postura de Jardinópolis apresentam a preocupação do poder executivo em concretizar na cidade o projeto urbanista moderno que estava sendo implantado em grandes e médias cidades brasileiras desde o século XIX. Capítulos como: “Trânsito Público”, “Dos costumes públicos e medidas de segurança”, “Da higiene das ruas, praças e próprios municipais”, “Da higiene das habitações”, “Da polícia sanitária”, são alguns exemplos dos temas e assuntos que eram pautas da atenção do poder público de Jardinópolis.

Dessa forma, o que propomos é problematizar alguns capítulos desse documento buscando evidenciar, pelos indícios que percebemos como o discurso da modernidade e do progresso se fez presente também na cidade de Jardinópolis.

2 – JEAN FELIPE PIMENTA BORGES

As “Uberabas” de Hildebrando Pontes

A transição entre os séculos XIX e XX foi um período marcado por transformações em todo o mundo. Partindo da Europa, significou a difusão de novos modos de viver, pensar e produzir baseados em valores como civilização, modernização e progresso – movidos pelo otimismo causado entre outras questões, pelos avanços técnicos e científicos. No Brasil, que experimentava a consolidação da República, esse discurso foi adotado buscando legitimar o novo regime, associando o atraso vivido pelo país à monarquia deposta. São exemplos desse processo as reformas urbanas vividas pela capital federal, Rio de Janeiro, e por outras capitais que em certa medida também influenciaram outras cidades por todo o país. Dessa forma, esse movimento não ficou restrito as grandes cidades, tocando também, na proporção que era possível, o interior do país sempre atento aos temas discutidos na capital republicana. Assim, o presente trabalho tem por intuito tecer algumas considerações sobre a forma como esse discurso de modernização e progresso foi adotado e colocado em prática na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, tomando como principal fonte o livro de caráter memorialístico História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central (1970), de Hildebrando Pontes, pensando a construção da imagem de Uberaba como símbolo dessa civilização e seus desdobramentos práticos, na forma de leis e melhoramentos públicos realizados na localidade. Compreendendo a penetração dos valores em voga no período é possível pensar também os limites impostos pela realidade político-econômica da cidade na época a esse desejo de inserção na modernidade.

3 – JÚLIO CESAR MEIRA

O RETORNO AO FUTURO NOS DISCURSOS DE REFORMULAÇÃO URBANA DE MORRINHOS – GO: Do imaginário do progresso na “vocação” política à materialização da cidade.

Esta comunicação tem como objetivo trazer a público algumas das reflexões iniciais da pesquisa de doutoramento do autor, que propõe a investigar os projetos de modernização e reformulação urbana da administração municipal de Morrinhos, entre as décadas de 1950 e 1970. Ao longo das duas décadas, sobretudo ao longo da segunda metade dos anos 1960, uma série de transformações urbanas foi operada na cidade, desde a abertura de novas avenidas e praças, reordenamento da ocupação da cidade, criação de loteamentos e conjuntos habitacionais, construção de pontes, construção e reforma de escolas, criação do Distrito Agro-Industrial, entre outros. Todas essas obras tinham como ideia-força a concepção de progresso, percebida nas justificativas enviadas à câmara municipal junto com os projetos de lei de iniciativa do executivo local. Subjacente a esses discursos, percebe-se uma ideia de que a reformulação urbana retomaria a “vocação” progressista da cidade de Morrinhos, que, nas últimas décadas do século XIX e início do século XX, foi local de origem de alguns nomes proeminentes da política goiana. O título da comunicação, ao brincar com um jogo de palavras – de volta para o futuro – remete à hipótese de que, ao justificar as ações de intervenção no espaço urbano com a glória de um passado mítico e glorioso, propõe-se, sobretudo, retomar esse passado, mas com a materialização do que se entende, naquele novo momento, como visão de cidade progressista. Ou seja, a materialização do ideal da modernidade na reformulação da cidade, recolocando-a em um lugar no qual nunca esteve, pelo menos daquela forma. O recorte temporal da pesquisa, 1950 a 1970, foi pensado por conta de ter sido nesse período que a cidade de Morrinhos se transformou em uma cidade de população majoritariamente urbana, e de ter sido o período em que as obras de transformação e de reurbanização foram levadas a efeito, principalmente nas administrações dos prefeitos Manoel de Freitas (1961-1965) e Joviano Antônio Fernandes (1966-1969).

4 – REGES SODRÉ

A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DO TOCANTINS: um estudo da cidade de Araguaína (1930-1980)

Esse trabalho tem por objetivo analisar o crescimento da cidade de Araguaína no contexto da fronteira agrícola, avaliando dois momentos: o primeiro compreendendo a fronteira antes da ação hegemônica do estado e do capital em 1960 e o segundo contemplando essas ações.

O trabalho baseia-se nas leituras de fronteira em Martins (1997, 2009) e Becker (1979; 1985) e em trabalhos regionais e locais como Valverde e Dias (1967), Brito (2009); e no estudo dos planos e ações elaborados pelo estado com vistas à ocupação moderna dessa cidade e seu município.

Observa-se que antes da construção da “rodovia Belém-Brasília” que “foi a primeira artéria estabelecida para conectar a Amazônia aos centros dinâmicos do País” (BECKER, 1979, p. 148)já havia ocupação de Araguaína. Sua história inicial situa-se antes desta rodovia como núcleo rural de produção agropecuária de subsistência e de fronteira de mobilidade migratória tradicional. Forjou-se uma parca configuração territorial rural e de serviços no povoado Lontra (Araguaína foi emancipada apenas em 1958), que deram suporte para a ocupação da região do entorno de Araguaína e da mesma.

De acordo com Martins (2009, p. 137) “essa expansão é essencialmente expansão de uma rede de trocas e de comércio, de que quase sempre o dinheiro está ausente”, em que o “mercado opera, através dos comerciantes dos povoados”. Martins (2009, p. 156, grifo nosso) acrescenta que “as relações sociais (e de produção) na frente de expansão são predominantemente relações não capitalistas de produção mediadoras da reprodução capitalista do capital. Isso não faz delas outro modo de produção”.

Portanto, a produção espacial da cidade de Araguaína insere-se antes da expansão hegemônica do capital e deve ser compreendida como frente de expansão nos termos postos anteriormente.

A situação de fronteira agrícola, com atuação do capital privado nacional e internacional, passou a qualificar Araguaína a partir da construção da rodovia Belém-Brasília na década de 1950. Novas ações e objetos atuam sobre o território, modificando e dando novo significado aquelas características antes descritas. Os movimentos, as interações espaciais, as trocas culturais e novas materialidades no espaço são acelerados. Nesse período Araguaína passa a ser ocupada enquanto fronteira de recursos sob a égide da “ocupação racional” do estado e do capital, esse, representando principalmente por fazendeiros e comerciantes.

Quarta-feira: 10/06/15

5 – ROBSON RODRIGUES GOMES FILHO

RELIGIÃO, TECNOLOGIA E MODERNIDADE: Uma análise das contribuições católicas para o desenvolvimento urbano e técnico em Goiás no limiar do século 20.

A relação entre religião e modernidade tem sido há muito discutida pela historiografia e sociologia. Fundamentalmente no que tange o catolicismo e protestantismo, desde meados do século 19 a imagem do progresso industrial protestante tem sido contrastada pela imputação de uma representação do mundo rural para o seio católico, especialmente quando pensada a partir do movimento ultramontano Oitocentista. Entretanto, uma análise da ambiguidade entre as ideias de “modernidade” e “modernização”, essencialmente tangenciada pelas discussões em torno das transformações técnicas e tecnológicas no meio urbano, revela uma faceta do catolicismo que tende a repensar a dicotomia entre “Igreja Católica” e “modernidade”. O caso dos missionários Redentoristas alemães em Goiás, que tomamos no presente trabalho como objeto de pesquisa, nos direciona para uma análise mais complexa dessa relação, levando-nos à necessidade de um debate histórico mais aprofundado em torno das discussões acima suscitadas. Vindos da Baviera no final do século 19, os padres da Congregação Redentorista se instalaram em Aparecida (SP) e Campininhas (GO), com a designação de administrar as principais romarias populares de ambos estados. Entretanto, tais missionários não se limitaram ao trabalho religioso. Especialmente em Goiás, os redentoristas foram os principais responsáveis pelo desenvolvimento urbano e técnico da região de Campininhas (hoje Goiânia), cuja discussão em torno da ideia de modernização leva-nos a reflexões importantes sobre o papel do catolicismo no debate sobre a modernidade goiana. A proposta desta comunicação, portanto, é discutir, a partir do debate em torno da relação “urbano vs. rural”, a maneira como a Igreja Católica lidou, especialmente na passagem dos séculos 19 e 20, com os avanços em tecnologia e modernização (contrastando com a discussão sobre modernidade), de modo a se pensar os espaços simbólicos de experiência e expectativa nos quais os missionários redentoristas alemães em Goiás estavam inseridos.

6 – LUCIA ELENA PEREIRA FRANCO BRITO e ANANDA MARIA GARCIA VEDUVOTO

TRAMAS URBANAS NO INTERIOR DO BRASIL: Da Cidade das Frutas à Cidade das Águas

Esta comunicação visa apresentar pesquisa, ainda incipiente, que elege como temática o processo de construção do imaginário das cidades, ao objetivar conhecer alguns dos valores e sentidos tramados na cidade de Frutal, no Triângulo Mineiro, como expressão da história recente das cidades situadas no interior do Brasil. Nos últimos vinte anos, Frutal – assim chamada em virtude da grande quantidade de frutas existentes no local em que se originou – tem sido palco de alterações notáveis em sua estrutura urbana, destacando-se elevadas taxas de urbanização da população, implantação de loteamentos e bairros novos, ao lado da expansão de empresas agroindustriais, em especial as de produção de açúcar e álcool. Ao mesmo tempo, verificam-se iniciativas das elites econômicas e políticas locais – que resultaram na abertura de instituições de educação superior e no estabelecimento do Centro UNESCO-HidroEX – a partir das quais teve início a construção da chamada Cidade das Águas, um complexo criado com a intenção de ser referência internacional na preservação dos recursos hídricos e na formação de líderes para a gestão da água. Diante desta movimentação, tornaram-se recorrentes discursos que anunciam um novo tempo na história de Frutal, principiando a construção de um novo imaginário na e da cidade. O cenário descrito justifica, pois, pesquisa que mergulhe nas tramas históricas para se compreender até que ponto tais discursos expressam de fato as aspirações dos moradores ou se revelam apenas representações (re)construídas pelos setores dominantes como estratégia para permanência no poder. No aspecto metodológico, a investigação tem se dedicado à pesquisa bibliográfica, com vistas a compreender historicamente as cidades e suas representações. Na pesquisa documental, estão sendo analisados jornais locais com o objetivo de entender em que medida as representações atuais diferem dos processos anteriores de identificação dos moradores com a cidade. Sem pretender reconstruir linearmente uma trajetória histórica, a investigação tem focado momentos da história da cidade, em que alguns personagens e fatos alavancaram discursos e representações fortes, intencionando criar/recriar seus imaginários políticos e sociais.

7 – MILENA ABADIA DE SOUSA

Zona Leste do Município de Uberlândia-MG: Impactos do Terceiro Setor na Periferia.

O presente trabalho visa apresentar os caminhos já percorridos na pesquisa em nível de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, inserida na linha de pesquisa “Estado, Política e Gestão em Educação”. A pesquisa se iniciou em 2014 e ainda está em andamento. Tem como objeto de estudo a ONG (Organização não governamental) Ação Moradia localizada na periferia da cidade de Uberlândia-MG e sua relação com as políticas públicas aplicadas ao terceiro setor no Brasil. O bairro em que a instituição se localiza surgiu a partir da iniciativa do poder público, juntamente com agentes financiadores públicos e privados para construir em zonas distantes do centro da cidade de Uberlândia, conjuntos habitacionais destinados, em tese, a atender as demandas da população de baixa renda, motivo pelo qual foram desenvolvidos vários programas de habitação, um deles sendo o bairro “Morumbi”. Próximo ao bairro foi sendo ocupado e habitado a partir de 2001 por ocupações irregulares. Nesse contexto, influenciado por conflitos, interesses econômicos, problemas estruturais e ocupações irregulares, a vida cotidiana do bairro Morumbi começou a refletir as necessidades e demandas sociais, urbanas e econômicas características de uma região, em certa medida carente de serviços públicos, motivo pelo qual e dentre outros aspectos, instituições organizadas pela sociedade civil, de caráter filantrópico ou assistencial foram instaladas na região, sendo uma delas, a ONG “Ação Moradia”. A pesquisa tem como objetivo, investigar os impactos econômicos, políticos e sociais decorrentes da sua intervenção na zona leste de Uberlândia, e ampliar o conhecimento das condições econômicas, política, sociais e culturais para a busca da compreensão das necessidades, expectativas, táticas e estratégias sociais que forjaram parte da história do bairro Morumbi. Isso será possível através das entrevistas com alguns dos usuários e ex-usuários da instituição e que são moradores desses bairros. A pesquisa, de natureza qualiquantitativa é orientada pela abordagem dialético-hermenêutica de análise da realidade e se utiliza de técnicas como: investigação bibliográfica e documental, e entrevistas semi-estruturadas. O trabalho ainda se encontra em andamento, mas sensível com estas histórias de luta e resistência – que também são parte de minha história de vida, pois resido na região a mais de 10 anos – minha dissertação pretende contribuir nas reflexões que convergem para o entendimento das necessidades, expectativas, táticas e estratégias que forjaram a história daquela região dando à ela um sentido e um significado aquele espaço habitado.

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 2

GT 2 – HISTÓRIA E CULTURAS RELIGIOSAS ( Bloco xx)

(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OF)

Apresentações dia 10/06 das 14h-18h:

1 – LEONARDO KATONA DA SILVA

Combati O Bom Combate: O Imaginário Do Culto Nas Práticas Neopentecostais.

Pretendo aqui apresentar uma pequena e inicial explanação sobre as minhas pesquisas. Venho já à algum tempo pensando a cerca das tratativas dadas a religiosidade dentro da historiografia, e como o tema vem sendo tratado dentro e fora da academia. Saber que a religiosidade interfere de forma significativa na vida das pessoas e, consequentemente, no andamento da história é algo que desde muito cedo no curso venho tomando consciência, e vem me atraído enquanto pesquisador em formação, direcionado assim minhas escolhas e pesquisas. A escolha que fiz foi a de estudar o Protestantismo Brasileiro como um todo. Identifiquei ao longo do tempo algumas questões que circundam o fenômeno chamado pentecostalismo brasileiro nos seus três grandes períodos que os teólogos vão chamar de ondas, que em 2012 completou o seu centenário.

Entender como as práticas de culto desses grupos religiosos interferem diretamente na organização da vida dos seus adeptos e em alguma forma a sua vida social é o objetivo básico desse trabalho.

2 – ALEX ROGÉRIO SILVA

O Tribunal do Santo Ofício Português: notas sobre sua consolidação e atuação

O Tribunal do Santo Ofício – presente no período moderno durante quase três séculos – não se concentrou apenas no mundo europeu – Portugal, Espanha, Itália – mas, também nos chamados domínios além-mar, fazendo referência aos tribunais inquisitoriais na América Espanhola, as visitações na colônia brasílica e, também, no Oriente. O objetivo desta comunicação reside em analisar as principais motivações que incidiram no surgimento do Tribunal do Santo Ofício de Portugal e os principais alvos de sua atuação.

3 – GUIDYON AUGUSTO ALMEIDA LIMA

Reforçando um símbolo: Hinos puritanos e sua representação da religiosidade interiorizada

O trabalho tem por objetivo construir uma análise do caráter de reforço das perspectivas cultural-religiosas da estrutura social puritana no “Novo Mundo”. O estudo terá por base dois hinos, selecionados do livro: “The Puritan Hymn and Tune Book” – 1859, advindo da compilação produzida pelo Boston: Congregational Board of Publication –sendo hinos de aclamação, de ordem pública (nas igrejas), e de instâncias pessoais (hinos de comemorações familiares, e de reuniões sociais). Desta forma, teremos o aporte documental necessário para identificarmos seu papel como símbolos de uma construção sociopolítica pautada no fator religioso. A discussão se segue a partir da noção de ideologia elaborada por Antonio Gramsci, bem como sua concepção de “visão de mundo”, além do papel da Igreja na sociedade e a influência O trabalho tem por objetivo construir uma análise do caráter de reforço das perspectivas cultural-religiosas da estrutura social puritana no “Novo Mundo”. O estudo terá por base dois hinos, selecionados do livro: “The Puritan Hymn and Tune Book” – 1859, advindo da compilação produzida pelo Boston: Congregational Board of Publication –sendo hinos de aclamação, de ordem pública (nas igrejas), e de instâncias pessoais (hinos de comemorações familiares, e de reuniões sociais). Desta forma, teremos o aporte documental necessário para identificarmos seu papel como símbolos de uma construção sociopolítica pautada no fator religioso. A discussão se segue a partir da noção de ideologia elaborada por Antonio Gramsci, bem como sua concepção de “visão de mundo”, além do papel da Igreja na sociedade e a influência.

4 – JAQUELINE PEIXOTO VIEIRA DA SILVA

A Primeira Escola Espirita Do Brasil

Em 1907, Eurípedes Barsanulfo, fundou o Colégio Allan Kardec em Sacramento-MG, que oferecia ensino regular de educação básica e também ensinava o espiritismo baseado nas obras de Allan Kardec. Foi o primeiro colégio espírita do Brasil, com cursos de nível elementar, médio e superior que nos dias atuais correspondem aos níveis fundamental e médio. Os componentes curriculares eram: Português; Matemática; Línguas: francês, inglês, latim; Física; Geometria; Botânica; Arte Dramática; Astronomia; Zoologia; Química; Anatomia; Filosofia; História do Brasil e Universal; História das Religiões e do Espiritismo.

O colégio oferecia a educação a serviço das crianças mais pobres e, segundo relatos, adotava as classes mistas com meninos e meninas; valorização da educação pautada no afeto; abolição de castigos e recompensas; e fim dos exames tradicionais. No final do século XIX e início do século XX, uma estrutura escolar assim, significava inovação e era diferenciada dos modelos mais comuns.

No início, Eurípedes Barsanulfo, passou por embates com a comunidade sacramentana e com representantes da igreja católica. Alguns sujeitos e padres católicos não entendiam e não aceitavam o ensino do espiritismo; outros não admitiam as salas de aula com meninas e meninos juntos, pois essa prática não era usual nas escolas.

Os métodos de ensino no colégio também eram diferenciados: ensinavam a partir da observação da natureza; com a valorização dos estudantes; com a valorização dos saberes e não mais com informações repassadas e memorizadas; o professor interagia com os estudantes para a construção dos saberes; as aulas aconteciam na sala de aula, no pátio da escola e nos diversos lugares da cidade e do campo – eram comuns as saídas do professor Eurípedes Barsanulfo com a turma escolar para as aulas nas ruas da cidade ou no campo junto à natureza.

O Colégio Allan Kardec colaborou para a formação intelectual de vários jovens, que se tornaram profissionais diversos. O médico e memorialista Inácio Ferreira (1904 – 1988), que viveu na mesma época em que o colégio foi fundado, fala em sua obra[1] sobre como era essa instituição, como era conhecida na região, como era o trabalho de Eurípedes Barsanulfo, quem eram os estudantes do colégio, como era a formação em conhecimentos e valores morais e éticos.

Eurípedes Barsanulfo, ficou conhecido em praticamente todo o território nacional pelos seus trabalhos no espiritismo. E como educador precisa ser descoberto pela academia, pois realizou um trabalho diferenciado na Educação brasileira no início do século XX, com uma proposta educacional que valorizava a expansão da consciência do sujeito integral.

Em entrevista, José Pacheco, um dos idealizadores da Escola da Ponte, em Portugal, chama a atenção para o desconhecimento da maioria dos professores brasileiros a respeito do educador Eurípedes Barsanulfo:

(…) em 1907, o Brasil teve aquilo que eu considero o projeto educacional mais avançado do século 20. Se eu perguntar a cem educadores brasileiros, 99 não conhecem. Era em Sacramento, Minas Gerais, mas agora já não existe. O autor foi Eurípedes Barsanulfo, que morreu em 1918 com a gripe espanhola. Este foi, para mim, o projeto mais arrojado do século 20, no mundo.[2]

O objetivo desse trabalho é apresentar Eurípedes Barsanulfo, na perspectiva de sujeito histórico e construtor de sua própria história; o Colégio Allan Kardec; a metodologia educacional aplicada e a difusão do espiritismo kardecista no Brasil, a partir das experiências vivenciadas em Sacramento-MG, no início do século XX.

Essa foi uma experiência educacional institucionalizada do espiritismo em uma época em que as escolas não tinham a obrigatoriedade em serem laicas. Para Eurípedes Barsanulfo o espiritismo era ciência e a prática religiosa consistia na prática do evangelho de Jesus, pautado principalmente no amor ao próximo. Ele praticava e ensinava na escola, que colaborou para a formação de sujeitos diversos, homens e mulheres: escritores, médicos, comerciantes, trabalhadoras do lar; pessoas que posteriormente continuaram a difundir o que aprenderam.

5 – VICTOR DE VARGAS GIORGI

A dimensão sagrada da cerveja na Mesopotâmia e no Egito Antigo

De acordo com Antônio Houaiss, por mais que o organismo humano gere, por sua digestão, o quanto baste de álcool para viver, até hoje não se descobriu um povo, seja dentre os chamados primitivos ou dentre os complexos, que ainda não tivesse “descoberto” uma bebida alcóolica ou mais, o que sugere que seu consumo extrapole a ordem da necessidade fisiológica. Em tal contexto, elemento de suma importância para muitas sociedades ao longo do processo histórico, a cerveja – que tem a origem de seu nome comumente ligada à deusa romana Ceres (cerevisia) – foi e permanece significada como objeto de “devoção”, sendo permeada por rituais e largamente consumida em celebrações ao redor do mundo. Nesse sentido, Luís da Câmara Cascudo ressalta que o ato de beber possui ainda a contemporaneidade simbólica de um cerimonial sagrado. Desta forma, pretendemos estabelecer algumas reflexões a cerca da relação “encantada” dos homens com a cerveja, utilizando como base as crenças dos antigos sumérios, babilônios e egípcios, ainda que o assunto pudesse se estender aos dias atuais.

Na obra O sagrado e o profano, Mircea Eliade destaca que o homem ocidental moderno experimenta uma sensação de mal-estar diante de inúmeras formas de manifestações do sagrado, as quais o autor chama de hierofanias. Tal desconforto ocorre por causa da dificuldade que os sujeitos têm de vislumbrar o fato de que, para muitos povos arcaicos, o sagrado poderia manifestar-se em pedras ou árvores, que diante disso passariam a ser adoradas. Ademais, para o intelectual romeno, a consciência moderna do homem “imerso no profano” concebe a alimentação, a sexualidade e outros atos fisiológicos como meros fenômenos orgânicos, enquanto que, para os povos “primitivos”, tais atos nunca são simplesmente fisiológicos, pois podem tornar-se comunhões com o sagrado. Assim, enquanto as sociedades ocidentais contemporâneas concebam uma separação entre o mundano e o sagrado, as civilizações estudadas por Eliade viviam num Cosmos sacralizado onde as práticas estavam inerentemente integradas às suas crenças religiosas. Georges Bataille, embora se afaste de determinadas concepções de Eliade, reconhece que no passado, a produção humana (e podemos incluir a produção cervejeira) e os próprios objetos fabricados estavam ligados ao mágico, ao transcendente, em evidente contraste com a concepção moderna que inscreve o objeto na ordem de sua utilidade. Diante das questões apresentadas, acreditamos ser possível o estabelecimento de uma ligação entre a cerveja e alguns dos sistemas religiosos outrora existentes na Mesopotâmia e no Egito.

6 – FABIANA SILVA BARROS

Irmandades Religiosas da cidade de Paracatu no século XIX

O tema em destaque são as Irmandades Religiosas do século XVIII e XIX, mas especificamente as erguidas na Cidade de Paracatu no estado de Minas Gerais, afunilando a temática a proposta é analisar as confrarias organizadas por negros.

As irmandades eram eretas em devoção a um santo especifico e com caráter altamente beneficente diante dos irmãos que mantinham efetiva participação nas atividades da agremiação. A ajuda aos irmãos se dava na morte, na doença ou auxílios financeiros. Estas eram regidas por um estatuto chamado Livro de Compromisso, que deveria ser aprovado pelo Estado e Igreja.

Aqueles negros que participavam de alguma irmandade tinham em primeiro lugar a preocupação com a “boa morte”, ou seja, inquietude diante do destino após a morte e a salvação da alma. Os ritos fúnebres eram de extrema importância e era exigida a presença de todos os membros da irmandade, aqueles que não participassem poderiam ser expulsos. A inclusão em uma irmandade afrodescente dava aos negros um meio de se incluir a sociedade, mesmo que seja temporariamente, no momento em que participavam dos cultos. Eram nesses momentos em que poderiam usar de seus costumes e preservar a cultura africana.

A economia das irmandades se dava na cobrança de taxas anuais ou de irmãos que faziam doações, em trocas lhes era dada toda assistência diante de dificuldades, além disso, eram promovidas grandes festas em devoção de seus santos, cujas lhe garantia sobrevivência econômica e oferecendo certo prestigio social. O valor da taxa de admissão variava de acordo com a cor do individuo, irmãos brancos pagavam as quantias mais altas. É importante ressaltar que indivíduos brancos também integravam irmandades de negros, por vez para um controle ou pelo fato de a maioria dos negros não souberem lhe dar com a escrita ou matemática.

Inserindo o município de Paracatu nos estudos sobre irmandades, percebemos a existência de aproximadamente 11 associações entre os anos de 1739-1905, enfocando para irmandades de negros temos a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. A proposta é analisar essa irmandade verificando os pontos citados acima, considerando o contexto de Paracatu no período e suas particularidades, uma vez que a cidade foi uma grande detentora de ouro, atração que contribuiu para o crescimento da população.

7 – VITOR LACERDA

Uma abordagem gramsciana dos Doutores da Igreja

Esta apresentação procura trabalhar com o conceito de intelectuais orgânicos formulado por Gramsci em relação a três autores cristãos: Santo Agostinho de Hipona (séc. V), São Jerônimo (séc. V) e São Gregório Magno (séc. VII). O objetivo é entender como esses doutores da Igreja contribuíram para organizar a supraestrutura de modo a contribuir para o assentamento de uma cultura cristã numa Europa que via o declínio do Império Romano.

8 – JARYSSA BONACI

As mulheres e a Promessa: o papel das mulheres no corpo da Igreja Adventista da Promessa

O Movimento Adventista ao contrario do que muitos acreditam não é homogêneo e nem uno, os mais conhecidos representantes do Adventismo no Brasil são os Adventistas do 7º Dia, uma denominação classificada como protestante histórica, mas eles não são os únicos, temos também outros grupos menores que tem como os maiores dentro da minoria os Adventistas da Reforma e os Adventistas da Promessa, esse último grupo se tornou meu objeto de estudo, ela é uma denominação que traz como mito fundador e fator identitario a história de ser a primeira Igreja Pentecostal Genuinamente Brasileira.

A Igreja Adventista da Promessa foi fundada no ano de 1932 na cidade de Paulista no estado de Pernambuco, por um ex Adventista do Sétimo Dia, o sr João Augusto da Silveira, que posteriormente se tornaria o primeiro pastor e presidente da IAP, desde o inicio as mulheres sempre desempenharam papel fundamental dentro do Adventismo, foi sobre o comando de uma mulher, a senhora Ellen Gold White que as doutrinas do Adventismo se espalharam pelo mundo e chegaram ao Brasil possibilitando a João Augusto da Silveira entrar em contato com essa nova crença e anos mais tarde fundar sua denominação, na Igreja Adventista da Promessa a importância da mulher não é muito claro , as mulheres tem ocupado alguns cargos de destaque como diretoras de departamento (em sua maioria departamentos atrelados ao serviço feminino, a nível regional só lhes é permitido serem diretoras da RESOFAP) e a nível nacional estão a frente da Federação Feminina, mas nas igrejas locais seu papel é a frente de escolas bíblicas, secretaria de igreja local, mas não possuem autorização para atuarem como Pastoras e dificilmente serão cotadas como diretoras da comunidade, a não ordenação lhes impede de alcançarem a direção geral da Igreja Adventista da Promessa, em meu trabalho busco compreender o porque da não aceitação das mulheres em cargos de chefia,  vemos que o papel da mulher é ambíguo enquanto elas são maioria no departamento infantil (que a meu ver é um dos departamentos estratégicos da igreja) e são cotadas como capazes de guiar o futuro da igreja, lhes é negado o direito fundamental de chefiarem a Igreja, eu pergunto: porque elas são boas para um cargo e inaptas para o outro? Porque precisam da tutela dos homens? Quais os principais argumentos utilizados pelos homens para o impedimento da ordenação de pastoras? Através das paginas da Revista “O Clarim”, principal meio de comunicação entre a FESOFAP (Federação das Sociedades Femininas Adventistas da Promessa – organização a nível internacional das mulheres) e as SOFAP´s(Sociedade Feminina Adventista da Promessa – organização a nível de igreja local) procuro traçar o perfil da mulher promessista e seus desejos ao longo dos anos.

O ano de 2015 é marcado pelas comemorações do centenário da morte da principal representante feminina do Adventismo Ellen G White, a inspiração profética de White é renegada pelos Adventistas da promessa, o que me inquieta é: porque é negado o papel de destaque que a Srª White merece na Igreja Adventista da promessa? Seu gênero pode ser apontado como um dos motivos? E se a IASD tivesse tido um profeta do sexo masculino os Adventistas da Promessa também negariam sua inspiração?

Meu trabalho está em sua fase inicial, por isso não possuo respostas pra maioria das perguntas que me tem aparecido e não tenho conclusões para apresentar inicialmente.

ABREVIAÇÕES:

IASD – Igreja Adventista do Setimo Dia

IAP/IAPRO – Igreja Adventista da Promessa

FESOFAP – Federação das sociedades Femininas Adventistas da Promessa

RESOFAP: Regional das Sociedades Femininas Adventistas da Promessa

SOFAP: Sociedade feminina Adventista da promessa

Resumos e ordem de apresentações do Grupo de Trabalho 1

GT1:  A literatura como fonte histórica: experiências, perspectivas e abordagens.

QUARTA-FEIRA:10/06/15
(TODAS ATIVIDADES DESTE GRUPO DE TRABALHO OCORRERÃO NO AUDITÓRIO 5OE)

Mesa 01 – Tinta e borrões pela História do Brasil

1 – WANESSA DANIELLY FERNANDES

Título: A série de crônicas “Macaquinhos no Sótão”: a intervenção da literatura no contexto sócio-político brasileiro e as tensões em torno dos últimos anos de escravidão.

O Brasil dos anos de 1880 é carregado de tensões políticas e sociais e a imprensa tem o importante papel de veicular todas as informações possíveis acerca do que acontece no país. Em meados da década de 1870 foi inaugurado o periódico Gazeta de Notícias que trazia um jornalismo diferente, dinâmico e desatrelado de partidos políticos ao mesmo tempo em que abria espaço para a literatura em suas páginas. Os literatos aproveitam-se dessa oportunidade para tentar intervir na realidade brasileira em busca do progresso da nação. Entre as publicações literárias apareciam as séries de crônicas com textos curtos de tom humorístico que abordavam temas cotidianos. Uma dessas séries é “Macaquinhos no Sótão”, que foi publicada entre 1886 e 1889. Sob o pseudônimo José Telha, Ferreira de Araújo denuncia situações insanas que acontecem no Brasil. Entre os temas discutidos por ele está a escravidão. Neste texto, discuto a importância de “Macaquinhos no Sótão” para a compreensão da década de 1880 como momento de inquietação social e disputas em torno da monarquia e da escravidão.

                                                                                        

2 – ARIELLE FARNEZI SILVA

Mulheres, Teatro e Abolição: Uma análise das crônicas de Arthur Azevedo no Diário de Notícias

Na década de 1880 a educação recebida pelas mulheres era um assunto que estava sendo levado a sério pelos principais intelectuais do momento. Em 1881, o Liceu de Artes e ofícios do Rio de Janeiro (que oferecia aulas de desenho, arquitetura, inglês, música, história da arte, entre outras matérias) que até então só admitia alunos do sexo masculino, passou a aceitar o ingresso de mulheres. A partir disso, a boa educação feminina passou a ser vista como uma necessidade social por homens como Machado de Assis e Arthur Azevedo. Este artigo tem como intuito analisar a educação recebida por aquelas mulheres por meio da seção de crônicas “De Palanque” – escrita por Arthur Azevedo sob o pseudônimo Eloy, o Herói – presentes no periódico Diário de Notícias. O Diário de Notícias foi um jornal informativo, que circulou no Rio de Janeiro entre junho de 1885 a setembro de 1895. Era um jornal dedicado ao grande público, porém o narrador dedica algumas crônicas exclusivamente às mulheres possibilitando selecionar o que ele julgava ser do interesse do público feminino. Além disso, pretendo perceber como Eloy, o Herói conversava sobre abolição e política com seu público e – pensando que o jornal cumpria naquele momento o papel de civilizar o povo – como ele tentava intervir na realidade daquelas pessoas. Para aquele cronista, o teatro era a forma mais eficaz de educar o povo, por isso os palcos fluminenses aparecem frequentemente no “De Palanque”.

3 – MARIA LUZIA ALVES BRITO

A República contada a cada semana: crônicas machadianas na consolidação do sistema republicano brasileiro.

O presente trabalho apresenta uma análise do primeiro ano da série de crônicas “A Semana”, publicada por Machado de Assis, no jornal Gazeta de Notícias. A série tratou dos principais acontecimentos do início do período republicano brasileiro e diz muito sobre as aspirações do literato acerca do modelo de República que se desejava e quais os empecilhos para alcançar esse projeto. Neste trabalho, pretendo analisar quais as principais características desse modelo e como era visto o novo regime pelo narrador, além de compreender como pretendia intervir na sociedade oitocentista, partindo da série, e quais os diálogos que a série estabelece com outros textos da época, especialmente com o próprio jornal.

4 – RAIANA VINHAL ROCHA e THAÍS MICHELLY CASSIANO GOUVÊA

Relevância Histórica da Obra “Os Sertões”

O presente trabalho tem o intuito de analisar a importância histórica da obra “Os Sertões” de Euclydes da Cunha. Pretende-se evidenciar a visão da época referente às diferentes “raças” que formaram o povo brasileiro, especialmente o sertanejo, que protagonizou o episódio narrado na obra. Com a República recém instaurada, o livro funciona como um instrumento para escancarar uma realidade extremamente negligenciada dentro do território nacional. Ele expõe uma denúncia clara à atuação do governo durante a Campanha de Canudos e revela uma mudança pragmática do próprio autor com relação à personalidade dos sertanejos.

A obra foi escolhida por revelar a verdade por trás do episódio e ter um reflexo na mentalidade da sociedade ainda em período próximo ao acontecido. Além disso, se trata de uma das fontes históricas mais completas no que diz respeito à matéria apontada. Para tanto, dissecaremos a obra com um foco especial na segunda e terceira partes do livro ‒ “O Homem”, em que o autor discorre acerca da formação étnica do povo brasileiro, e “A Luta”, momento em que ele narra as expedições. Dessa forma pretendemos extrair parte do paradigma vigente na época partindo de trechos do livro capazes de evidenciar essa realidade.

A partir do trabalho é possível concluir, com base na obra, que havia, difundida na mentalidade da população, uma visão equivocada acerca da formação e suposta evolução das raças. Vigia, então, o determinismo étnico, que acreditava na superioridade de uma etnia sobre a outra e repudiava a miscigenação entre as raças por acreditar que assim deixariam de ser puras, além de trazer certa instabilidade. No decorrer da obra, o próprio autor, a princípio adepto desse pensamento, gradativamente reconhece a força do sertanejo.

5 – ANA FLÁVIA TOSTA CARDOSO

Literatura e Direito: uma análise jurídico-social à partir de Capitães da Areia

A história em âmbito jurídico faz-se necessária para fornecer, em consonância com o jurista, uma consciência crítica. A história do direito pretende, por sua vez, obter uma visão global e ampla do fenômeno jurídico. O direito não é uma ciência estanque, isolada das demais, não se admite atualmente a teoria pura Kelseniana. Assim, o Direito deve ser estudado em conjunto com os demais valores e ciências, em regra, as sociais, como a literatura e a história.

Dito isso, este resumo é um recorte de uma pesquisa acerca dos discursos políticos do escritor Jorge Amado nas décadas de 1930/40, por meio de suas obras literárias publicadas. Neste período, ocorria a transição da República Velha, a chamada República do Café com Leite, momento no qual o controle do país estava nas mãos dos estados do Sudeste, mais precisamente São Paulo e Minas Gerais, para o Estado Novo. Uma época de grande eclosão de movimentos sociais e revoluções, tanto no campo político-social quanto legal. Far-se-á uso da literatura como fonte principal de análise do contexto histórico, posto que as obras do citado autor trazem grande carga crítica da época em que são produzidas.

Ainda que a pesquisa abarque o total de 17 obras do referido autor, o foco deste resumo será uma única obra, “Capitães da Areia”. Publicada em 1937, Capitães conta a história de um grupo de meninos de rua, liderados por Pedro Bala, que roubam para sobreviver na capital da Bahia. Toda a desigualdade política e social que hoje podemos observar ao nosso redor tem similaridades e provável emergência nessa época, em que os meninos infratores eram enviados para reformatórios e, por mais que tais locais fossem alvos de denúncias por maus tratos e outros abusos, eram aclamados pela alta sociedade de então. Todo este contexto, gerava, à medida que esses menores cresciam, uma insatisfação com o sistema político, levando-os a participar de grandes movimentos que, em sua maioria, resultavam nas suas prisões por cometerem delitos de cunho penal e político. Algo muito similar ao que nos dias de hoje vemos nos jornais ou redes sociais.

Busca-se, portanto, compreender a crítica à relação entre o Direito e os movimentos sociais da época para construir, por ela inspirados e a partir de considerações sobre continuidades e rupturas desde então, um olhar mais abrangente sobre esta mesma relação no Brasil contemporâneo.

6 – LEANDRO ANTÔNIO DOS SANTOS

Nelson Rodrigues: Moralista ou Liberal?

A fonte literária nos oferece perceber a amplitude do conflito social de determinada realidade histórica. Ela recorta o momento sociocultural é permite interpretar a sociedade a partir de elementos decisivos para seu entendimento como as sensibilidades, cotidiano, cidade, família e a sexualidade. O papel dos escritores que produzem suas narrativas está na capacidade de interferir na realidade social da qual o mesmo faz parte e participa. Nelson Rodrigues nos coloca em contato com sua narrativa ficcional a possibilidade de entender tanto a realidade social que o cerca como a sua personalidade fruto dessa mesma realidade. Do ponto de vista extrínseco capta as contradições de seu tempo principalmente em relação ao início dos anos 50 quando mudanças comportamentais ditadas pela dinâmica social repercutem de forma direta na moralidade familiar burguesa e nos padrões de comportamento social. Nota-se a presença de temporalidades históricas em conflito em sua maneira de entender o mundo. Do ponto de vista intrínseco coloca as contradições latentes de sua personalidade quando apresenta uma contradição que sempre acompanhou sua vida e obra: a sua identificação com os valores da Belle Époque ou dos Anos Dourados? A contradição é um dado aparente em sua obra de forma implícita e que cabe ao leitor perceber na leitura atenta de seus escritos mais diversos que Nelson Rodrigues está numa situação de fronteira entre uma sociedade moralista burguesa e liberal, está marcada pelas transgressões. Por isso observa-se uma postura por vezes dúbia em relação ao seu tempo, e vêm a seguinte indagação: qual são os limites das representações sociais de Nelson Rodrigues em relação às relações amorosas da década 1950? Nelson Rodrigues em seus escritos (no caso aqui analisados são os contos/crônicas, as memórias jornalísticas e sua biografia mais recente elaborada a partir de suas entrevistas) está mais identificado com a sociedade burguesa que padroniza os papéis sociais ou reflete perante uma postura liberal da realidade social brasileira? Essa investigação é norteada pela Nova História Cultural que permite refletir sobre o papel das representações e práticas sociais como esteios do entendimento da vida. É do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg que por meios das pistas, indícios e sinais permite perceber uma sociedade a partir de suas singularidade e diversidade.

7 – ANNA CAROLINA CARRIJO GUIMARÃES

Murilo Rubião: o duplo insólito na literatura brasileira

A necessidade de se criar uma identidade nacional, engendrada não só em instituições, mas também constituída na simbologia, fez com que a literatura brasileira percorresse um caminho peculiar, desde sua formação. Na tentativa de se criar símbolos que instituam e representem o nacional, essa literatura tomou para si o compromisso de expressar esteticamente a “cor local”, mantendo sempre um sentimento de autoafirmação, lastreado no jogo de identificação e oposição ao “outro”: a literatura brasileira é tão boa quanto as demais ou a literatura brasileira é o que as outras não são.

Esse sempre retorno ao traço brasilidade institui uma literatura por vezes pautada na investigação do local, na pesquisa, na documentação, o que aponta para uma história literária que não tem como prioridade os jogos profundos de imaginação. Nesse sentido, não é de se estranhar o fato de a literatura fantástica ter sido pouco explorada no Brasil, ao contrário de como foi em outros países da América Latina.

O terreno do não-sentido, o insólito, o medo do desconhecido causam ao homem um sentimento de “estranheza inquietante”, que, ao mesmo tempo que o perturba, o move a uma necessidade de interpretação do que foge a uma ordem pré-estabelecida, construída para ser percebida como natural. Nesta feita, parte da literatura produzida na América Latina no século XX apresentou a cisão inconciliável no fantástico entre o mundo real e o imaginário, levando os leitores ao “confronto” entre efeitos de real produzidos na verossimilhança com efeitos de fantasia produzidos na ocorrência do absurdo. Desse confronto sempre emerge um homem esvaziado de significação, perplexo, sem lugar em qualquer uma das ordens (real ou imaginária).

Representando figura destoante nas letras nacionais, temos Murilo Rubião – o insólito na literatura brasileira. Pouco preocupado com questões de nacionalidade, Rubião fez de sua literatura instrumento para a retórica do absurdo, em que o não-sentido predomina com uma naturalidade ímpar.  Dialogando sem nenhuma intenção com Kafka e Borges, podemos dizer que esse autor é um dos grandes expoentes da rara literatura fantástica no Brasil. Nesta medida, o escopo deste trabalho é discutir a presença da narrativa fantástica de Rubião em contexto tão adverso a esse tipo de literatura, apontando a genialidade do autor na arte de meta-significar o real por meio da ocorrência da irrealidade.

 

QUINTA-FEIRA: 11/06/15

Mesa 02 – Sonhos e memórias labirínticos: a literatura na América Latina 

9- ROMÁRIO RAFAEL PEREIRA e ANA CAROLINE FERNANDES TAVARES

A Literatura como Instrumento de Desenvolvimento Social na Construção da Mentalidade Latino-America

O seguinte trabalho destina-se a propor uma reflexão sobre os conceitos de cultura, mostrando sua complexidade e importância no desenvolvimento social, tanto em quesitos individuais, como em coletivos. O homem como agente transformador de seu tempo, usa de sua cultura para manter vivos seus preceitos primordiais e imprescindíveis.  A literatura, como agente de cultura e sociabilidade, conduz o homem para vencer as barreiras do tempo, sendo percussora de transformação.

Ao tratar de literatura, percebemos que existe uma ponte cultural entre os países. Essa ponte acaba a destacando, dentre outras manifestações existentes, expressas por meios tecnológicos, relações pessoais, ações artísticas, ou religiosas. Os indivíduos, como seres éticos, são, portanto, transmissores e receptores de cultura, está trazendo pontos de vista particulares de uma sociedade, mostrando assim como está se organiza.

Fundamentando então nossas afirmações, iremos, acima do tema proposto, mostrar qual seria a importância que a literatura tem no processo de construção da mentalidade social. Quando pensamos em literatura, não nos fixamos apenas às obras, também vendo o papel que os escritores em questão tiveram para tal construção. Basearemos nossos estudos com conceitos escritos pelos antropólogos Edward Adamson Hoebel e Everett L. Frost, em “Antropologia Cultural e social”. Essa reflexão sobre a o processo literário como chave para a manutenção das mentalidades latino-americanas será feita tendo em vista escritores de suma relevância para o processo de concretização cultural de seus países, sendo estes: O brasileiro João Guimarães Rosa, por meio de seus contos, expressos em “Sagarana”, ou em sua obra “Grande Sertão: Veredas”, e o colombiano Gabriel José Garcia Márquez, em sua obra “Cem anos de solidão”.  Veremos como suas obras relatam a sociedade em que estavam vivendo, e como está a recebeu, fazendo um aparato da vida e obra de tais escritores, trazendo em discussão assuntos que esclarecerão como a literatura influencia a manutenção da memória, ou até mesmo a criação da mesma.

10 – PAULA GOULART SANTOS

Interseções literárias e históricas – Uma análise nada literal de “O Sonho do Celta” de Mario Vargas Llosa.

O livro O Sonho do Celta de Mario Vargas Llosa, lançado em 2013, nos conta a história de Roger Casement, irlandês que vive em Londres e trabalha para a Coroa Britânica como Cônsul. Aventureiro e defensor dos homens que, considerados inferiores aos europeus, são explorados e violentados pelos seus “conquistadores”, a vida de Casement é narrada a partir de seus últimos dias de vida, acusado por traição, após juntar-se aos “rebeldes” que lutavam pela emancipação irlandesa do subjugo inglês, morre sozinho e sem o antigo prestígio. O enredo do livro se faz rico, desconcertante e valioso, a narrativa de Llosa e a organização do enredo nos instiga e aproxima-nos do personagem em questão. Tal romance que descrevemos neste, é apresentado pela mídia, pesquisadores, críticas como um “romance histórico”, e a justificativa para tal definição é baseada na utilização de fatos reais para a produção da obra literária, o que é antecedida pela pesquisa histórica. Estes conceitos são utilizados como pontos que diferenciam este de outros vários romances – mas seria esta a questão principal? Assim como na narrativa de Llosa, Casement é julgado pela Coroa Britânica, tornando seus atos de denúncia contra a violência da colonização, irrelevantes, definir este romance como histórico poderia ser julgá-lo a partir de uma premissa que se aproxima da noção verdade/mentira, real/falso valorizando a realidade perante o “falso” do literário? Seria este o caminho para compreender o papel deste romance, como de vários outros, no mundo? Compará-lo e definí-los por aproximação para com a noção de história real, aquela que realmente ocorreu não seria um julgamento pobre, opressor da arte e definidor de limites para ambos os lados? Utilizando da noção apresentada por Marthe Robert sobre a liberdade do romance especificamente e a noção de literatura como uma “estranha instituição”, a partir de Derrida, buscamos compreender esta encruzilhada na qual se encontra o debate sobre a relação história-literatura. Posterior a esta definição adentramo-nos em terrenos menos perigosos, ou não, analisando o livro O Sonho do Celta tendo como base teórica os caminhos definidos anteriormente, apresentamos a noção de história inserida na literatura, mas que não promova o julgamento de forma inferior da liberdade do romance de ser. Assim sendo a proposta desta jornada, a fuga da literalidade das análises, o encontro com novos caminhos, não tão óbvios, que dinamizem o “lugar”, se é que este existe de uma forma fixa, tanto da literatura quanto da história, a partir da própria análise da primeira.

Mesa 03 – Desfazendo as teias de Clio: algumas considerações sobre o uso da Literatura pela História

 

11 – VINÍCIUS ALEXANDRE ROCHA PIASSI

O pensamento bachelardiano acerca da criação literária: propostas para uma reflexão sobre os usos da literatura como fonte histórica

Este trabalho se propõe a discutir as proposições do filósofo francês Gaston Bachelard (1884-1962) acerca da criação literária e poética e deslindar suas possíveis implicações para a interpretação histórica de produções literárias. Embora não se trate de um método nem de uma referência teórica para analisar a literatura, a perspectiva de Bachelard oferece possibilidades para se repensar a prática da análise literária, problematizada a parir da discussão de exemplos empregados pelo autor para demonstrar a aplicação de seus procedimentos. A partir do conceito de ritmanálise, por exemplo, o autor oferece elementos para analisar a dinâmica própria e as imagens complexas das produções literárias, especialmente a poesia, utilizando noções que possibilitam apreender as articulações entre diferentes ritmos, imagens e temporalidades na escrita literária. Na elaboração do conceito de poético-análise, por outro lado, Bachelard remonta à ideia de verticalidade da linguagem poética, compondo um dimétodo a partir da conjunção de princípios metodológicos da fenomenologia e da psicanálise que oferece elementos para explorar a tensão entre o legado da tradição mítica e a singularidade das imagens poéticas nas produções literárias, ao mesmo tempo em que relativiza estes termos. Para discutir tais conceitos, é necessário deslindar alguns aspectos principais da obra bachelardiana, como a centralidade do instante e a relevância da imaginação material e dinâmica no trabalho de criação literária e poética. Destaca-se, nesse sentido, como a noção de Bachelard sobre imagens poéticas difere radicalmente de uma ideia de representação, tendo em vista sua recusa em buscar justificação para as imagens poéticas no âmbito da realidade sensível. Demarca-se, ainda, sua ruptura com o racionalismo científico em função da proposta de elaborar uma filosofia da poesia que possibilite uma compreensão mais apurada de aspectos do ato de criação poética, para os quais considera os pressupostos de um racionalismo filosófico-científico insuficientes, considerando que, segundo o autor, a objetividade científica encerra um nível de instrução do qual se abole a dimensão onírica da literatura. Pode-se questionar se tal perspectiva é válida para a pesquisa histórica, mas, pelo menos, há de se reconhecer sua pertinência para se repensar os fundamentos das abordagens historiográficas que restringem a literatura ao estatuto de fonte, negligenciando outras potencialidades que o pensamento bachelardiano permite entrever.

12- CLEBER VINICIUS DO AMARAL FELIPE

A “literatura” portuguesa dos séculos XVI-XVII: algumas imprecisões conceituais

Pretende-se discorrer sobre algumas ferramentas teóricas e metodológicas que possibilitam uma leitura verossímil de escritos portugueses dos séculos XVI-XVII. Para tanto, convém destacar as diferenças entre os códigos linguísticos comuns a esta época, orientados conforme os preceitos da retórica (sobretudo aristotélica) e pautados em um modelo de história exemplar (historia magistra vitae), e a “literatura” propriamente dita, pensada como registro ficcional dotado de autonomia estética. Para pensar a literatura como “fonte histórica”, portanto, é preciso ponderar sobre as imprecisões deste conceito.

13 – LUCAS MARTINS FLÁVIO

Subvertendo a História: a máquina do tempo de Philip K. Dick

Em 1962 Philip Kindred Dick lançava O Homem do Castelo Alto, obra na qual questionava profundamente a condição de realidade quando confrontada com o passado. Lembrando o trabalho realizado pela personagem Winston Smith em 1984, do inglês Eric Arthur Blair, que consistia em reescrever velhos noticiários de modo que o passado não confrontasse o presente, Dick apresenta aos seus leitores um universo alternativo no qual o curso recente da História teria sido diferente do qual tomamos como “verdade”: as potências do Eixo saíram vitoriosas. O autor questiona o significado do passado através de objetos históricos e, buscando uma sensação de imersão profunda nesse cenário alternativo, mistura deliberadamente ficção com realidade, de modo que até o leitor mais atento se confunda. Evidentemente, Dick não estava interessado em arguir que os nazistas haviam ganhado a guerra sem que ninguém houvesse, até então, percebido. No entanto, o autor experimentou, neste romance, jogar com as possibilidades de controlar o tempo, função literária muito explorada por autores da Ficção Científica. Deixando de lado a busca das intenções do autor, mas destacando que Dick tem certo controle sobre sua comunicação e mantendo-o em seu tempo, pode-se procurar entender a desconfiança nas estruturas de entendimento do tempo e da realidade, as quais o autor transparece em toda sua obra, e que leva diretamente à perda de sentido e ao “fim da História”.

 

Atividades da Manhã: Inscrições Encerradas

Encerradas as inscrições para os minicursos, oficinas e cine debates.
Lembrando aos inscritos que as atividades ocorrerão de 08 a 12 de junho, na Universidade Federal de Uberlândia das 08:00 às 12:00 horas.

Obs: Algumas oficinas, minicursos e cine debate possuem limite de inscrições, conforme publicado anteriormente o critério de seleção, caso ultrapasse o número estipulado pelo coordenador, será a ordem da lista gerada pelo Google planilhas.

Atenciosamente,
Comissão Organizadora.

Locais dos Minicursos, Oficinas e Cine Debates.

 LOCAL Terça Quarta Quinta Sexta
Laboratório de Ensino e Aprendizagem em História (LEAH)
Intervenções Urbanas Feministas
História das Artes Marciais Chinesas: tradição, memórias e modernidade
AUDITÓRIO 5OB A Segunda guerra mundial, falas, discursos políticos, e uma guerra que mudou o mundo O uso da Internet como fonte de pesquisa historiográfica: usos e desusos.
AUDITÓRIO 5OD Leituras sobre o tratado político (1715) de Sebastião Rocha Pita “Libertárias”
AUDITÓRIO 5OE Introdução à história da filosofia anarquista: pensadores, correntes e conceitos do anarquismo e sua contemporaneidade. Indomables: una historia de Mujeres Libres Utopia na televisão norte-americana da década de 1960: o impacto cultural e político do seriado Star Trek no século XX
AUDITÓRIO 5OF Interfaces entre história e direito: metodologia da historiografia penal no Brasil O anarquismo na Grécia: uma história recente Educação Libertária: aspectos teóricos e experiências históricas
AUDITÓRIO 50G Violência Simbólica, a violência além da agressão física Inquisição Moderna: história, contextos e possibilidades de pesquisa Memórias em perspectiva cinematográfica: a ditadura através das lentes de Lúcia Murat
AUDITÓRIO 5OH Representações sobre o povo negro no filme documentário: Quanto vale ou é por quilo? As múltiplas faces da educação sentimental: Lição de Amor (1975) e Sob a Pele (2014) Os Discursos Marginais da Literatura no Brasil Modificações Corporais: olhares e sensibilidades contemporâneos
AUDITÓRIO 5OC Educação em Direitos Humanos e Ensino de História: práxis que deformam o ambiente escolar
OFICINA FORA DOS AUDITÓRIOS (Sala 1H55 e Centro Acadêmico História – CAHIS) Stencil em camisetas
O Movimento Pixo, a cultura por trás da pixação

Datas Importantes para a Organização dos Grupos de Trabalhos

DATAS IMPORTANTES PARA ORGANIZAÇÃO DOS GT’S

 

Período de inscrição para apresentar trabalho

(Feito diretamente com os coordenadores de gt, via email)

 

 

02/05 a 30/05

Data limite para enviar a relação dos trabalhos aceitos para apresentação

(enviar o material para o email sdhufu@outlook.com )

 

 

02/06

Divulgação dos trabalhos aceitos

(sob responsabilidade da organização)

 

03/06

Data limite para o envio das cartas de aceite

(sob responsabilidades dos coordenadores)

 

 

03/06

Data limite para envio do texto completo, para os interessados em publicação em anais

(Feito diretamente com os coordenadores de gt, via email)

 

 

26/06

Data limite para o envio dos textos completos, para publicação nos anais  

28/06